ISBN 978-85-85905-10-1
Área
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Junior, S. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Vinícius, (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Ventura, V. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA) ; Ormondes, M. (IFMT CAMPUS CUIABÁ BELA VISTA)
Resumo
Este projeto tem como objetivo auxiliar o ensino da Química para deficientes visuais de maneira que os mesmo não fiquem destituídos de um conhecimento tão importante para a formação acadêmica. Ao aprender Química, os alunos encontram dificuldades por se tratar de uma matéria complexa, ás vezes nem as atrativas aulas de laboratório atraem o aluno desinteressado. O desafio é maior quando trabalhado com deficientes visuais. Os que são privados da visão ficam alheios aos fenômenos ocorridos em laboratório, mas nem por isso devem ser negligenciados das aulas. Diante desta afirmação, procuramos entender e aperfeiçoar a metodologia de ensino, despertando o interesse do mesmo. O trabalho é composto por tabelas periódicas transcritas e adaptadas e dois livros didáticos para complementar o ensino.
Palavras chaves
Braille; Ensino; Deficiência Visual
Introdução
O Sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita, usado por pessoas cegas, inventado na França por Louis Braille, é por ele que pessoas com esse tipo de deficiência têm contato com a leitura, já que os pontos podem formar 63 combinações e retratar a maioria dos caracteres usados na nossa língua. Criado em 1819 foi rapidamente incorporado na educação, pois é um excelente método de inclusão. Hoje o sistema braille é indispensável no ensino- aprendizagem de diversas ciências. Dentre elas está a Química, ciência que para muitos é exclusiva para videntes por se tratar de uma matéria específica que se baseia na ocorrência de fenômenos e a visão seria indispensável para sua compreensão. A química vai muito além da visão e pode perfeitamente ser aplicada em alunos com necessidades educacionais especiais, desde que haja adaptações nos materiais, preparo e boa vontade por parte do educador. Em Cuiabá-MT pode-se observar certa precariedade no ensino inclusivo quando se trata de Química. Tanto por parte do docente quanto do discente não ha interesse em ensinar ou aprender. A carência de materiais adaptados e a complexidade da matéria são fatores que desestimulam o professor, fazendo com que o aluno não crie interesse na matéria. Segundo Rodrigues (2011) um material de qualidade e atrativo é essencial para o ensino-aprendizagem da Química, Rodrigues enfatiza também que “Para alunos com deficiência visual, devemos elaborar uma aula diferente, utilizando recursos dos quais serão fundamentais para a compreensão do conteúdo”. Pensando nisso, criamos um material adaptado que atendesse essas necessidades de maneira atrativa e dinâmica para o aluno e de baixo custo para a instituição, facilitando assim o aprendizado e permitindo a sua reprodução.
Material e métodos
Na produção do projeto optamos por utilizar materiais específicos para se trabalhar com deficientes visuais, são eles: E.V.A variados, papel laminado, papel camurça e cartolinas foram as escolhas para texturas. O papel onde foram escritas as informações é o papel exclusivo para escrita em braille. Também foram utilizados barbantes e esferas de isopor para compor o material. A parte inicial do projeto foi compreender a maneira com que o cego percebe o mundo á sua volta, os alunos procuraram instituições e centros especializados em trabalhar com deficientes visuais. Os primeiros locais contatados foram o ICEMAT (Instituto dos Cegos do Estado de Mato Grosso) e o CASIES (Centro de Apoio e Suporte a Inclusão da Educação Especial) onde tiveram a introdução aos materiais específicos como reglete e punção e também puderam ter uma noção de como é trabalhado o ensino de Química em Cuiabá-MT. No CASIES foram apresentados á uma tabela periódica adaptada, porém estava desatualizada, lá também receberam livros que ensinavam a grafia braille dos quais usaram como base para aprender a escrita e desenvolver o projeto. Contaram com a ajuda da AMC (Associação Mato- grossense de Cegos) onde utilizaram do espaço e dos materiais (folhas, reglete e punção) para a confecção da tabela. Para a tabela foi utilizado uma cartolina grande, barbantes e sete tipos de texturas diferentes. Por a Grafia Braille ser três vezes maior do que à tinta, tornou-se impossível transcrever todas as informações necessárias, por isso, no espaço de cada elemento na tabela contém somente seu número atômico e simbolo, o restante das informações necessárias estão contidas no livro (também em braille). Para facilitar a busca, cada elemento da tabela periódica está na página do livro respectiva ao seu número atômico.
Resultado e discussão
Para a realização de trabalho, primeiramente deveríamos encontrar a resposta
para a seguinte questão: “Como atrair o jovem deficiente visual de maneira
prática e dinâmica para a sala de aula e lhe ensinar Química?”. João Batista
explica em seu texto (Sobre a Deficiência Visual, 2009) que para atrair o aluno
com deficiência é preciso entender como ele percebe o mundo. O material desse
projeto foi criado sob essa perspetiva, entendendo como o deficiente visual
percebe o mundo á sua volta, nós conseguimos criar uma maneira dinâmica e
acessível para ensinar a Química, o Braille é sim uma ferramenta útil de
inclusão, mas a aplicação correta das texturas em alto relevo foi a peça chave
para a realização do projeto. Com a ausência da visão, os outros sentidos e a
memória são ferramentas indispensáveis no dia-a-dia do deficiente visual.
Explorando esse lado, usamos de forma correta a aplicação de texturas na tabela
e dos formatos em alto relevo nos exemplos de modelo atômico, de maneira que
estimulasse a memória, levando assim, ao aprendizado prático e dinâmico. O livro
foi todo escrito em braille e nele contém detalhes de todos os 118 elementos da
tabela, algumas páginas de introdução á Química e adaptado de maneira que se
usado junto com a tabela, um complemente o outro de maneira ágil e acessível.
Até a presente data, não conseguimos autorização para aplicar o material dentro
de sala de aula em nenhum dos institutos especializados no assunto, somente
tivemos acesso livre á AMC, onde pudemos testar a grafia braille escrita
manualmente e as texturas escolhidas para a tabela, ambas foram muito bem
aceitas e aprovadas pelos deficientes visuais que frequentam o local.
Conclusões
Concluímos que o ensino inclusivo é a melhor maneira de se passar conhecimento para o cidadão que possui uma determinada deficiência. O material apresentado é completamente viável para os institutos e centros especializados no assunto. Nos testes preliminares ele foi muito bem aceito e acreditamos que, se reproduzido, ele possa ser de grande ajuda para o aluno na sua formação e também na visão do mundo á sua volta.
Agradecimentos
Agradecimentos especiais a todos os envolvidos para que esse projeto pudesse ser concluído. Ao CASIES e AMC que foram de imensa ajuda para esse projeto
Referências
RODRIGUES, B.; RUBI, D. A.; BARASSA, J. R.; LIMA, A. A.; ARÇARI, D.P.; GROPPO, D. P. Deficiencia Visual e Ensino de Química. Dísponível em: http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/educacao_foco/artigos/ano2011/ed_foco_%20Deficiencia%20visual.pdf> Acessado em 17/07/2014
FILHO, J.; ANDRADE, L. R.; SOUZA, K. V.; LIMEIRA, K. A.; BATISTA, P. K. Sobre a Deficiência Visual - Elaboração de tabelas periódicas para facilitação da aprendizagem de alunos portadores de deficiência visual. 2009. Disponível em: <http;//deficienciavisual.com.sapo.pt/txt-tabelas-periodicas_DV.htm>. Acessado em: 15/04/14