ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Iniciação Científica
Autores
de Fátima Pinheiro Pereira, S. (UFPA) ; Pinheiro Nogueira, D. (UFPA) ; Galvão Miranda, R. (UFPA) ; Magno Rocha, R. (UFPA) ; Rafael Oliveira, G. (UFPA) ; Castro dos Santos, D. (UFPA) ; Clayton França Bráz, A. (UFPA) ; Oliveira Souza, F. (UFPA)
Resumo
O presente trabalho avaliou as condições físico-químicas da água fornecida à população do município de Barcarena-PA. A caracterização das variáveis químicas e físico-químicas das amostras foram realizadas com o auxílio de uma sonda multiparamétrica. Os cálculos estatísticos foram efetuados através de modelos adequados onde se obteve os seguintes resultados:temperatura variou entre 23,86 e 34,14°C;Sólidos totais dissolvidos variaram de 0,010 a 0,2180,06g/L;pH oscilou entre 3,18 e 6,79;Condutividade variou entre 17,00 e 360,00µЅ/cm;Oxigênio Dissolvido variou entre 0,80 e 9,90mg/L;Salinidade oscilou entre 0,010 e 0,160 g/L e potencial redox oscilou entre 34 a 204mv. As variáveis investigadas apresentaram valores considerados normais, excetuando-se os valores de pH e OD previsto pelo CONAMA.
Palavras chaves
Saúde; Modelagem; Água potável
Introdução
A poluição das águas é principalmente fruto de um conjunto de atividades humanas, sendo que os poluentes alcançam águas superficiais e subterrâneas de formas diversas (ZIMMERMAN, et al., 2008). O município de Barcarena é marcado pela intensa atividade industrial, caracterizada pelas indústrias de mineração e pelo escoamento da produção dessas indústrias (PAZ, et al., 2011). A empresa ALUNORTE processa a bauxita para a produção da alumina que será utilizada para a produção do alumínio metálico. Porém, a “lama vermelha”, que é proveniente do processo Bayer, vem causando impactos negativos no meio ambiente local e arredores. Impactos esses que afeta não somente quem trabalha diretamente com àquele processo como também a população que utiliza as águas dos rios da região para a sua subsistência.
Material e métodos
O planejamento amostral envolveu o município de Barcarena, com o foco nas comunidades do polo industrial e arredores e nas comunidades das ilhas, que embora afastadas do polo industrial também reclamam da perda da qualidade da água consumida e da qualidade de vida. Em parceria com as lideranças comunitárias, foram escolhidos dois grupos: Grupo 1 região próxima ao Pólo industrial e Grupo 2 região das ilhas. A coleta foi realizada em período de menor precipitação pluviométrica (agosto e setembro) para a região. A maioria das amostras são de água de poço (com uma profundidade média de 8 m). Devido às grandes áreas, necessitou-se de 118 amostras de água de consumo, para se ter uma representatividade estatística do todo. As amostras foram coletadas em duplicata, através de garrafa modelo "Van Dorn" (volume de 5 litros), sendo que as mesmas foram coletadas na superfície (=100% de irradiação solar). Os ensaios físico-químicos (temperatura, condutividade, sólidos totais dissolvidos (TDS), salinidade, oxigênio dissolvido (OD), pH e Eh) foram realizados in situ utilizando sonda multiparâmetros YSI-6600, que pode medir até quatorze (14) parâmetros simultaneamente para esta finalidade. Para os cálculos estatísticos foram utilizados os programas Minitab versão 14 e Microsoft Office Excel 2007. Na estatística descritiva foram obtidos: média, desvio-padrão, coeficiente de variação e teste-t de significância para amostras independente.
Resultado e discussão
A verificação de contaminação das águas consumidas pela população e do meio ambiente, foi feita através da estatística descritiva geral, referenciada pelo CONAMA, para as águas de Classe II. Os resultados obtidos encontram-se na Tabela 1. A temperatura média foi de 28,36±1,67oC e variação entre 23,86 a 34,14 °C. Não houve oscilações significativas, porém verificou-se um incremento da mesma, que pode estar relacionado à descargas de fontes poluidoras, horário da coleta e estação sazonal (PEREIRA, et al., 2007). A média para a condutividade foi de 91,02±83,82 µЅ/cm e intervalos de 17 a 360 µS/cm. E que pode ser atribuído ao despejo industrial nos rios. Os sólidos dissolvidos totais (SDT) variaram de 0,010 a 0,218 g/L e média de 0,055±0,051 atendendo a concentração máxima (1,00 g/L) estabelecida pela Portaria n◦ 2914‒11 (MS). As variações de salinidade foram de 0,010 a 0,160 g/L com média de 0,039±0,037 g/L no período de estiagem, ficando dentro do intervalo de (0‒0,5 g/L) estabelecido pelo CONAMA. O Eh teve variações de 34,00 a 204,00 mv, e média de 136,57±39,11 mv apresentando características oxidantes quanto à fugacidade de oxigênio (redutor/oxidante). A média do Oxigênio Dissolvido foi de 5,46±1,84 e intervalos de 0,80 mg/L a 9,90 mg/L. O valor mínimo pode ser devido à presença de bactérias e plantas aquáticas. Já que a concentração de OD em rios amazônicos isentos de ação antrópica variam entre 6 a 8 mg/L (PEREIRA, et al., 2007). Os valores de pH, variaram entre 3,81 e 6,79 com média de 4,74±0,61. O boxplot (figura 1), mostra a maior variabilidade nos valores de pH das estações do continente em relação aos das ilhas. Isso pode ser justificado pela presença de bacias com efluentes ácidos sem impermeabilização na região. O que não acontece com o oxigênio dissolvido.
N- Número de amostras; NC - Nível de Confiança; CONAMA- Concelho Nacional de Meio Ambiente
Figura 1. BoxPlot dos parâmetros OD e pH da água potável medidos no período de estiagem Cont: Continente; OD: Oxigênio Dissolvido
Conclusões
A partir dos resultados alcançados, concluiu-se, que as variáveis Temperatura, Condutividade, Sólidos totais dissolvidos e salinidade mantiveram-se dentro dos valores estabelecidos pela legislação do Conselho Nacional de Meio Ambiente. Porém, 28 estações estudadas apresentaram valores para o pH fora do intervalo (6-9), preconizado pela legislação. Além disso, em algumas estações os valores de Oxigênio dissolvido também apresentaram-se abaixo de 6 mg/L, estabelecido pela legislação. Os referidos valores podem comprometer não somente a saúde da população, mais também, a vida aquática.
Agradecimentos
Ao Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM) da Universidade Federal do Pará. Ao (SESPA-LACEN), A SEMMA, pela infrae-strutura oferecida.
Referências
BRASIL. Portaria nº 2914 de 12 de Dezembro de 2011. Ministério da Saúde aprova normas e padrões de potabilidade da água destinada ao consumo humano. Diário Oficial, Brasília, 14 Dez. 2011a, Seção 1, p.266-70.
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução, nº 357 de 17 de março de 2005, p: 9-24, 2005.
PAZ, A. C.; FRÉDOU, F. L. & FRÉDOU, T. Caracterização da atividade pesqueira em Vila do Conde (Barcarena, Pará), no estuário amazônico. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. Vol. 6. p307-318. 2011.
PEREIRA, S. F. P.; LIMA, M. A.; FREITAS, K. H.; MESCOUTO, C. S.; SARAIVA, A. F. Estudo químico ambiental do rio Murucupi -Barcarena, PA, Brasil, área impactada pela produção de alumínio. Revista Ambi-Água, Taubaté, 2(3):62-82, 2007.
ZIMMERMANN C. M., GUIMARÃES O. M., PERALTA-ZAMORA P. G. Avaliação da qualidade do corpo hídrico do rio Tibagi na região de Ponta Grossa utilizando análise de componentes principais (PCA). Química Nova, Ponta Grossa, v. 31, n. 7, p. 1727-1732, 2008.