Técnicas de obtenção do óleo de Azadirachta indica e aplicações comerciais

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Bioquímica e Biotecnologia

Autores

Emerenciano, D.P. (UFRN) ; Maciel, M.A.M. (UNP/UFRN) ; Baracho, B.B.D. (UFRN) ; Moura, M.F.V. (UFRN)

Resumo

O crescente interesse em estudos científicos objetivando a produção de medicamentos de origem vegetal,impulsiona o mercado fitoterápico e os procedimentos experimentais dos bioprodutos.Neste contexto,se destacam vegetais trituradas e encapsulados,processos de extração de óleos, dentre outros.Azadirachta indica A. Juss(Meliaceae) é uma planta nativa da Índia,com aplicações fitomedicinais significativas, e provou ser uma planta promissora para ser explorada pela indústria farmacêutica.No presente trabalho,encontram-se descritos uma abordagem resumida para as aplicações comerciais do óleo das sementes de A.indica e procedimentos fitoquímicos para a obtenção deste óleo, com destaque para a realização de extrações utilizando ultrassom na presença de hexano,com rendimento significativo de 1-10%.

Palavras chaves

Azadirachta indica; técnicas de extração óleo; aplicações comerciais

Introdução

Dentre as plantas que tem sido utilizadas milenarmente para tratar e curar diversas doenças, destaca-se a espécie vegetal Azadirachta indica A. Juss, conhecida no vernáculo como “neem ou nim”. Trata-se de um tipo de árvore frondosa que pertence à família Meliaceae, de origem asiática, natural de Burma e das regiões áridas do subcontinente indiano, onde existem, aproximadamente, 18 milhões de árvores. Atualmente é cultivada nos Estados Unidos, Austrália, nos países da África e América Central. Caracteristicamente, as folhas de A. indica são aglomeradas nos extremos, e apresentam ramos simples com coloração verde- claro intenso. Apresenta inflorescência branca e estames amarelos. Seu fruto é uma drupa ovalada de coloração verde-claro, com 1,5 a 2,0 cm de comprimento, com polpa macia e, quando maduro, apresenta polpa amarelada e casca branca de conssistência dura, contendo um óleo de cor marrom localizado no interior da semente. Azadirachta indica A. Juss vem sendo utilizada há mais de 2000 anos no controle de pragas de insetos, tais como: mosca-branca, minadora, brasileirinho, carrapato, lagartas, bem como de pragas de grãos armazenados (nematóides, alguns fungos, bactérias e vírus). Estudos científicos desenvolvidos com A. indica desenvolvidos por vários grupos de pesquisa em todo o mundo, resultaram no isolamento e elucidação estrutural de mais de 100 compostos, dentre eles, encontra-se o tetranortriterpenóide azadiractina (Figura 1). Este metabólito é encontrado em todas as partes da planta com maior percentual nas sementes dos frutos com quantidade significativa (3,5 mg g-1 em uma biomassa equivalente a 30 a 50 % de óleo), por esta razão, tem seu uso alimentício comprometido em função da azadiractina ser o metabólito especial de maior teor tóxico desta planta.

Material e métodos

A metodologia para a extração do óleo de Azadirachta indica A. Juss foi proposta por Dantas et al. (2010), em que a partir das sementes de Azadirachta indica A. Juss (Figura 2), secas em estufa a temperatura de 45°C, e trituradas, podem ser submetidas a extrações via percolação (24 h), com hexano P.A. (solvente) e auxílio de um ultrassom, e concentrado em evaporador rotativo. A degomagem do óleo pode ser realizada de acordo com o precedimento descrito em Benício et al. (2010), para a retirada de impurezas.

Resultado e discussão

A extração do óleo das sementes de Azadirachta indica que apresenta um percentual significativo de extração, com rendimento de 1 a 10%, sem risco de degradação térmica da amostra, foi observado através da utilização do ultrassom, com hexano como solvente, extração a frio e tempo reduzido (2,5 horas), em comparação com a metodologia a quente, Soxhlet (método extrativo de maior utilização), que leva de 6 a 8 horas de extração. De acordo com Mazoni (2008), o rendimento para o esta metodologia é de 47,4%. Os principais inconvenientes que o método de Soxhlet apresenta são, o longo tempo requerido para a extração e o grande volume de solvente utilizado, o qual não é somente de alto custo, mas também pode ser nocivo à saúde e ao meio ambiente, além de apresentar degradação térmica da amostra (GUSSO et al., 2012). Em relação à extração a frio, o método utilizado com o ultrassom apresentou vantagens tais como, a extração do óleo vegetal sem aquecimento e equipamentos sofisticados, e dessa forma, não apresenta riscos de degradação térmica dos metabólicos especiais, o grande volume de solventes só é utilizado se houver grande quantidade de sementes. A comercialização do óleos das sementes de A. indica ocorre de forma livre, como o OFF-NEEM produto a base de óleo de neem puro emulsionado(90% neem e 10% emulsionante,Figura 2), ou incorporado a outras espécies vegetais,como por exemplo,o produto FORTNEEM(Figura 2), cuja especificação se refere ao misturado de extrato de timbó(cipó amazônico, repelente e inseticida natural), piretro natural(crisântemo, repelente e inseticida natural), extrato pirolenhoso(repelente, inseticida e fungicida e ativador fisiológico), fumo e pimenta do reino, que juntos potencializam os efeitos do neem, tornando-o ainda mais eficiente.

Figura 1

Representação da estrutura química de azadirachtina

Figura 2.

Imagem publicitária do Off-NEEM e FORTENEEM

Conclusões

Pode-se concluir que a espécie medicinal A. indica é uma planta que vem se tornando importante na terapia herbal alternativa, principalmente na agroindústria, sendo, portanto, a rica fonte de metabólicos especiais que pode vir a produzir fitofármacos e ainda, novos agentes agroquímicos biocompatíveis, como bioformulações a partir do óleo das sementes desta planta, rico em azadirachtina objetivando novas formulações biotecnológicas (EMERENCIANO, 2013). Neste contexto, a azadiractina desperta um interesse significativo em função das suas propriedades fagorrepelente e inseticidas já comprovadas.

Agradecimentos

Os autores agradecem a UFRN e CAPES pelo apoio e suporte financeiro.

Referências

BENÍCIO, D. A.; QUEIROGA NETO, V.; SOUSA, J. G. Avaliação as Propriedades Físico-Químicas e da Composição Química Parcial do Óleo De Sementes de Nim Indiano (Azadirachta Indica A. Juss), Cultivado No Município De Patos - Paraíba. Revista de Biologia e Farmácia, v. 4, n. 2, 2010.
DANTAS, D. M. M.; DRUMMOND, A. R. F.; SANTOS, L. B. G. Extração de óleo de microalga utilizando ultrassom com diferentes solventes visando a produção de biodiesel. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4.; SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1., 2010, João Pessoa/PB. Anais... Campina Grande: Embrapa Algodão, p. 1900-1904, 2010.
MAZONI, J. N. O. Inativação de fungos e extração de azadiractina e oleo de sementes de nim (Azadirachta indica A.Juss) utilizando fluidos supercríticos. 2008. 119 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Química). 2008. 119 f. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, 2008.
GUSSO, A. P.; MATTANNA, P.; PELLEGRINI, L. G.; CASSANEGO, D. B.; RICHARDS, N. S. P. S.; RIBEIRO, A. S. Comparação de diferentes métodos analíticos para Quantificação de lipídios em creme de ricota. Revista do Instituto de. Laticínios “Cândido Tostes”, v. 67, n. 389, p. 51-55, 2012.
FORTENEEM. Disponível em: <http://www.classificadosagricolas.com.br/produtos/insumos/defensivos/pironim-losna-produto-a-base-de-oleo-de-neem-combate-lesmas-e-caramujos-5-lts>. Acesso em 28 jul. 2014.

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