ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Química Analítica
Autores
Silva, E.R.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Brito, J.H.S. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Antonialli Junior, W.F. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Batistote, M. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL) ; Cardoso, C.A.L. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MATO GROSSO DO SUL)
Resumo
A vespa Protopolybia exiguaé uma espécie pouco estudada em relação aos compostos químicos presentes em sua cutícula. Este trabalho tem como objetivo avaliar a composição cuticular desta vespa em diferentes fases de seu desenvolvimento empregando cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM). As amostras foram coletadas na região urbana e rural da cidade de Dourados-MS. Os indivíduos das colônias em laboratório foram separados por estágios de desenvolvimento: ovos, larvas, pupas e adultos. Após foram extraídos com hexano para posterior análise por CG-EM. Foram identificados alcanos lineares e alcanos ramificados em todos os estágios de desenvolvimento. Nos dados estatísticos ocorreu uma separação pelos estágios independente da colônia analisada.
Palavras chaves
vespa protopolybia; cromatografia gasosa; hidrocarbonetos
Introdução
As vespas sociais pertencem a uma sociedade complexa que se destaca pela forma que se organizam para manutenção e defesa de suas colônias. O ciclo de vida de Protopolybia exígua da eclosão do ovo até a emergência (a saída do adulto) é em torno de 41 a 45 dias (Simões & Zucchi, 1980). Como toda espécie social, desenvolveram sinais para se comunicarem, neste caso, sobretudo, compostos químicos atuam de forma incisiva no reconhecimento de companheiras de ninhos e colônia (Vilela & Della Lúcia, 1987; Krasnec & Breed, 2013). Este estudo tem como objetivo avaliar a composição química da cutícula dos indivíduos da vespa Protopolybia exígua em seus diferentes estágios de desenvolvimento empregando a técnica de cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM).
Material e métodos
Para este estudo foram coletados quatro colônias de P exígua em janeiro de 2014, na região urbana e rural da cidade de Dourados-MS. A composição química cuticular foi analisada nos estágios de desenvolvimento do inseto: 5 ovos, 5 indivíduos de larva em último instar, 5 pupas e 10 indivíduos adultos para cada colônia. Os compostos cuticulares, foram extraídos da cutícula dos indivíduos submergidos em 1 mL de hexano por 2 minutos. Para identificar a presença dos compostos cuticulares foram realizadas análises empregando-se CG-EM usando uma coluna capilar de sílica fundida DB-5 (60 m de comprimento x 0,25 mm de diâmetro x 0,25 µm de espessura de filme). As condições de análise foram: volume de injeção de 1 µL, injeção splitless; rampa de aquecimento com temperatura inicial de 40oC por três minutos alcançando 300°C à 3oC min-1 e permanecendo na temperatura final por 20 minutos; temperatura do injetor foi de 280ºC. As temperaturas do detector e da linha de transferência foram 280ºC e 300ºC, respectivamente. Os parâmetros de varredura do espectrômetro de massas incluíram voltagem de ionização de impacto de elétron de 70 eV, na faixa de massa de 45 a 800 m/z e com intervalo de varredura de 0.5s.O tratamento dos dados foi realizado empregando-se análise discriminante usando-se o software SYSTAT 12.
Resultado e discussão
Empregando a técnica de CG-EM foi possível identificar nos estágios estudados de
P exígua quarenta e oito compostos, entre eles apresentados os alcanos
lineares e os alcanos ramificados (Tabela 1). Os alcanos lineares foram
majoritários no estágio larval e na pupa. Os alcanos ramificados foram
majoritários nos estágios de ovo e adulto. As vespas tem apresentado em sua
composição alcanos lineares, alcanos ramificados e alcenos em diferentes
estágios de sua vida (Cotonechi et al., 2009; Frere et al., 2013). Estudos
relatam a importância dos alcanos ramificados na assinatura química de vespas
(Dapporto et al., 2005; Bonckaertet al., 2012). Dos compostos identificados nos
estágios os majoritários estão descritos na tabela 1, nesta apresenta a média
das áreas percentuais relativas e o desvio padrão para cada estágio obtido
independente da colônia. Pela análise estatística é possível observar a
separação distinta dos estágios empregando os compostos identificados por CG-
EM(Figura 1) independentemente da colônia ter origem rural ou urbana.
Estatisticamente houve uma diferença significativa com relação a todos os
compostos identificados (Willks´s Lambda= 0,000, F=151,308 e o P > 0,001). Com
base nestes dados não ha interferência da colônia da distribuição dos estágios
de desenvolvimento, isso pode ser explicado pelo fato das amostras serem
coletadas em uma mesma região.

Valores de médias (M) e desvio padrão (DP) da área percentual relativa dos hidrocarbonetos majoritários identificados em P. exígua.

Análise discriminante dos alcanos lineares e alcanos ramificados analisados por CG-EM ao longo dos estágios de desenvolvimento de P.exigua.
Conclusões
A técnica de CG-EM foi eficiente para identificar os compostos cuticulares durante o desenvolvimento de P.exigua e também associada a estatística mostrou que os grupos são formados pelo estágios de desenvolvimento independente da colônia. Estes dados são importantes para determinar a assinatura da espécie e propiciar o entendimento de sua evolução.
Agradecimentos
A CAPES e CNPq pelas bolsas concedidas e ao CNPq e FUNDECT pelo apoio financeiro e ao Programa de Recursos Naturais pela oportunidade.
Referências
BONCKAERT, W.; DRIJFHOUT, F. P.; D’ETTORRE, P.; BILLEN, J.; WENSELEERS, T. Hydrocarbon signatures of egg maternity, caste membership and reproductive status in the common wasp. Journal of Chemical Ecology, v. 38, p.42–51, 2012.
COTONESCHI, C.; DANI, F. R.; CERVO, R.; SCALA, C.; STRASSMANN, J. E.; QUELLER, D. C.; TURILLAZZI, S. Polistes dominulus (Hymenoptera, Vespidae) larvae show different cuticular patterns according to their Sex: workers seem not use this Chemical information. Chemical Senses, v.34, p.195–202, 2009.
DAPPORTO, L.; SLEDGE, F. M.; TURILLAZZI, S. Dynamics of cuticular chemical profiles of Polistes dominulus workers in orphaned nests (Hymenoptera, Vespidae). Journal of Insect Physiology, v. 51, p. 969–973, 2005.
FRERE B.; SUCHAUD F. ; BERNIER G.; COTTIN F.; VINCENT, B.. ;. DOUREL, L.; LELONG, A.; ARPINO, P.; GC-MS analysis of cuticular lipids in recent and older scavenger insect puparia. An approach to estimate the postmortem interval (PMI). Anal Bioanal Chem, DOI 10.1007/s00216-013-7184-7, 2013.
KRASNEC, M.O. & BREED, M. D. Colony-Specific Cuticular hydrocarbon profile in Formica argentea Ants. Journal of Chemical Ecology, v. 39, p.59–66, 2013.
SIMÕES, D. & ZUCCHI, R. Bionomics of Protopolybia exigua exigua (de Saussure). I- Age polyethism and life tables (Hym., Vespoidea). Naturalia, v.5, p.79-87, 1980.
VILELA, E. F. & DELLA LÚCIA, T. M. C. Feromônios de insetos: Biologia, química e emprego no manejo de pragas. Viçosa: Imprensa Universitária, p.155, 1987.