ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Iniciação Científica
Autores
Souza, A.C.D. (UFGD) ; Oliveira, L.H. (UFGD) ; Roveda, A.C. (UFGD) ; Ferreira, V.S. (UFMS) ; Trindade, M.A.G. (UFGD)
Resumo
Neste trabalho, avaliou-se o efeito sinérgico do corante solvente azul 35 (SA- 35) por meio da estabilidade do biodiesel produzido a partir de Nabo Forrageiro (Raphanus sativus L.). Estudou-se a influência do corante individualmente e juntamente com o antioxidante TBHQ (terc-butilhidroquinona). Mediante análises físico-químicas, a partir de seu índice de acidez e peróxido, e dienos e trienos conjugados – teste realizado por espectrofotometria no UV, detecção em 232 e 270 nm –, determinou-se os parâmetros indicativos da oxidação do biodiesel sob condições térmicas. As análises realizadas forneceram indícios de que o biodiesel sofre degradação ao longo do período de estocagem sob temperatura de 90 °C, no qual este processo teve maior efeito nas amostras isentas dos aditivos.
Palavras chaves
Biodiesel; Efeito sinergico; Estabilidade
Introdução
Conforme a definição da National Biodisel Board, o biodiesel é um derivado mono- alquil éster de ácidos graxos com cadeia longa, obtido por fontes renováveis que pode substituir combustíveis fósseis em motores de ignição por compressão [GERPEN, 2005 e KNOTHE, 2005]. O biodiesel é sensível à luz, sendo este sujeito à degradação por fotooxidação, mecanismo que envolve a adição direta de oxigênio singlete (1O2) aos ácidos graxos insaturados [BERSET, 1996]. Este processo oxidativo é causado pelo contato com o ar ambiente (autoxidação), exposição á luz, umidade, metais, calor e período de armazenagem. Assim sendo, manter a qualidade do biodiesel e suas misturas com combustíveis destilados do petróleo durante o longo período de estocagem é um consenso entre produtores, fornecedores e usuários do combustível [STAVINOHA, 1999]. Portanto, neste trabalho objetivou-se estudar a estabilização do biodiesel de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) após a adição do solvente azul 35 (SA-35) como aditivo estabilizante alternativo.
Material e métodos
Avaliação da Estabilidade Oxidativa: Obteve-se o biodiesel mediante extração e transesterificação do óleo de Nabo Forrageiro (NF). A degradação do biodiesel foi acelerada submetendo-o em estufa, a temperatura de 90 ºC, por 672 horas. Para acompanhamento deste processo, quatro amostras foram preparadas com os aditivos de interesse, cujas amostras e concentrações nas mesmas foram: (Amostra 1) SA-35 (10 mg/L) + TBHQ (50 mg/L); (Amostra 2) SA-35 10,0 mg/L; (Amostra 3) TBHQ 500 mg/L e (Amostra 4) isenta dos aditivos. Durante este processo, coletaram-se alíquotas a cada 168 h, e determinou-se os parâmetros de estabilidade mediante análises de acordo com as metodologias reportadas na literatura [FERRARI, SOUZA, 2009; LUTZ, 1985; MORETO, FETT, 1998]. Índice de ácidez (IA): Para esta análise, foram pesados cerca de 2,0 g das amostras de biodiesel de NF em erlenmeyers e, a seguir, dissolvidas com solventes apropriados. Titulou-se a mistura com hidróxido de sódio (0,010 mol/L) empregando o método clássico via indicador fenolftaleína. Índice de Peróxido (IP): Nesta análise, pesou-se 2,5 g da amostra contendo o aditivo de interesse em frasco Erlenmeyer – dissolveu-se em solvente apropriado e após repouso por 1,0 min. Titulou-se com solução de tiossulfato de sódio (0,01 mol/L). Medidas de Absorbância Específica no UV: O método permitiu avaliar a absorbância do biocombustível em comprimentos de onda do espectro ultravioleta (detecção em 232 e 270 nm), cujo resultado forneceu indicação de seu grau de oxidação. Para o acompanhamento do aumento da absortividade na região do espectro ultravioleta foram feitas adaptações nos métodos reportados na literatura [FERRARI, SOUZA, 2009; LUTZ, 1985; MORETO, FETT, 1998].
Resultado e discussão
Indice de ácidez (IA): Nesta análise, obervou-se que houve um aumento
significativo apenas para a amostra de biodiesel isenta dos aditivos, indicando
sua degradação e demonstrando a suscetibilidade quando sobmetido a ação de
fontes de calor (Fig. 1). Para a amostra acrescido da mistura do corante SA-35
(10 mg/L) + TBHQ (50 mg/L), verificou-se maior resistência com relação à
degradacao oxidativa, sendo menos susceptível frente às condições de estocagem.
Em relação as demais amostras, apenas com o SA-35 (10 mg/L) ou contendo apenas o
TBHQ (500 mg/L), não houve variação significativa do IA durante todo o tempo de
exposição a temperatura de 90 ºC e os resultados foram, praticamente,
semelhantes a amostra contendo a mistura (SA-35 + TBHQ).
Indice de peróxido (IP): Para o estudo do IP, observou-se um comportamento
semelhante ao estudo do IA. Na amostra isenta dos aditivos, observou-se que a
degradação aumentou gradativamente durante todo intervalo de avaliação,
evidenciando à formação de peróxidos após as condições de estocagem sob alta
temperatura. No entanto, para as demais amostras, contendo os aditivos de
interesse, o IP apresentou um comportamento semelhante ao verificado para o
estudo do IA, indicando que o aditivo SA-35 atendeu satisfatoriamente aos
objetivos iniciais deste trabalho.
Medidas de Absorbância Específica no UV: Os espectros registrados para as
amostras controle foram, significtivamente afetados, com aumento da
absortividade na região de 232 e 270 nm, cujo aumento indicou a oxidação de
ácidos graxos insaturados e, estes resultados foram condizentes e complementares
aos obtidos pelos estudos do IP.
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Variação do índice de acidez (IA) ao decorrer do tempo de estocagem, em estufa, sob temperatura de 90 ºC.
Conclusões
De acordo com os resultados obtidos conclui-se que o efeito sinérgico entre o aditivo SA-35 e o antioxidante TBHQ (terc-butilhidroquinona) pode ser uma alternativa viável na estabilização do biodiesel de nabo forrageiro (Raphanus sativus L.), uma vez que a concentração em estudo foi menor do que o, convencionalmente, empregado para este fim (em geral, 500 mg/L). Estudos adicionais estão sendo realizados para complementar tais evidências, entretanto, os resultados parciais são satisfatórios e atendem aos objetivos iniciais deste trabalho.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao apoio financeiro do PIBIT / UFGD / CNPq, CAPES e FUNDECT.
Referências
[1]. BERSET, C.; CUVELIER, M. E.; Sciences des aliments 1996, 16, 219
[2]. FERRARI, R.A.; SOUZA, W.L. Quím. Nova, v. 32, p. 106-111, 2009.
[3]. KNOTHE, G.; GERPEN, J. V.; KRAHL, J.; RAMOS, L. P. Manual de Biodiesel, 1ª ed. São Paulo: Editora Blucher, 2006
[4]. LUTZ, A. Métodos químicos e físicos para análise de alimentos. 3a ed., São Paulo, 1985.
[5]. MORETTO, E.; FETT, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras Vegetais. São Paulo: Varela, 1998. 150p.
[6]. QUINTELLA, C.M. et al. Quím. Nova, v. 32, p. 793-808, 2009.
[7]. STAVINOHA, L. L.; HOWELLl, S. Em Potential Analytical Methods for Stability Testing of Biodiesel and Biodiesel Blends, em Soc. Automot. Eng. Spec. Publ. SP - 1482, Alternative Fuels; 1999, Society of Automotive Engineers: Warrendale, 1999, p.79-83.