ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Bioquímica e Biotecnologia
Autores
da Silva, S.C. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS) ; Guilherme, L. R. (UEG)
Resumo
Polímeros como o alginato (ALG) e a quitosana (QT) têm sido amplamente utilizados como transportadores de fármacos. A incorporação de nanopartículas magnéticas de óxido de ferro (NP) podem vetorizar drogas encapsuladas em polímeros para alvos específicos no organismo de seres vivos. Este trabalho apresenta os resultados obtidos no encapsulamento de NP em sistemas nanoestruturados à base de ALG e QT. Foi possível através de espectroscopia vibracional na região do infravermelho (IV)observar sinais característicos de NP incorporadas ao um sistema ALG/QT. Foi possível observar através de potencial zeta que os sistemas coloidais são estáveis. Os resultados mostram ser possível realizar a incorporação de nanopartículas de óxido de ferro ao sistema proposto.
Palavras chaves
óxido de ferro; nanopartículas; alginato e quitosana
Introdução
A microencapsulação de drogas por polímeros é um processo que possui larga aplicação industrial para desenvolvimento de novas formas farmacêuticas, devido principalmente às suas características de biocompatibilidade e biodegradabilidade (MANDAL et al.; YOUAN et al., 2001). Polímeros como o alginato (ALG), a quitosana (QT) e seus derivados têm-se mostrado bons candidatos para transporte e liberação controlada de drogas (BAGRE; JAIN; JAIN, 2013). Degen et al (2012) utilizaram alginato para formar “beads” com nanopartículas magnéticas (NP) incorporadas as quais apresentaram alta sensibilidade a aplicação de campo magnético. Esta possibilidade, de incorporar partículas magnéticas à polímeros, poderia aumentar a entrega droga em sítios específicos, visto que o uso de campo magnético poderia auxiliar em sua vetorização, diminuindo desta forma possíveis efeitos colaterais. Dentro deste contexto este trabalho pretende utilizar polímeros de alginato e quitosana para incorporar nanopartículas magnéticas como um novo meio de transporte para esta droga.
Material e métodos
Inicialmente realizou-se a síntese de um fluido magnético a partir do preparo de partículas de óxido de ferro, através da coprecipitação dos íons Fe (II) e Fe (III) em meio alcalino com posterior funcionalização das partículas (FM) segundo Khalafalla e Reimers (1980), para realizar a incorporação das nanopartículas aos polímeros alginato/ quitosana e Anfoterina B. Para encapsular as partículas de óxido de ferro ao alginato/quitosana, com diferentes teores de óxido de ferro seguiu-se uma modificação no método de Rajaonarinony (1993) e de Sarmento (2007), onde foram preparadas amostras com e sem FM (PP1), com volumes variando de 0 a 100L de fluido,( 1L=PP2; 10 L=PP3; 100 L = PP4), as quais foram secas através de liofilização para realização das caracterizações.
Resultado e discussão
As partículas de óxido de ferro com alginato/quitosana com diferentes teores de
óxido de ferro foram analisadas por espectroscopia vibracional na região do
infravermelho (IV). Os espectros IV das amostras PP2, PP3 e PP4, apresentam duas
bandas de intensidade média (Figura 1) em torno de 620 e 585cm-1, característica
da ligação Fe-O nos interstícios tetraédricos e octaédricos de maguemita e
magnetita (YU et al, 2000). Observa-se a existência de bandas nas regiões de
1600 e 1410cm-1 correspondente aos estiramentos simétrico e assimétrico da
ligação COO- do alginato e da quitosana presente nas amostras PP1, PP2, PP3 e
PP4 e do ácido graxo utilizado para realizar a funcionalização das NPs em PP2,
PP3 e PP4.
Figura 1- Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho (IV) para as
amostras PP1, PP2, PP3 e PP4.
A identificação da estrutura cristalina dos óxidos de ferro magnéticos foi
caracterizado por de difração de raios-X, o tamanho médio dos cristalitos foram
calculados a partir da medida da largura a meia altura do pico que corresponde à
linha de reflexão (311) do difratograma, usando a Equação de Debye-Scherrer,
obtendo um diâmetro médio da partículas de 9,5 nm, característico de
magnetita/maguemita (JCPDS 19-629). Os valores de potencial zeta apresentados
mostram que adquirem altos valores de potencial zeta negativo indicando uma
maior estabilidade da suspensão coloidal (Tabela 1). Normalmente suspensões com
valores de potencial zeta maiores que 30 mV ou menores que -30mV são
consideradas estáveis (CLOGSTON; PATRI, 2011).
As amostras apresentaram presença de ferro, quantificado através da técnica de
espectroscopia de absorção atômica com valores em torno de 0,225microLitros
Tabela 1. Potencial Zeta das obtido nas amostras com e sem incorporação de NP
- Espectroscopia Vibracional na Região do Infravermelho (IV) para as amostras PP1, PP2, PP3 e PP4.
Conclusões
Os resultados obtidos sugerem que foi possível incorporar nanopartículas magnéticas de óxido de ferro ao material polimérico alginato /quitosana. Espera-se como continuidade deste trabalho realizar medidas magnetização e incorporação de fármacos antifúngicos ao sistema nanoparticulado.
Agradecimentos
Ao CNPq pela bolsa fornecida, aos Professores Paulo Cesar de Morais, Emilia C. O. Lima e Ricardo B. Azevedo pelo uso de seus laboratórios e insumos.
Referências
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