ISBN 978-85-85905-10-1
Área
Química Orgânica
Autores
Fratari, S.C. (IFMT - BELA VISTA) ; Both, L. (IFMT - BELA VISTA) ; Sanches, M.U.C. (IFMT - BELA VISTA) ; Almeida, E.D. (IFMT - BELA VISTA)
Resumo
A IUPAC estabeleceu as regras de nomenclatura das substâncias orgânicas e faz as devidas atualizações quando necessário. A última atualização significante foi feita em 1993 cujas regras foram traduzidas para a Língua Portuguesa e publicada em 2002 no Guia IUPAC para Nomenclatura dos Compostos Orgânicos. Segundo esta publicação, cada substância pode ter vários nomes, mas cada nome deve levar, sem ambiguidade, à mesma fórmula. Foi estabelecida a nomenclatura sistemática ou substitutiva, a de classe funcional, a trivial, entre outras. Ao consultarmos livros didáticos, sites da internet e publicações diversas, encontramos muitas contradições nas formas de nomenclatura. Este trabalho tem o objetivo de discutir e propor um padrão segundo as recomendações da IUPAC.
Palavras chaves
Nomenclatura sistemática; de classe funcional; nomenclatura trivial
Introdução
Segundo o Guia IUPAC para a Nomenclatura dos Compostos Orgânicos, “a principal finalidade da nomenclatura química é a de identificar as espécies químicas através de palavras escritas ou faladas” (FERNANDES et al. p. xxiii, 2002). Ainda, segundo este Guia, “este propósito exige um sistema de princípios e regras, cuja aplicação dá origem a uma nomenclatura sistemática” (FERNANDES et al. P. xxiii, 2002). A substância pode ter vários nomes oficiais, sendo que cada nome deve conduzir, sem ambiguidade, a uma única fórmula. Assim, a IUPAC estabeleceu a nomenclatura sistemática (ou substitutiva), que á baseada em prefixo (número de átomos de carbono) + infixo (tipo de ligação entre os carbonos) + sufixo (função orgânica). Toda forma de nomenclatura reconhecida pela IUPAC é oficial. Além da nomenclatura sistemática ou substitutiva, a IUPAC reconhece a de classe funcional, a Hantzch-Widman, aditiva, conjuntiva, subtrativa, de associações, de permuta de fusão, de coordenação, permutativa, de ligação, trivial e semitrivial. Destes, os mais comuns são o nome de classe funcional e o trivial. O de classe funcional designa a função e o grupo orgânico ao qual está ligado. O nome trivial não tem significado sistemático, é como se fosse um apelido. Como exemplo podemos citar a seguinte estrutura: H3C-CO-CH3 (Nome sistemático: propanona; nome de classe funcional: cetona dimetílica; nome trivial; acetona). Neste caso, “acetona” pode ser considerado nome semitrivial, pois cita a função.
Material e métodos
Para a elaboração deste trabalho foram confrontados os textos de vários livros didáticos de Química Orgânica do Ensino Médio, da graduação - existentes nas bibliotecas dos campi do IFMT - e diversos sites da internet. Em todas essas fontes buscou-se as denominações dadas às formas de nomenclatura das substâncias orgânicas. Alguns desses livros são aprovados no Plano Nacional do Livro Didático (MORTIMER & MACHADO, FONSECA, ANTUNES), portanto, distribuídos aos alunos de Ensino Médio das escolas públicas. Já os livros de graduação encontrados nas bibliotecas (BRADY, SOLOMONS, MORRISON, ALLINGER, BRUICE, BARBOSA), como geralmente são traduções de livros de outras línguas, apresentam desatualizações e contradições mais frequentes. E nos sites pesquisados, entre eles a Wikipédia, também trazem termos inadequados para expressar as formas de nomenclatura.
Resultado e discussão
Os resultados desta pesquisa são muito contraditórios e distante das
recomendações da IUPAC. Por exemplo, a nomenclatura sistemática é citada como
“nomenclatura IUPAC”(MORTIMER & MACHADO, p. 45, 2014), “nomes oficiais”
(Wikipédia), “Nomenclatura Sistemática (Oficial)” (PT.slideshare.net), “nome
oficial” (FONSECA, p.309, 2010), “Sistema IUPAC de Nomenclatura” (BRADY, p. 313,
2003), “Nome IUPAC” (SOLOMONS, p.65, 2011), “nome oficial (nomenclatura IUPAC)”
(PERUZZO, p. 71, 2006). Já a nomenclatura de classe funcional geralmente é
tratada como “nomes usuais’ (FONSECA, p. 322, 2010), “nomes não-sistemáticos ou
nomes comuns” (BRADY, p. 315, 2003), “nomes antigos... nomes comuns ou triviais’
(SOLOMONS, p. 128, 2011), “nomenclatura radicofuncional” (BARBOSA, p. 44, 2011),
“nomenclatura de classe funcional IUPAC” (PERUZZO, p. 74, 2006). Como se vê, os
termos usados são muito contraditórios. Nos textos, não há clareza para a
distinção das formas de nomenclatura. Usberco, em seu Volume Único, afirma: “A
nomenclatura oficial dos compostos orgânicos considera...um prefixo, uma
partícula intermediária e um sufixo” (USBERCO, p. 540, 2010). No site educação
cita: “O nome dos compostos orgânicos é constituído de três partes, de acordo
com a nomenclatura da IUPAC: prefixo...infixo...e sufixo...”
(educação.uol.com.br). Ambos os textos pretendem explicar a nomenclatura
sistemática.
Conclusões
Há necessidade urgente de padronizar os termos para nomenclatura segundo as orientações da IUPAC: nomenclatura sistemática ou substitutiva, nomenclatura de classe funcional e nomenclatura trivial. Na nomenclatura sistemática cada parte do nome se refere às características da fórmula estrutural da substância. Nela devem constar o prefixo, infixo e sufixo, acrescidos de localizadores, prefixos multiplicativos e nomes dos demais ligantes, observando-se o uso correto de hífen, vírgula, espaço e ordem alfabética. Devem ser evitados termos como "nomes comuns ou usuais" ou "nome oficial".
Agradecimentos
Aos(às) colegas do IFMT, da ABQ e das Olimpíadas de Química que participam das discussões sobre a atualização da nomenclatura orgânica.
Referências
ANTUNES, Murilo Tissoni. Ser Protagonista – Ensino Médio – 1º Ano. 2-ed. Editora SM, São Paulo, 2013.
FONSECA, Martha Reis Marques da. Química 1 – 1-ed. Editora Ática, São Paulo, 2014.
FERNANDES ET ALL. Guia IUPAC para Nomenclatura dos Compostos Orgânicos – Tradução Portuguesa nas Variantes Européia e Brasileira. Lidel. Lisboa, 2002.
MORTIMER, Eduardo Fleury; MACHADO, Andréa Horta. Química 3 -2. Ed – Editora Scipione, São Paulo, 2014.
BRADY, James E. RUSSEL, Joel W. HOLUM, John R. Química: A Matéria e suas transformações – Vol2 2. 3-ed, LTC, Rio de Janeiro, 2003.
SOLOMONS, T. W. Graham. FRYLE, Craig B. QUÍMICA ORGÂNICA -1, 9-ed. LTC, Rio de Janeiro, 2011.
BARBOSA, L. C. de Almeida. Introdução à Química Orgânica, 2-ed. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2011.
MORRISON, R. BOYD, R. Química Orgânica – 15-ed. Fundação Calouste Gulberman, Lisboa, 2009.
PERUZZO, F. M; CANTO, E. L. QUÍMICA na abordagem do cotidiano – V.3 – 4.ed, Moderna, São Paulo, 2006.
USBERCO, J; SALVADOR, E. QUÍMICA – VOLUME ÚNICO, 8-ed. Saraiva, São Paulo, 2010.
http://educacao.uol.com.br/disciplinas/quimica/compostos-organicos---nomenclatura-como-dar-nomes-aos-compostos-organicos.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nomenclatura_IUPAC_de_compostos_org%C3%A2nicos