COMPARAÇÃO DE NÍVEIS DE CÁDMIO E COBRE EM SOLOS DAS CIDADES RIACHÃO, CAROLINA E BALSAS CERRADO SUDOESTE DO MARANHÃO EM ÁREAS NATURAIS E ANTRÓPICA

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Ambiental

Autores

Silva, B.S. (CESI-UEMA) ; Nascimento, J.M. (CESI-UEMA) ; Chaves, M.D. (CESI-UEMA) ; Nascimento, B.L.M. (CESI-UEMA) ; Oliveira, J.D. (CESI-UEMA) ; Sousa, J.R.P. (CESI-UEMA)

Resumo

Este trabalho objetivou avaliar a concentração de Cd e Cu em solos das cidades de Riachão, Carolina e Balsas localizadas no cerrado do sudoeste maranhense nas frações biodisponiveis e totais em áreas naturais e antropizadas, afim de avaliar a influencia da antropização nas concentrações dessas frações. Os resultados obtidos permitiram inferir que as ações antrópicas interferiram nas concentrações de Cd e Cu.

Palavras chaves

solo; cerrado maranhense; biodisponibilidade

Introdução

O teor natural, mobilidade e biodisponibilidade dos metais potencialmente tóxicos (MPT) nos solos vêm sendo determinados para várias regiões brasileiras, porém muito pouco tem sido investigado para a região dos Cerrados (MARQUES et al., 2004). Os elementos cobre (Cu) e cádmio (Cd), normalmente encontram-se associados à poluição, à contaminação e toxidade. No entanto, o Cu é essencial aos seres vivos e por atender aos critérios de essencialidade para as plantas, é classificado como micronutriente. Apesar disto, este elemento, quando presente em altas concentrações no solo pode apresentar caráter tóxico. O Cd, por sua vez, é considerado um elemento potencialmente tóxico para homens, animais e plantas. De acordo com a literatura as concentrações médias dos elementos no solo são muito variadas. Tal variação é resultado da aplicação ao solo de pesticidas, fertilizantes orgânicos e inorgânicos, corretivos (AMARAL, SOBRINHO et al., 1992; ADRIANO; ALLOWAY, 1995; ARIAS et al., 2005), e, mais recentemente, da aplicação de resíduos domésticos e industriais em decorrência do crescente interesse pela sua utilização na agricultura (OLIVEIRA e MATTIAZZO, 2001; OLIVEIRA et al., 2002; McBRIDE; 2004).O trabalho realizado tem por vista determinar as concentrações do íons metálicos Cd e Cu, a fim de verificar os possíveis impactos decorridos no cerrado sudoeste maranhense.

Material e métodos

As amostras são provenientes do Banco de Dados do Projeto Fauna de Califorídeos e Sarcofagídeos na zona fitogeográfica do estado do Maranhão, desenvolvido pelo grupo de pesquisa do laboratório de zoologia do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz- UEMA, em parceria com o laboratório de invertebrados do Instituto de Ciências Biológicas- UFPA. A escolha das áreas antropizadas foi baseada na presença de impactos antrópicos decorrentes de desmatamento para plantação de pastagem e pela ocorrência de gado e bubalinos. A coleta e preservação das amostras seguem métodos proposto pela EMBRAPA (1979). Aproximadamente de 0,5 g dos solos foi transferida para um balão de Kjedhal em bloco digestor, foram adicionados ácido nítrico e clorídrico numa proporção 3:1(v/v) (15 : 5 mL). A mistura foi deixada em repouso durante a noite e decorrida esse tempo, procedeu- se a mineralização da mistura (160° C). Após resfriamento, adicionou-se 2 mL de H₂O₂ (30 %). Após a digestão o conteúdo do balão, foi a filtrado em papel de filtro quantitativo e transferido para balões volumétricos de 50 mL, e o volume completado com uma solução de Cloreto de Cálcio 0,1 mol L^-1. Na determinação biodisponível pesou-se aproximadamente 1 g solo seco em um erlenmeyer de 250mL, em seguida adicionou-se 25 mL de HCl 0,1 mol L^-1 e submeteu-se a mistura à agitação, por 2 horas com aquecimento. Completado o tempo a suspensão foi deixada em repouso, sendo, em seguida, filtrada em papel de filtro quantitativo, e o volume completado com uma solução de Cloreto de Cálcio 0,1 mol L^-1. As determinações dos metais todas as análises foram feita em triplicata. Os teores de Cd e Pb foram determinados por espectrometria de absorção atômica (FAAS) AA240.

Resultado e discussão

Os resultados obtidos para metais totais e biodisponiveis dos íons Cd2+ e Cu2+ são considerados relativamente baixos, segundo o Decreto-Lei n.º 276/2009.Quadro N°1. No gráfico 1, estão representados o valores de metais biodisponiveis e totais para Cd 2+ , pH e Matéria Orgânica, para as áreas antrópicas e naturais. Os valores para as áreas antrópicas foram maiores, isso torna-se perceptível quando visto os valores percentuais referente igual a 33, 12,5 e 40 (%) para metais biodisponiveis e de 400, 83, 194 (%) para metais totais, nas respectivas cidades: Riachão, Carolina e Balsas. Esse comportamento pode estar relacionado ao teor de matéria orgânica que é 15,8% maior na área antropizada. Permitindo a inferir a influência dos ligantes orgânicos na formação de complexo cádmio-ligante orgânico, com isso aumentando a retenção e evitando a lixiviação.No gráfico 2 estão representados os valores de metais biodisponiveis e totais para Cu2+, pH e Matéria Orgânica para as áreas antrópicas e naturais. Os resultados indicaram que a concentração de Cu2+ fração total e biodisponivel foram maiores nas áreas naturais nas cidades de Carolina com 212% e 186 % e em Balsas com 60% e 167 % respectivamente . Já na cidade de Riachão, a fração total e biodisponivel foram maiores na área antrópica com percentual de 1.383 % para metais totais e 738 % para metais biodisponiveis. Esse comportamento indica que outros fatores além da matéria orgânica e pH estão influenciando no processo de lixiviação e/ou adsorção das espécies metálicas estudas.

Valores de metais biodisponiveis e totais para Cd 2+, pH e Matéria Orgânica para as áreas antrópicas e naturais.


Valores de metais biodisponiveis e totais para Cu 2+, pH e Matéria Orgânica para as áreas antrópicas e naturais.

Conclusões

De acordo com os resultados preliminares, pode-se entender que, as interações ou ações antrópicas existentes nos solos das cidades estudas alteram os padrões naturais do solo tornando-os mais ácidos e alterando a matéria orgânica com maior capacidade adsorção par íons Cd2+ e Cu2+. De modo geral, há necessidade da investigação de outros parâmetros físico-química para um melhor entendimento da dinâmica do Cd e Cu nesta região.

Agradecimentos

CESI-UEMA, FAPEMA

Referências

AMARAL SOBRINHO, N. M. B.; COSTA, L. M.; OLIVEIRA, C.; VELLOSO, A. C. X. Metais pesados em fertilizantes e corretivos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.16, p.271-276, 1992.

BRASIL. MINISTÉRIO DO AMBIENTE, DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO E DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL. Decreto-Lei n.º 276/2009, de 2 de Outubro, Diário da República, 1.ª série — N.º 192 — 2 de Outubro de 2009.

MARQUES, J.J.G.S.M.; SCHULZE, D.G.; CURI, N.; MERTZMAN, S.A. Trace element geochemistry in brazilian Cerrado soils. Geoderma, n.121, p.31-43, 2004

OLIVEIRA, F. C.; MATTIAZZO, M. E.; MARCIANO, C. R.; ABREU JUNIOR, C. H. Movimentação de metais pesados em Latossolo adubado com composto de lixo urbano.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.37, n.12, p.1787-1793, 2002.