ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Iniciação Científica
Autores
Silva, A.G. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Vasconcelos, I.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Silva, D.G.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO) ; Anjos, J.A.L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO)
Resumo
Ao observar que cerca de 60% das sementes de melão produzidas no mundo são descartadas, teve-se o intuito de criar e analisar a eficácia de um método simples de extração do óleo dessas sementes, para uma análise por quimiometria do rendimento e da interferência de cada parâmetro analisado. Observa-se que o método é viável e que deve ser adaptado para esse tipo de semente com determinados solventes, pois apresentam rendimentos relativamente insatisfatórios. Após otimizado, o processo deverá proporcionar uma maior obtenção desse material, que pode ser destinado a produção de bioprodutos economicamente viáveis, pois apresenta um grande número de ácidos graxos em sua composição.
Palavras chaves
Análise por quimiometria;; Método de extração; Ácidos graxos
Introdução
O Brasil é um país de dimensões continentais com uma proeminente produção agrícola e experiência na produção de oleaginosas e ainda dispondo de uma tecnologia própria para produção de óleos vegetais e para produção de bioprodutos, podendo-se afirmar que o país reúne as condições necessárias para fornecer a viabilidade técnica requerida na consolidação deste mercado e produção em escala industrial para poder suprir as necessidades encontradas em relação a essa produção. O melão, (Cucumis melo L.) é uma fruta muito apreciada e de grande popularidade no mundo. O Brasil é, atualmente, um dos maiores produtores de melão da América do Sul, com cerca de 17% da produção total (COSTA, s/d). No processamento do melão, o rendimento é da ordem de aproximadamente 40% em massa fresca dos frutos inteiros, isto é, cerca de 60% da matéria-prima é descartada como resíduo (ROCHA, 2011). Assim observa-se a necessidade de se dar um destino para esse material, que seja menos danoso ao meio ambiente. Logo, esse trabalho objetivou-se na extração do óleo de sementes de melão através de um método simples, com 3 tipos de solventes, e posteriormente sendo feita uma análise por quimiometria dos rendimentos que cada um proporciona e a viabilidade do método com tais solventes.
Material e métodos
As extrações foram feitas com hexano, ciclo-hexano e etanol, para comparar o rendimento que cada solvente proporcionava. Assim as sementes foram trituradas e imersas nos solventes sob agitação constante em agitador magnético com aquecimento da marca Nova Ética modelo 114, em tempos de 1 hora e 2 horas, a temperatura ambiente e 40 °C, para observar o rendimento de cada parâmetro combinado. As sementes foram recolhidas de frutos saudáveis e maduros, secas numa estufa de secagem e esterilização da marca Gehaka modelo G402-3D a uma temperatura de 40 °C, após secas foram trituradas em massas de 10 gramas em um multiprocessador da marca Arno, foram adicionados 200 mL de etanol em béqueres e colocada a massa triturada de sementes para a extração do óleo no agitador magnético. Após o tempo de agitação constante foi filtrada a mistura contida no béquer várias vezes, para separação do óleo com etanol da massa restante, lavando com etanol para arrastar o óleo das paredes internas do béquer. Após filtrados foram transferidos para um balão de fundo redondo e seguiu para o evaporador rotativo da marca Tecnal, modelo TE-211 para separar o óleo do etanol, onde o etanol evaporava e ficava apenas o óleo dentro do balão. O óleo obtido foi caracterizado em cromatógrafo HPLC. Todas as análises feitas por quimiometria têm como base os conceitos e discussões do livro Como Fazer Experimentos (NETO et all, 2010). Com os dados obtidos fez-se uma tabela com o rendimento referente a cada extração, e assim um estudo quimiométrico para saber a influencia e a interação do tempo e da temperatura no rendimento da extração.
Resultado e discussão
As extrações foram realizadas em triplicata, os resultados estão expressos nas tabelas 1 e 2. Para o hexano quando se aumenta o tempo de extração á temperatura ambiente, tem-se uma diminuição de 7% no rendimento. Quando se aumenta o tempo de extração á 40°C temos um aumento de 7%. Assim quando se aumenta o tempo de extração existe uma perca de rendimento, e que o aumento da temperatura contribui para aumentar o mesmo. O efeito da temperatura é de 1%, mostrando que o rendimento varia com o aumento da temperatura, tendo assim influencia na reação, enquanto o do tempo e o de interação entre o tempo e a temperatura é de 0%, mostrando que para esse solvente o tempo não influencia com esse solvente. Nas extrações com ciclo-hexano quando se aumenta o tempo de extração se tem uma diminuição de 4,62% no rendimento, e quando se aumenta a temperatura se tem outra diminuição de 4,55%, logo quando se aumenta o tempo e a temperatura se tem diminuição de rendimento com tal solvente. O efeito da temperatura é de - 0,435%, mostrando que a temperatura diminui o rendimento da extração, e o do tempo é de – 4,585%, que também contribui para a diminuição do rendimento. Assim o efeito de interação entre os dois parâmetros é - 0,07%, mostrando que quando combinados o rendimento também diminui. Para o etanol o efeito da temperatura é de 0%, isso mostra que o rendimento não varia com o aumento da temperatura, e que o do tempo é de - 1,5 %, Isso mostra que existe uma diminuição de, em média, 1,5% no rendimento quando se aumenta o tempo. Enquanto que o efeito de interação é de - 1%. Os ácidos graxos contidos no óleo expostos no cromatógrafo hplc foram o ácido esteárico, ácido palmítico, ácido láurico, ácido caprílico, ácido mirístico, ácido miristoleico e ácido oleico.
Estão expressos os valores das extrações com etanol que foram utilizados na análise por quimiometria.
Mostra os resultados obtidos nas extrações com hexano e ciclo-hexano, esses valores foram utilizados na análise por quimiometria.
Conclusões
Podemos concluir que esse método é bastante viável para a extração de vários tipos de óleos vegetais, porém deve-se ter o cuidado de adaptar o processo para adequação do solvente com a amostra, para obter um maior rendimento. Tendo em vista que o solvente que apresentou dados mais expressivos foi o hexano, observa-se a viabilidade de extrações futuras com o mesmo. Portanto deve-se adequar tal método para a obtenção do óleo de sementes de melão, pela oportunidade do aproveitamento do mesmo na produção de bioprodutos de valores agregados consideráveis.
Agradecimentos
Ao PIBIC/CNPq/UFPE pela bolsa de iniciação científica, aos amigos e técnicos do Laboratório de Química do CAA pelo apoio durante as atividades.
Referências
NETO, B. B.; SCARMINIO, I. S.; BRUNS, R. E. Como fazer experimentos: pesquisa e desenvolvimento na ciência e na indústria. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
COSTA, N. D.; O cultivo do melão. Disponível em: <http://www.hortibrasil.org.br/jnw/images/stories/Melao/m.69.pdf> Acesso em: 30/07/2014
ROCHA, L.G.; Dossiê Técnico, aproveitamento de resíduos agroindustriais. Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais. Maio, 2011.