Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Tecnológica
TÍTULO: AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO ÓLEO DE COCO-DA-BAÍA COMO POTENCIAL PARA A PRODUÇÃO DE BIODIESEL
AUTORES: Lace, V.O. (IFMT-INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Gonçalves, C.R. (IFMT-INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Fraga, I.M. (IFMT-INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO) ; Fernandez, J.R.C. (IFMT-INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO)
RESUMO: Dentre muitas matérias-primas que podem ser avaliadas como potencial para a produção de biodiesel, destaca-se o Cocos nucifera L, popularmente conhecido como coco-da-baía. Nesse trabalho, foram analisadas algumas das características físico-químicas do óleo de coco-da-baía a fim de avaliá-lo como matéria-prima para produção de biodiesel. A caracterização da amostra foi realizada em termos dos índices de acidez, índice de saponificação, ácidos graxos livres, umidade e material volátil, e densidade. Os resultados indicaram que o óleo de coco-da-baía, é uma matéria-prima promissora para a produção de biodiesel, visto que a baixa acidez (1,19 mg KOH/g), torna possível a reação de transesterificação via catálise básica, rota mais utilizada no Brasil para a produção de biodiesel.
PALAVRAS CHAVES: biodiesel; caracterização; óleo de coco-da-baía
INTRODUÇÃO: De acordo com a Lei 11.097 de 13/01/2005, o biodiesel pode ser definido como: “Biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou para geração de outro tipo de energia que possa substituir, parcial ou totalmente o uso de combustível de origem fóssil” (ARAÚJO, 2008). Atualmente, o Brasil desponta como uma grande potência no desenvolvimento de tecnologia para produção de substitutos para os derivados do petróleo. Graças a sua extensão territorial, ao clima propício ao plantio de diversas culturas, e principalmente a sua biodiversidade (ALMEIDA, 2010). Atualmente a produção nacional de biodiesel utiliza quase que exclusivamente a soja, caracterizando-se como monocultura para a produção do combustível, portanto é imprescindível a pesquisa de outras matérias-primas que sejam técnica e economicamente viáveis para a produção desse combustível. Dentre muitas matérias-primas que podem ser avaliadas como potencial para a produção de Biodiesel, têm-se o Cocos nucifera L, popularmente conhecido como coco-da-baía que reúne características potenciais para a produção de óleo (Balachandran et al, (1985) apud ARAÚJO, 2008). Até então, existem poucos trabalhos desenvolvidos a partir do óleo de coco, o coqueiro é uma das principais oleaginosas de fácil adaptação ao nordeste brasileiro, boa parte da região africana e parte da Ásia; e com excelente desenvolvimento sob o clima tropical (ALMEIDA, 2010). Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo analisar algumas das características físico-químicas do óleo de coco-da-baía e avaliar o referido óleo como matéria-prima para produção de biodiesel.
MATERIAL E MÉTODOS: As análises do óleo foram realizadas no laboratório de química e de bromatologia do IFMT- campus Cáceres. A caracterização da amostra foi realizada em termos das seguintes análises físico-químicas: índice de acidez, índice de saponificação, ácidos graxos livres, umidade e material volátil, e densidade. O índice de acidez (AC) para óleos e gorduras é definido como o número de mg de hidróxido de potássio necessário para neutralizar os ácidos livres de um grama de amostra. Este procedimento foi determinado segundo Moretto e Alves, (1986) e Esteves et al., (1995). Para a determinação do índice de saponificação seguiu-se a metodologia descrita por Araújo, (2008) e Vieira et al., (2011). Este índice indica a quantidade de hidróxido de potássio (KOH), em miligramas, requerida para saponificar 1 g do óleo utilizado (MORETTO E ALVES, 1986). A determinação da porcentagem de ácidos graxos livres baseou-se em ARAÚJO (2008), que descreve o método adotado por Moreto e Alves (1986) e por Esteves et al (1995), que determina a porcentagem de ácidos graxos livres, expressa como ácido oléico, em óleos comuns, brutos e refinados. A determinação da umidade foi efetuada através do método de perdas por dessecação em estufa de acordo com o método AOCS Bc 2-49 descrito por Moura, (2010). Cerca de 5g de cada amostra foram pesadas em cadinhos de porcelana e aquecidas a 130°C em estufa. Após o aquecimento, as amostras foram imediatamente tampadas e resfriadas em dessecador até atingirem a temperatura ambiente e, em seguida, foram novamente pesadas. A análise de densidade foi realizada com o auxílio de um picnômetro de 25 mL, de acordo com Moura, (2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O índice de acidez revela o estado de conservação do óleo (MACHADO et al., 2006). O índice de acidez nesse estudo foi de 1,19 mg KOH/g, um pouco maior que o valor encontrado por Araújo et al., (2007), citado por Gonçalves et al., (2009), segundo os autores resíduos gordurosos devem conter no máximo a acidez de 1 mg KOH/g para que atenda a acidez normalizada pela ANP de a 0,5 mg KOH/g para o biodiesel. Araújo, (2008) analisou o índice de acidez do óleo de coco bruto e encontrou um valor de 4,48 mg KOH/g e a partir desse óleo produziu biodiesel etílico via catálise básica e encontrou para o biodiesel, uma acidez de 6,60 mg KOH/g. A porcentagem de umidade e matéria volátil apresentou um valor de 0,075%, esse resultado indica a pouca porcentagem de água presente no produto final. A densidade encontrada para o óleo estudado apresentou um valor de 917 Kg/m3, esse valor é compatível com a literatura. De acordo com a tabela descrita pela Anvisa, (1999), os valores de densidade do óleo de coco encontram-se numa faixa que varia entre 908 e 921 Kg/m3. De acordo com Knothe et al., (2006), os valores do índice de saponificação para o óleo de coco, variam entre 248 e 265. O índice de saponificação encontrado nesse estudo foi de 253, o que mostra que o óleo apresenta-se dentro dos padrões. O percentual de ácidos graxos livres apresentou-se bastante elevado na comparação com os valores encontrados na literatura. Jitputti et al., (2006) encontraram, um valor de porcentagem de ácidos graxos igual a 2,25% enquanto que Araújo, (2008), encontrou uma porcentagem de ácidos graxos igual a 2,30%. Nesse estudo obteve-se valores de 4,19% em ácidos graxos, é possível supor que a amostra utilizada, possa ter se deteriorado, no entanto, esse valor é compatível com o valor de acidez encontrado.
CONCLUSÕES: Os resultados encontrados para o óleo analizado, apontam para um produto de qualidade que apresenta características dentro dos limites estabelecidos pela ANVISA para o óleo de coco. De acordo com os resultados é possível concluir que o óleo extraído do coco-da-baía, é uma matéria-prima promissora para a produção de biodiesel, visto que a baixa acidez do óleo (1,19 mg KOH/g), torna possível a reação de transesterificação via catálise básica, rota mais barata e menos complexa, e portanto, mais utilizada no Brasil para a produção de biodiesel.
AGRADECIMENTOS: IFMT- CÁCERES
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