LEVANTAMENTO DAS PLANTAS UTILIZADAS COMO MEDICINAIS POR MORADORES DO BAIRRO VILA ALECRIM NA CIDADE DE CAXIAS, MARANHÃO – DADOS QUÍMICOS E FARMACOLÓGICOS

ISBN 978-85-85905-10-1

Área

Química Orgânica

Autores

dos Santos Freire, J. (UEMA) ; Cristina Alves da Rocha, M. (UEMA) ; Célia Ferreira Soares, A. (UEMA) ; da Silva Sousa, M. (UEMA) ; da Silva Oliveira, S. (UEMA) ; Oliveira Andrade, R. (UEMA) ; Bragas de Oliveira, V. (UEMA) ; Ferreira Belchior Júnior, M. (UEMA)

Resumo

Este trabalho teve como objetivo o levantamento das espécies vegetais utilizadas como medicinais por moradores do Bairro Vila Alecrim na cidade de Caxias – MA. Foram entrevistados 50 moradores da zona urbana dessa cidade, através das quais foram coletados 162 questionários a respeito do uso de plantas como medicinais. E registrou-se 38 espécies, distribuídas em 35 gêneros e 28 famílias. As seis espécies mais citadas pelos moradores foram: Melissa officinalis L (Lamiaceae); Plectranthus barbatus (Lamiaceae); Cymbopogon citratus stapf (Gramineae); Mentha Sylvestris (Lamiaceae); Plectranthus amboinicus (Lamiaceae); Chenopodium ambrosioides L (Chenopodiaceae). Confirmou-se por este que a maioria das formas de utilização relatadas pelos entrevistados está de acordo com o relatado na literatura.

Palavras chaves

Química; Farmacologia; Plantas medicinais

Introdução

O homem primitivo, ao procurar plantas para seu sustento, foi descobrindo espécies com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma sistematização empírica dos seres vivos, de acordo com o uso que podia fazer deles. Indícios do uso de plantas medicinais e tóxicas são encontrados nas mais antigas civilizações (SILVA et al, 2001). A utilização de plantas e substâncias com fins medicinais nasceu com a humanidade e foi se transformando com o passar dos anos. Segundo relatos, há mais de 3000 anos a.C. o cultivo e uso de plantas como medicinais já existia e ainda hoje são utilizadas com eficácia na medicina popular e por laboratórios farmacêuticos como fonte de substâncias para síntese de medicamentos (RODRIGUES et al, 2001). Mesmo com os grandes avanços que ocorreram na medicina nas últimas décadas, as plantas ainda representam uma grande contribuição para a manutenção da saúde. Muitas comunidades utilizam a vegetação nativa e as cultivam no combate das mais variadas enfermidades (SOUZA, 2006). Praticamente todos os povos ou etnias do mundo usam plantas medicinais, ou seus derivados, de forma direta ou indireta para o tratamento de males que acometem o homem ou para atingir o estado de completo bem-estar físico, mental e social (KOROLKOVAS, 1996). Sua aplicação é vasta e abrange desde o combate ao câncer até microrganismos patogênicos (X.LOZOYA, 1997). Toda planta que é administrada de alguma forma e, por qualquer via ao homem ou animal exercendo sobre eles uma ação farmacológica qualquer é denominada planta medicinal (MORGAN, 1994). Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que dispunham de condições mínimas necessárias (MARTINS et al., 1995).

Material e métodos

O desenvolvimento deste trabalho foi realizado foi no perímetro urbano no bairro Vila Alecrim da cidade de Caxias, município do Estado do Maranhão. A cidade de Caxias possui 155.129 habitantes segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE por meio do Censo 2013. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas diretamente aplicadas aos moradores da região pesquisada, através de questionários. Os entrevistados responderam oralmente as perguntas feitas sobre as plantas medicinais utilizadas, seus usos, coleta e manipulação, além de dados socioeconômicos. Os moradores entrevistados foram escolhidos de forma aleatória. E os dados obtidos foram avaliados comparativamente aos constantes na literatura. Diante disso, foi realizado um levantamento bibliográfico das espécies mais citadas entre os pesquisados.

Resultado e discussão

Foram entrevistados 50 moradores, entre 19 e 85 anos, representando uma grande variação na faixa etária. Dos 50 entrevistados 78% responderam que sabem o que são plantas medicinais e fazem o seu uso e 22% disseram que não sabem o que são plantas medicinais. A cura de enfermidades através das plantas ainda é muito difundida entre os membros da família, onde 77% dos entrevistados adquiriram o conhecimento de seus pais, 12,8% afirmaram ter sido de seus avôs e 10,2% adquiriram conhecimento de outras pessoas que não eram da família. Os dados referentes aos recursos vegetais utilizados para fins medicinais durante a coleta de informações Etnobotânica, permitiram catalogar 38 espécies, distribuídas em 35 gêneros e 28 famílias. As plantas com maior número de citações utilizadas como medicinais pelos moradores do Bairro Vila Alecrim foram: Melissa officinalis L (Erva-cidreira) com 24 citações, Plectranthus barbatus (Boldo) com 23 citações, Cymbopogon citratus stapf (Capim-de-cheiro) com 15 citações, Mentha Sylvestris (Hortelã) com 15 citações, Plectranthus amboinicus (Malvariço) com 10 citações e, Chenopodium ambrosioides L (Mastruz) com 05 citações. Onde os moradores afirmaram coleta para uso, a qualquer horário, quando necessário.

Conclusões

Diante do exposto concluímos que a comunidade do Bairro Vila Alecrim possui conhecimento das plantas medicinais e as utilizam para os mais variados fins. Após verificar a finalidade terapêutica, modo de preparo e parte utilizada pelos entrevistados seis espécies se destacaram. Daí então se correlacionou os dados obtidos com o descrito na literatura, no que diz respeito à finalidade terapêutica, princípios ativos isolados e farmacologia comprovada, onde se constatou que das seis, cinco espécies estão sendo utilizadas de forma adequada pelos entrevistados.

Agradecimentos

Aos professores e amigos da Universidade Estadual do Maranhão que colaborarão de forma direta e indireta para realização desta pesquisa.

Referências

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>. Acesso em: 03 abr. 2014.
KOROLKOVAS, A. A riqueza potencial de nossa flora. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 1, n. 1, p. 1-7, 1996.
MARTINS, E. R., et al . Plantas Medicinais. Edição Imprensa Universitária - UFV. Viçosa. Minas Gerais, p. 220, 1995.
MORGAN, R. Enciclopédia das Ervas e Plantas Medicinais. São Paulo: Hemus. 5. ed., p. 55, 1994.
RODRIGUES, V. E. G.; CARVALHO, D. A. Levantamento Etnobotânico de plantas medicinais no domínio do cerrado na região do Alto Rio Grande – Minas Gerais. Lavras: UFLA, 2001.
SILVA, S. R., et al. Plantas medicinais do Brasil: aspectos gerais sobre a legislação e Comércio. Relatório da Rede Traffic. Quito, Equador: Traffic América do Sul, WWF/IBAMA, p. 44, 2001.
SOUZA, C. D. de; FELFILI, J. M. Uso de plantas medicinais na região de Alto Paraíso de Goiás, GO, Brasil. Acta Botânica Brasileira, v. 20, n. 1, p.135-142, 2006.
X. LOZOYA, INVESTIGACIÓN Y CIENCIA. Breve análise histórica da Química de Plantas Medicinais: Sua importância na atual concepção de fármaco segundo os paradigmas, p. 254, 1997.

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