ISBN 978-85-85905-10-1
Área
FEPROQUIM - Feira de Projetos de Química
Autores
Silva Pinto, G. (IFMT CAMPUS BELA VISTA) ; Colpani, D. (IFMT CAMPUS BELA VISTA) ; Corrêa Dorilêo, I. (IFMT CAMPUS BELA VISTA) ; Bulhões dos Santos, M. (IFMT CAMPUS BELA VISTA)
Resumo
O babaçu (Orbignya sp.) é uma palmeira típica do cerrado brasileiro encontrando-se amplamente distribuída no estado de Mato Grosso. Do fruto do babaçu se produz a farinha do mesocarpo que pode ser usada na alimentação humana sendo rica em amido, vitaminas e sais minerais. Apesar de sua importância é pouco utilizada pela população de nosso Estado. Neste trabalho, determinou-se a composição dos frutos de duas amostras coletadas na região norte e sul do município de Cuiabá-MT, e a composição centesimal da farinha obtida do mesocarpo dos frutos dessas amostras. As farinhas A e B apresentaram, respectivamente: umidade (3,4 e 17,0 %), cinzas (0,8 e 0,7%), lipídios (0,5 e 1,7%) e pH (5,5 e 5,4). Esses resultados evidenciam o potencial alimentício dessa farinha.
Palavras chaves
babaçu; farinha; mesocarpo
Introdução
A Orbignya sp. (babaçu) é uma palmeira encontrada com maior frequência nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil (EMBRAPA, 1984). Somente a região Nordeste possui uma área de cerca de 14 milhões de hectares com babaçu, sendo que a maior parte (54,2%) concentra-se no Estado do Maranhão (BATISTA et al, 2006). É uma palmeira amplamente distribuída no Estado de Mato Grosso. O babaçu produz frutos contendo várias amêndoas que são comercializadas para fins industriais e também consumidas como alimento. Além das amêndoas, o fruto do babaçu produz também a farinha do mesocarpo que, segundo relatos populares, tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. É também um alimento rico em amido, vitaminas e sais minerais. Do mesocarpo do fruto é possível obter-se uma farinha que pode ser usada na produção de pães. O fruto do babaçu apresenta cerca de 11% de epicarpo, 23% de mesocarpo, 59% de endocarpo e 7% de amêndoa como sua composição física (SOLER et al, 2007). Este trabalho tem como objetivos, determinar a composição dos frutos do babaçú; produzir e analisar as características físico-químicas da farinha obtida do mesocarpo desses frutos.
Material e métodos
Foram realizadas duas coletas dos frutos em maio de 2014, uma na Gleba Olho D’Água (amostra A) e a outra na Gleba Guaxim (amostra B), localizadas, respectivamente, nas regiões sul e norte do município de Cuiabá-MT, sendo que apenas frutos maduros, caídos ou derrubados e em boas condições foram selecionados, em seguida lavados em água clorada, escovados e expostos ao sol até uma breve secagem, por uns dois dias. Após isso, retirou-se manualmente o epicarpo, utilizando uma faca, deixando o mesocarpo exposto, que foi extraído por processo de ralação. O pó obtido da ralação foi triturado em liquidificador e peneirado em peneira com Mesh 48, obtendo-se a farinha que foi mantida sobre refrigeração. Finalmente, quebrou-se o endocarpo retirando-se as amêndoas. As quantidades de epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amêndoas obtidos foram mensurados. Os testes de determinação do teor de lipídios, teor de cinzas e de umidade, determinação de pH e acidez, seguiram a metodologia do INSTITUTO ADOLFO LUTZ (2008).
Resultado e discussão
A composição média dos frutos foi de: epicarpo 14,9% (amostra A) e 14,6 (amostra
B); mesocarpo 13,1% (amostra A) e 12,4% (amostra B); endocarpo 61,6% (amostra A)
e 61,0% (amostra B); amêndoas 10,4% (amostra A) e 12,0% (amostra B). Na
composição centesimal a farinha A apresentou teor de umidade de 3,4%, teor de
cinzas de 0,8%, teor de lipídios de 1,7 % e pH 5,5, enquanto que a farinha B
apresentou teor de umidade de 17,4%, teor de cinzas de 0,7%, teor de lipídios de
0,5 % e pH de 5,4. Observa-se que em relação ao teor de cinzas e pH os valores
são equivalentes, já a diferença no teor de umidade e lipídios pode ser
explicado pelo grau de maturação dos frutos, pois os frutos da amostra A foram
coletados já caídos no chão, indicando que estavam totalmente maduros, enquanto
que os frutos da amostra B foram derrubados com uso de uma vara. A variação
desses resultados também se deve as diferentes localizações geográficas e
fatores climáticos que afetam a produção de metabólitos pelas plantas.
Resultados das análises da composição dos frutos (Tabela 1) e das análises da composição centesimal da farinha (Tabela 2)
Conclusões
Os resultados obtidos confirmam e revelam informações sobre esse fruto, ressaltando o potencial alimentício da farinha do mesocarpo do babaçu. Por se mostrarem satisfatórios, esses valores incentivam o desenvolvimento de novos produtos na área.
Agradecimentos
Ao IFMT - Campus Cuiabá-Bela Vista pela disponibilização do Laboratório de Bromatologia e ao Prof. Jandinei Martins dos Santos pela orientação.
Referências
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA.
Departamento de Difusão de Tecnologia. Babaçu, Programa Nacional de Pesquisa.
Brasília: p. 89, 1984.
BATISTA, C.P.; TORRES, O.J.M.; MATIAS, J.E.F.; MOREIRA, A.T.R.; COLMAN,
D.; LIMA, J.H.F.; MACRI, M.M.; RAUEN, J.R.; FERREIRA, L.M.; FRAITAS, A.C.T.
Efeito do extrato aquoso de Orbignya phalerata (babaçu) na cicatrização do
estômago em camundongos: estudo morfológico e tensiométrico. Acta Cirúrgica
Brasileira. Supl 3:26-32, 2006.
SOLER, M. P.; VITALI, A. A. A; MUTO, E. F. Tecnologia de quebra do coco babaçu (Orbignya speciosa). Ciênc. Tecnol. Aliment., Dez 2007, v.27, n.4, p.717-722.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz: métodos físicos e químicos de análises de alimentos. 4. ed. São Paulo, v.1, 2008.