ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ambiental
Autores
Oliveira, G.K.G. (IFRO) ; Sales, S.B. (IFRO) ; Sousa, B.A. (IFRO) ; Lopes, A.G. (IFRO) ; Mendonça, A.P. (IFRO) ; Zan, R.A. (IFRO)
Resumo
A importância da água na vida humana é evidente em todos os aspectos, a disponibilidade e o acesso à água potável estão se tornando escassos devido ao mau uso, aumento populacional, contaminação dos mananciais e desperdícios exacerbados. A demanda de água destilada no laboratório de Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Câmpus Ji-Paraná é considerável e o processo de destilação tem como consequência um enorme desperdício de água tratada. Após análises qualitativas físico-químicas e quantitativas para averiguar a magnitude do desperdício, verificou-se a necessidade de se desenvolver um projeto, com a colaboração de professores e alunos do curso Técnico em Floresta da referida instituição, utilizando a água de descarte na irrigação de plantas.
Palavras chaves
Recursos hídricos; Sustentabilidade; Destilação
Introdução
A água ocupa aproximadamente 75% da superfície da Terra e é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva, integrando aproximadamente dois terços do corpo humano e atingindo até 98% em certos animais aquáticos, legumes, frutas e verduras (LIBÂNIO, 2008). A evolução histórica do uso da água no meio ambiente está diretamente relacionada ao desenvolvimento do setor urbano, industrial e agrícola, pois tornou fator limitante para esse desenvolvimento. Logo, é um elemento importantíssimo para a sustentação da vida, e é também imprescindível ao desenvolvimento socioeconômico. Em um estudo sobre o processo de escassez no mundo DETONI e DONDONI (2007) relata que a agricultura consome 73% da água disponível no mundo para irrigação, 22% é consumido pela indústria e somente 5% é utilizado para fins domésticos. A demanda de água utilizada na agricultura é consideravelmente elevada em relação aos outros setores consumidores. A nutrição mineral é essencial para o crescimento e o desenvolvimento das plantas, tendo importância capital, tanto na ciência básica como na ciência aplicada (BONATO et al., 1998). Neste cenário, o substrato se destaca por apresentar as funções básicas de sustentação da planta e o fornecimento de nutrientes, água e oxigênio (GONÇALVES, 1995). A fertirrigação permite manter a disponibilidade de água e nutrientes próxima dos valores considerados ótimos ao crescimento e à produtividade da cultura (FERNANDES et al., 2002). Durante o processo de destilação há um acúmulo de sais dissolvidos na água descartada, nesse contexto o trabalho propôs uma pesquisa para verificar a viabilidade de reutilizar a água desperdiçada no processo de destilação em irrigações de viveiro, de modo a minimizar os desperdícios.
Material e métodos
A pesquisa consistiu na análise quantitativa e qualitativa da água a ser reutilizada e a avaliação de plântulas da espécie Freijó (Cordia goeldiana Huber), submetidas a dois tratamentos, analisadas em triplicata no período de 30, 60 e 90 dias, dez mudas de cada tratamento para cada mês, foram irrigadas com água de descarte e água de abastecimento público da cidade de Ji-paraná-RO. Foram realizadas análises físico-químicas da água de descarte. As coletas e as análises seguiram a metodologia descrita no Manual Prático de Análise de Água – FUNASA embasado no Método para as Análises de Águas Potáveis e Residuárias – Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995). A Resolução da Portaria 2914/MS foi utilizada para estabelecer os valores máximos dos parâmetros. Os aspectos morfológicos externos foram avaliados por apresentarem diretamente ou indiretamente influência no desenvolvimento e crescimento das plantas a diferentes tratamentos hídricos, nesse caso de estudo.
Resultado e discussão
Foi possível identificar a qualidade da água de descarte através das análises
físico-químicas realizadas em laboratório, e esta se encontra com os parâmetros
analisados de acordo com a legislação em vigor, sendo assim, pode-se classificar
a água apropriada para o uso. Os resultados das análises físico-químicas e os
valores máximos permitidos pela resolução do Ministério da Saúde segundo
PORTARIA 2914/11 estão apresentados na Tabela 1 .
Com relação ao descarte de água tratada pelo processo de destilação, as análises
quantitativas evidenciaram que, aproximadamente 720 litros de água são
desperdiçados semanalmente para produzir 40 litros de água destilada, que é a
quantidade necessária para suprir as necessidades do laboratório, portanto a
análise quantidade mostra a magnitude do desperdício de água.
A tabela 2 apresenta a média dos resultados biométricos realizados com a água
de descarte e a água da torneira, já utilizada, no cotidiano, para irrigação,
nos meses de março, abril e maio de 2013. Os resultados mostram que houve
diferenças na evolução das plântulas no que diz respeito aos valores médios dos
parâmetros: número de folhas, altura, raiz, caule e no peso seco das folhas, já
a média do diâmetro da altura do colo (DAC) é maior para o tratamento com a água
da torneira, esse valor é caracterizado a nódulos apresentados no caule das
mudas analisadas.
Estes resultados são decorrentes da água descartada ser rica em minerais quando
comparadas a água da torneira, haja vista que, com a destilação, há um acumulo
de sais dissolvidos na água que é descartada durante o processo. Assim, essa
água pode suprir as necessidades minerais das plantas, pois elas necessitam de
minerais para desempenhar suas atividades metabólicas.
Resultados e comparações para as análises físico- químicas da água.
Média da biometria trimestral das mudas de Freijó.
Conclusões
Analisando os dados obtidos do monitoramento do desenvolvimento das mudas de Freijó constatou-se que a água descartada é apropriada e pode suprir as necessidades minerais das plantas para desempenhar suas atividades metabólicas. Ficou evidente que a água descartada pode ser reutilizada sem causar danos e ainda minimizar desperdícios desse recurso valioso. A água antes desperdiçada poderá servir para irrigar as plantas do espaço físico da instituição e os viveiros de projetos do curso Técnico em Floresta do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, Câmpus Ji-Paraná.
Agradecimentos
Ao IFRO pelo apoio financeiro ao projeto no âmbito de bolsas e investimento PIBIC.
Referências
AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION (APHA). Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater. 19 ed. USA, 1995.
BONATO, C. M. et al. Nutrição mineral de plantas. Maringá: UEM, 1998. Disponível em: < http://www.dbi.uem.br/aposti1.pdf > Acesso em: 18 Jul. 2014.
BRASIL. Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011. Ministério da Saúde. Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade.
DETONI, T. L.; DONDONI, P. C. A. Escassez da água: um olhar global sobre a sustentabilidade e a consciência acadêmica. Revista Ciências Administrativas. v 14, n 2, 2008.
FERNANDES, C.; ARAÚJO, J.A.C.; CORÁ, J.E. Impacto de quatro substratos e parcelamento da fertirrigação na produção de tomate sob cultivo protegido. Horticultura Brasileira. Brasília, v. 20, n. 4, p. 559-563, dez. 2002.
GONÇALVES, A. L. Substrato para produção de mudas de plantas ornamentais. In: Minami, K. (org.). Produção de mudas, alta qualidade em horticultura. São Paulo: Queiroz, p.107-116, 1995.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidades e tratamentos de água. 2 ed. Campinas: Editora Átomo, 2008.