ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Ambiental
Autores
Zanato, A.F.S. (UFMT) ; Andrade, R.L.T. (UFMT) ; Schneider, R.M. (UFMT) ; Almeida, F.T. (UFMT)
Resumo
O presente trabalho ocorreu em parceria com o Escritório Regional de Saúde de Sinop (ERSS), Mato Grosso, onde se realizou por meio de visita in loco o georreferenciamento e a identificação das possíveis fontes potencialmente contaminantes nas proximidades dos poços subterrâneos pertencentes às redes de distribuição de água tratada para consumo humano. Os resultados demonstram que 88% dos poços de captação estão localizados próximos de fossas sépticas, então, sugere-se o monitoramento microbiológico, de hidrocarbonetos e nitratos, 14% dos poços estão próximos de áreas agrícolas, se aconselha o monitoramento de pesticidas e nitratos. O levantamento das fontes potencialmente contaminantes servirá como banco de dados de informação, na qual auxiliará na escolha de métodos analíticos.
Palavras chaves
Águas; contaminantes; fontes
Introdução
A boa qualidade das águas subterrâneas é afetada por agentes químicos contaminantes que provêm da urbanização, industrialização, atividades agrícolas, uso intensivo de insumos químicos, degradação dos rios e lagos, enxurradas e deposição atmosférica (REBOUÇAS 2006; ROCHA et al 2009). Devido à possibilidade da perda da qualidade da água usada para consumo humano é realizado o monitoramento da potabilidade da água distribuída por rede de abastecimento, sendo que, o monitoramento compete ao setor de vigilância sanitária da Secretaria de Saúde de cada município, na qual a potabilidade da água deve se enquadrar nas recomendações estipulada pela Portaria N°. 518 do Ministério da Saúde 2004, contudo, nem todos os parâmetros microbiológicos, físicos e químicos sugeridos pela portaria são monitorados, devido as condições de trabalho, então, cabe a fiscalização do município definir os principais parâmetros a serem monitorados, considerando as peculiaridades regionais e os locais da fonte de abastecimento (FUNASA, 2006). Neste contexto, a Universidade de Federal de Mato Grosso Campus de Sinop e o Escritório Regional de Saúde de Sinop (ERSS), especificamente o setor de vigilância sanitária, responsável pelo monitoramento da qualidade das águas distribuída por redes de distribuição, criou se uma parceria, com objetivo de melhorar os parâmetros monitorados da potabilidade da água. A equipe de pesquisa da Universidade realizou levantamentos como georreferenciamento, atualização de endereços, profundidades dos poços e avaliação dos riscos potenciais de contaminação.
Material e métodos
Primeiramente, buscou se as informações dos pontos de captação de água dos sistemas de distribuição de água tratada, bem como os nomes dos municípios que fazem parte do núcleo de Sinop junto ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA) e no ERSS. Este último forneceu autorização, por meio de ofício, liberando a visita in loco aos poços de águas registrados no SISAGUA. Foram visitados cento e seis pontos de captação de água subterrânea localizados nos municípios de Claudia, Feliz Natal, Ipiranga do Norte, Itanhangá, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Nova Ubiratã, Santa Carmem, Sinop, Santa Rita do Trivelato, Sorriso, Tapurah, União do Sul e Vera. Onde, verificaram-se as possíveis fontes potencialmente contaminantes próximas a cada poço em um raio aproximadamente entre 100 a 300 metros. Sendo que, ainda na visita in loco, os poços de captação foram georreferenciados com o aparelho GPS Smap 60CSx GARMI e confirmado os endereços e as profundidades.
Resultado e discussão
Conforme pode ser visualizado na Tabela 1, 88% dos pontos de captação de água
subterrânea são sucessíveis a fonte fossas sépticas, os esgotos dão origem a
matérias orgânicas biodegradáveis, microorganismos, nutrientes, óleos, graxas e
detergentes, então, se faz necessário incluir nos parâmetros de monitoramento,
além dos que já são realizados (pH, cor, turbidez, cloro residual e
microbiológico), hidrocarbonetos, nitrato e enxofre.
Recomenda-se que seja feito análise mais específica da água dos 14 % dos pontos
de captação próximos de área agrícola, como análise de compostos orgânicos
(pesticida e fungicida) e de íon de nitrato, contudo, é essencial um
levantamento mais detalhados dos pesticidas e fungicidas mais utilizados pelos
agricultores da região.
Dos poços de captação visitados 4% se encontram localizados próximo de posto de
combustível, na qual as águas estão sujeitas a possível contaminação por
compostos derivados do petróleo, como o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos
(BTEX), a contaminação pode ocorrer por lançamento acidental ou por vazamentos
em decorrência de instalação inapropriada dos tanques e tubulações. Assim, se
recomenda o monitoramento dos compostos BTEX.
Para os 15% dos mananciais de captação de água subterrânea estão submetidos a
possível contaminação por compostos orgânicos, como os solventes clorados,
tricloroeteno e percloroeteno, compostos utilizados nas oficinas mecânicas para
remover graxa sobre metal, sendo assim, se sugere a realização de análises
específicas para identificação destes possíveis contaminantes químicos.
Principais fontes potencialmente contaminantes próximas aos poços de captação de água para consumo humano que fazem parte do ERSS
Conclusões
Os resultados obtidos serão cedidos ao ERSS, para inserção no sistema de informações, SISAGUA, visto que se encontra desatualizado. O levantamento das fontes potenciais de contaminação auxiliará na escolha dos parâmetros a serem monitorados pela fiscalização. Espera-se que seja dada continuidade neste trabalho, que sejam realizadas análises químicas pertinentes as fontes potencialmente contaminantes levantadas, e com os resultados das análises químicas, correlacionarem com as fontes potencialmente contaminantes tornando possível ao poder público adotar as medidas preventivas cabíveis.
Agradecimentos
Ao Escritório Regional de Saúde de Sinop, pela parceria, e a FAPEMAT, pelo recurso financeiro.
Referências
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria N°. 518 do Ministério da Saúde, de 25 de
março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
FUNASA. Manual de saneamento. 3ª Edição; Brasília; Fundação Nacional de Saúde, 2006.
REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNCI, J. G. Águas Doces no Brasil: Capital Ecológico,
Uso e Conservação. 3ª Edição; São Paulo: Escrituras, 2006.
ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; CARDOSO, A. A. Introdução à Química Ambiental. 2ª
Edição; Porto Alegre: Bookman, 2009.