ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Físico-Química
Autores
Freire, F.J.O. (UEMA) ; Silva, I.P. (UEMA) ; Coimbra, V.C.S. (UFMA/UEMA) ; Vieira, E.C.S. (UEMA) ; Coimbra Neto, S.V. (UEMA) ; Hellmann, T. (UEMA)
Resumo
As águas minerais são aquelas que por sua composição química ou características físico-químicas são consideradas benéficas à saúde. No Brasil são consumidos bilhões de litros de água mineral todos os anos, contudo, a água para ser consumida pelo homem não pode conter substâncias dissolvidas em níveis tóxicos. No presente estudo objetivou-se identificar, através de parâmetros físico-químicos, possíveis alterações em amostras de águas minerais comercializadas em São Luís–MA, a fim de detectar prováveis modificações químicas existentes. Os resultados das análises físico-químicas comprovaram que todas as amostras apresentavam-se com valores dentro dos limites estabelecidos pela legislação brasileira, embora diferentes dos apresentados nos rótulos.
Palavras chaves
Águas Envasadas; Padrões Físico-Químicos; Qualidade
Introdução
As águas minerais são águas subterrâneas que infiltram através do solo. Quando a água que aflora do subsolo chega à superfície, ela já passou por todo um processo de transformação na própria natureza. A água mineral tem uma ação medicamentosa; a água de mesa é uma simples água potável. Essa é uma informação importante para o consumidor, pois muitas vezes se toma água de mesa, pensando ser água mineral. O crescimento no consumo de águas minerais está relacionado principalmente à poluição dos rios que abastecem as grandes cidades e aos efeitos medicinais benéficos para a saúde que os consumidores acreditam que as águas minerais possam ter. Assim, o conhecimento das características físico-químicas das águas minerais é muito importante para a garantia da saúde da população (HIRATA, 1995). Uma das formas mais perigosas de contaminação das águas de consumo humano é pelos metais pesados. O presente estudo teve como objetivo, verificar através de parâmetros físico-químicos estabelecidos pela legislação vigente, a qualidade de águas minerais, de 4 marcas diferentes, comercializadas na cidade de São Luís-MA e, também verificar a veracidade das informações físico-químicas contidas nos rótulos dos garrafões das águas analisadas.
Material e métodos
Selecionaram-se quatro marcas de águas minerais - Floratta, Indaiá, Lençóis Maranhenses e Mar Doce, comercializadas em grandes supermercados de São Luís – MA. As marcas das 04 águas que foram analisadas receberam as codificações pelas respectivas iniciais: Floratta (F), Indaiá (I), Lençóis Maranhenses (LM) e Mar Doce (MD). Foram coletadas três amostras de cada marca (totalizando 12 amostras), as quais foram mantidas armazenadas à temperatura ambiente, e em seguida, encaminhadas ao Laboratório de Química dos Solos da Universidade Estadual do Maranhão. Utilizou-se a metodologia preconizada no Manual do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985) para a determinação das características físico-químicas: alcalinidade, potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica, turbidez, dureza total (cálcio e magnésio), potássio, cloretos, sódio e fósforo. A alcalinidade e os cloretos foram aferidos por titulação, com solução de H2SO4 0,01N e de AgNO3 0,0014 N, respectivamente; o pH foi determinado em pH-metro de bancada e a condutividade iônica em um condutivímetro digital; a detecção da turbidez foi feita com auxílio de um turbidímetro; a determinação de cálcio, magnésio e potássio foi feita pela técnica de espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado; o sódio foi determinado em fotômetro de chama; e o fósforo por um espectrofotômetro de absorção molecular.
Resultado e discussão
Os resultados das análises encontram-se na Tabela 1. A alcalinidade total variou de 4,00 e 7,30 mg/L de bicarbonato (HCO3-). O pH variou de 4,68 a 5,38, permanecendo na faixa recomendada para consumo humano, entre 4,0 a 9,0 (MORGANO et al., 2002). O grau de turbidez, que indica a transparência física da água, ficou entre 0,51 a 0,67 uT, estando no limite preconizado na legislação (máximo de até 3,0 uT). As amostras da marca MD foram as que apresentaram maior valor de condutividade iônica, indicando assim maior teor de íons dissolvidos. Todas as amostras apresentaram concentração de cálcio, magnésio e potássio dentro do limite estabelecido pela ANVISA, ≤ 250mg/L, ≤ 250mg/L e ≤ 500mg/L, respectivamente (BRASIL, 2005). Houve uma variação de 5,2 mg/L a 6,8 mg/L nas concentrações de cloretos, sendo que a marca que apresentou maior concentração foi a LM e a menor MD. Em geral, quantidades razoáveis de cloretos na água não são prejudiciais à saúde, mas ocasiona um sabor repulsivo. Para as concentrações de sódio registrou-se uma variação de 2,80 a 3,90 mg/L nas amostras analisadas, todas dentro dos padrões exigidos pela legislação pertinente. Com relação ao fósforo, a maior concentração de foi detectada nas amostras F e a menor nas amostras MD. Não existe padrão vigente para o teor de fósforo em água mineral, mas a presença deste elemento nas águas envasadas, pode significar contaminação por detergentes durante o processo de higienização dos garrafões. Ressalta-se que todos os parâmetros pesquisados mostraram desacordo entre os resultados das análises e os valores rotulados. A análise estatística (Teste t) demonstrou que a água da marca Indaiá apresentava maior conformidade nos parâmetros analisados, sendo a mais indicada para consumo.
Resultados das análises físico-químicas de águas minerais comercializadas em São Luís-MA.
Conclusões
Todas as amostras analisadas apresentavam qualidade físico-química em conformidade com a legislação vigente. E mesmo com a divergência entre os valores encontrados e os rotulados, as águas analisadas mostraram-se adequadas físico-quimicamente para o consumo humano.
Agradecimentos
À Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº. 274, de 22 de setembro de 2005. Regulamento Técnico para Águas Envasadas e Gelo. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de setembro de 2005.
HIRATA. R. Qualidade das águas subterrâneas e das águas minerais. In: Simpósio de águas subterrâneas, São Paulo, 1995.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos físicos e químicos para análise de alimentos. v. 1. São Paulo: O instituto, 533p., 1985.
MORGANO, M. A.; SCHATTI, A. C.; ENRIQUES, H. A.; MANTOVANI, D. M. V. Avaliação físico-química de águas minerais comercializadas na região de Campinas, SP. Revista Ciênc. Tecnol. Aliment., nº 3, 239-243, 2002.