Avaliação da atividade antioxidante e do fator de proteção solar de extratos orgânicos de Plectranthus barbatus

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Físico-Química

Autores

Polli, V. (UFSM) ; Vendrame, Z. (UNIPAMPA) ; Villetti, M. (UFSM) ; Dortzbacher, G. (UFSM) ; Zanatta, A. (UFSM)

Resumo

Extratos de Plectranthus barbatus (boldo) em etanol, clorofórmio, acetato de etila e hexano, obtidos com extrator sohxlet, foram submetidos a avaliação espectrofométrica para a determinação da atividade antioxidante (AA) frente ao radical DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) e do fator de proteção solar, usando espectros UV dos extratos. Tendo-se verificado que os extratos, independente do solvente usado apresentam propriedade antioxidante, mesmo que em diferentes graus e absorvem radiação UV, sendo redutores desta radiação.

Palavras chaves

Plectranthus barbatus; atividade antioxidante; fator de proteção solar

Introdução

Plectranthus barbatus Andrews é uma espécie nativa da India e da Africa Tropical, já adaptada no Brasil. Extratos orgânicos de diferentes partes do Plectranthus barbatus, apresentam atividade anti-inflamatória, antifungal, antibactericida e antioxidante. A ação antioxidante do Plectranthus barbatus está provavelmente associada à presença de compostos fenólicos na sua constituição (SCHULTZ et al, p. 1, 2007). A extração de compostos fenólicos de plantas é influenciada pela natureza química do solvente extrator, método de extração, tamanho das partículas da amostras, tempo de extração e condições de estocagem (NACZK, SHAHIDO, p. 95, 2004). Estudos epidemiológicos realizados pela Organização Mundial da Saúde apontam que a exposição à radiação ultravioleta (UV) é o principal agente etiológico do câncer cutâneo (MUNHOZ et al, p. 225, 2012). Com o propósito de reduzir o efeito da radiação UV, diversas moléculas têm sido sintetizadas, para atuarem como filtro, diminuindo a dose de radiação (UVA/UVB) recebida pela pele em aplicações tópicas. Algumas substâncias usadas como filtro solar em cosméticos tem provocado efeitos colaterais, como alergias. Estas limitações têm encorajado a pesquisa de novas moléculas que tem algumas características básicas, como alto coeficiente de extinção molar na faixa UVA/UVB, fotoestabilidade e inocuidade no uso tópico. Neste contexto, produtos naturais tem sido uma importante fonte de novos compostos ativos (HIDALGO et al, p. 2205, 2010). Tendo em vista o colocado acima, o objetivo do presente estudo foi obter extratos a partir do Plectranthus barbatus com acetato de etila, etanol, clorofórmio e hexano, verificar a atividade antioxidante frente ao radical DPPH e determinar o fator de proteção solar dos extratos obtidos frente a radiação solar.

Material e métodos

- Todos os solventes (metanol, etanol, hexano, clorofórmio e acetato de etila) e reagentes (DPPH) usados, foram de grau analítico, na temperatura de 20 °C. - Preparação do extrato bruto: folhas de boldo foram obtidas da mesma origem (Dona Francisca-RS, 2007), após lavadas e secas em estufa a 50 °C até peso constante, foram trituradas e armazenadas em ambiente seco, ao abrigo de luz. Os extratos foram obtidos com um extrator sohxlet a partir de 5,0 g de folha seca com 130 mL de solvente, 8 horas. Os extratos foram armazenados em vidro âmbar e em geladeira. As concentrações dos extratos foram determinadas por secagem dos mesmos, até peso constante. - Determinação da atividade antioxidante do extrato de boldo frente ao DPPH: a determinação foi feita seguindo descrição da literatura (SOUZA et al, p. 351, 2007), monitorando o consumo do radical livre DPPH pelas amostras de extrato de boldo através do decréscimo da absorbância das soluções em 515 nm no tempo total de 15 minutos. Inicialmente foi feita a curva de calibração para o DPPH a partir de uma solução mãe de 58 mg/L (0,147 mM) em metanol com um espectrofotômetro UV- visível Cary-Eclips da Varian, conforme literatura com r = 0,999, após foi preparada a solução de DPPH de 20,3 mg/L, em metanol, que foi usada com o extrato de boldo bruto em acetato de etila, etanol, clorofórmio e hexano, na faixa de concentração de 0,5 a 2,5 g/L. - Determinação do fator de proteção: a determinação foi feita para os extratos brutos na concentração de 2 g/L nos respectivos solventes (acetato de etila, etanol, clorofórmio e hexano). Os espectros Uv-visível foram obtidos em um aparelho espectrofotômetro UV-visível Cary-Eclips da Varian com cubeta de quartzo de 1 cm de caminho ótico, com varredura de 200 a 700 nm com intervalos de 5 nm.

Resultado e discussão

Todas as medidas foram feitas em triplicata (n=3), e os valores apresentados correspondem a média dos resultados obtidos. A análise estatística foi feita empregado One-Way ANOVA em comparação com os dados experimentais para teste de significância com p ≤ 0,05. A partir dos espectros UV obtidos foi determinada a atividade antioxidante dos extratos frente ao radical DPPH, seguindo método descrito na literatura por FALÈ et al (p. 798, 2009). Este método é recomendado como um ensaio fácil e preciso, os resultados estão na Figura 1, mostrando que todos os extratos apresentam propriedade antioxidante, destacando-se como o de menor atividade, o extrato em hexano e o extrato em etanol como sendo o mais ativo em todas as concentrações estudadas. Estes resultados mostram que os extratos apresentam compostos bioativos com ação antioxidante, com capacidade de seqüestrar o radical DPPH (MELO et al, p. 639, 2006) O FPS é uma indicação de quantas vezes mais o indivíduo pode ficar ao sol em relação ao tempo que levaria para adquirir eritema sem o uso do protetor solar. O fator FPS foi calculado utilizando-se a equação proposta por MANSUR et al (p. 167, 1986) onde os valores de EE(λ), I(λ) e FC (fator de correção) igual a 10, utilizados nos cálculos foram os mesmos da literatura, sendo obtidos os valores de 10,477 (± 0,254) para o acetato de etila; 7,293 (± 0,240) para o etanol; 6,15 (± 0,075) para o hexano e 5,103 (± 0,045) para o clorofórmio. Os extratos estudados neste trabalho apresentam FPS entre 5 e 10, podendo ser usados na composição de protetores solar, pois estão de acordo com os valores publicados por ARAUJO (p.1, 2008). O FPS calculado por espectrofotometria é preciso, além de ser mais simples e menos perigoso que o método que emprega seres humanos.

Figura 1

Atividade antioxidante (% AA) versus concentração de extratos de boldo em acetato de etila, etanol, clorofórmio e hexano, a 20 °C.

Conclusões

Considerando que substâncias naturais podem ser responsáveis pelo efeito de proteção contra o risco de muitos processos patológicos, os resultados descritos neste trabalho mostram que os extratos de boldo em acetato de etila, etanol, clorofórmio e hexano possuem propriedade antioxidante, mesmo com intensidade diferenciada entre elas e apresentam fator de proteção solar compatíveis com o citados na literatura, podendo ser usados para este fim.

Agradecimentos

FIPE - UFSM UNIPAMPA - Caçapava do Sul CAPES - Pró equipamentos

Referências

- ARAUJO, T. S.; SOUZA, S. O. Protetores solares e os efeitos da radiação ultravioleta. Scientia Plena, nº 11(4), 1-7, 2008.
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-FALÉ, P. L.; BORGES, C.; MADEIRA, P. J. A.; ASCENSÃO, L.; ARAÚJO, M. E. M.; FLORÊNCIO, M. H.; SERRALHEIRO, M. L. M. Rosmarinic acid, scutellarein 4’-methyl ether 7-O-glucuronide and (16S)-coleon E are the main compounds responsible for the antiacetylcholinesterase and antioxidant activity in herbal tea of Plectranthus barbatus (“falso boldo”). Food Chemistry, n° 114, 798-805, 2009.
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- MANSUR, J. S.; BREDER,M. N. R.; MANSUR, M. C. A.; AZULAY, R. D. Determinação do fator de proteção solar por espectrofotometria. Anais Brasileiros de Dermatologia, n° 3(61), 121-124, 1986.
- MELO, E. A.; MACIEL, M. I. S.; LIMA, V. L. A. G.; LEAL, F. L. L.; CAETANO, A. C. S.; NASCIMENTO, R. J. Capacidade antioxidante de hortaliças usualmente consumidas. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, n° 26(3), 639-644, 2006.
- NACZK, M.; SHAHIDI, F. Extraction and analysis of phenolics in food. Journal of Chromatography A, n° 1054, 95-111, 2004.
- SCHULTZ, C.; BOSSOLANI, M. P.; TORRES, L. M. B.; LIMA-LANDMAN, M. T. R.; LAPA, A. J.; SOUCCAR, C. Inhibition of the gastric H+, K+-ATPase by plectrinone A, a diterpenoid isolated from Plectranthus barbatus Andrews. Journal of Ethnopharmacology, nº 111, 1-7, 2007.
- SOUZA, C. M. M.; SILVA, H. R.; VIEIRA-JR, G. M.; AYRES, M. C. C.; COSTA, C. L. S.; ARAÚJO, D. S.; CAVALCANTE, L. C. D.; BARROS, E. D. S.; ARAÚJO, P. B. M.; BRANDÃO, M. S.; CHAVES, M. H. Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova, n° 2(30), 351-355, 2007.

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