ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Físico-Química
Autores
Moura, A. (UNI-ANHANGUERA) ; Nascimento, A. (UNI-ANHANGUERA)
Resumo
A qualidade de um produto depende inicialmente da qualidade de sua matéria prima.Dentro da área da produção de produtos lácteos é exigida a qualidade do leite cru para sua comercialização. Para fornecer parâmetros técnicos e analíticos criaram-se laboratórios de qualidade do leite, porém parte das amostras analisadas são descartadas devido a erros de amostragem. Foram comprovados os três principais erros de amostragem ocorridos no Laboratório de Qualidade do Leite/Escola de Veterinária/Universidade Federal de Goiás.Portanto a perda de amostras é prejudicial à cadeia leiteira de modo geral, pois resultados não são emitidos devido ao descarte destas amostras, e não é possível obter dados para melhoria do leite no Brasil.
Palavras chaves
Qualidade do Leite; Amostragem; Leite Cru
Introdução
As indústrias possuem unidades internas de laboratórios, que tem a função de avaliar a qualidade da matéria prima recebida, verificar e manter a qualidade de seus produtos. Para garantir a total segurança dos produtos lançados no mercado existem órgãos fiscalizadores como o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que exigem as análises frequentes das indústrias em laboratórios independentes que prestam serviços de análise que são de âmbito obrigatório e de controle de qualidade. Um exemplo de matéria-prima que pode ser analisado em laboratório de qualidade é o leite, a partir da determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais, contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT). E para melhoria de qualidade na amostragem do leite cru o presente trabalho propõe comprovar que uma amostragem de qualidade ruim do leite pode influenciar no resultado real da análise e realizar o levantamento dos principais erros de amostragem cometidos pelos clientes e sobre seu entendimento sobre coleta de amostras (AMSTALDEN, 2005).
Material e métodos
Para realizar este estudo e para compreensão da necessidade da avaliação da amostragem para análise de qualidade do leite cru, foi feito um levantamento sobre os principais erros de amostragem que ocorreram durante seis (6) meses. Com os dados obtidos utilizou-se o método quantitativo e verificaram-se os três (3) erros de maior ocorrência neste período. Com a identificação dos três principais erros, preparou-se a simulação destes erros com amostras de leite cru oriundas de tanque de refrigeração de expansão direta. Seguindo as orientações sobre a coleta de leite: Adquirir com o Laboratório de Qualidade do Leite doze (12) frascos com conservante bronopol para analise de CCS e composição do leite e doze (12) frascos com conservante azidiol para análise de CBT. Separaram-se quatro grupos de frascos sendo que cada grupo deverá conter três (3) frascos com conservante bronopol e três (3) frascos com conservante azidiol para serem utilizados nos três (3) primeiros erros identificados. O último grupo de frascos foi utilizado para amostras padrão, que devem ser coletadas da forma correta sem qualquer erro de amostragem, escolher três (3) dias distintos para analise das amostras dentro dos dez (10) dias de validade do conservante azidiol e bronopol. Para analisar as amostras referentes analise de CCS utilizou-se o equipamento Fossomatic 5000 basic, para a composição centesimal do leite (gordura, proteína, lactose e sólidos totais) utilizou-se o equipamento MilkoSoscan 4000. No dia da realização das analises passou as amostras por um banho maria, de fabricação própria do laboratório, a 40 ºC por 15 minutos para que os componentes do leite estejam distribuídos de forma uniforme no frasco. Para a analise de CBT utilizou o equipamento BactoScan FC, da marca FOSS.
Resultado e discussão
Os dados obtidos no presente trabalho originaram do levantamento de dados dos
arquivos do Laboratório de Qualidade do Leite do Centro de Pesquisa em Alimentos
e da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, são registros das
amostras que foram enviadas pelos clientes para análise de qualidade do leite
cru no período de julho a dezembro de 2010. Destas amostras enviadas existiram
algumas que não foram analisadas, pois apresentaram algum tipo de erro de
amostragem. É possível verificar que a porcentagem de amostras com erro de
amostragem varia de 3% a 21%. O valor apresentado de gordura esta abaixo de 3,4
%, e o valor médio de gordura no leite é de 3,9%. Em relação às amostras padrão
o valor que se distanciou de forma negativa foi das amostras com temperatura
fora do padrão que apresentaram valores de 2,98%, 2,79% e 2,87%. As amostras
mal-homogeneizadas apresentaram pouca variação, observou-se que o conservante se
depositou no fundo do frasco, porém estas ficaram sob refrigeração. As amostras
congeladas também apresentaram pouca variação em relação às amostras padrão,
salvo que no primeiro dia de análise apresentou o menor valor, 2,86%, porém
observou-se que após o descongelamento da amostra antes de realizar a análise a
gordura encontrava-se suspensa, o que dificultou a sua homogeneização. Observou-
se que os erros de amostragem apresentaram no primeiro dia bastante similaridade
de valores de proteína de 3,38% para os três erros e 3,43% para as amostras
padrão. No segundo dia os valores aproximaram-se e no último dia de análise as
amostras com erro de amostragem permanecem com valores abaixo das amostras
padrão. O valor obtido foi de 3,385% e 3,435%, sendo maior que o valor médio de
proteína do leite que representam 3,2%.
Conclusões
O levantamento de dados referente aos três erros de amostragem mais frequentes no laboratório, indicou que os principais são de amostras sem refrigeração, mal homogeneizadas e congeladas. Sendo que dois dos erros mais presentes são relacionados à temperatura. Isto ocorre devido à distância que a amostra percorre até a chegada ao laboratório. O laboratório recebe amostras de vários Estados, portanto a quantidade de gelos recicláveis ás vezes tornam-se insuficientes, ou ultrapassa a quantidade necessária para chegar ao intervalo de temperatura de 1º a 10ºC estipuladas pelo laboratório.
Agradecimentos
Referências
AMSTALDEN, L. C. Implantação de um Sistema da Qualidade em Laboratório. São Paulo: Conselho Regional de Química IV Região, 2005.
BRANDÃO, A. S. P. Restrições econômicas e institucionais à produção de leite na Região Sudeste. In: VILELA, D. ; BRESSAN, M. ; CUNHA, A. S. (Ed.). Cadeia de Lácteos no Brasil: Restrições ao seu Desenvolvimento. Brasília: MCT/CNPq, Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001.