Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DAS FRAÇÕES EXTRAÍDAS DA PARTIÇÃO DO EXTRATO METANÓLICO DA CASCA DE Cassia grandis (FABACEAE)
AUTORES: Magalhães, L. (UFPE) ; Solidônio, E.G. (UFPE) ; Sena, K.X.F.R. (UFPE) ; Albuquerque, J. (UFPE)
RESUMO: Cassia grandis (Fabaceae) é uma árvore frondosa que brota na floresta amazônica e na floresta do Nordeste brasileiro é conhecida pelo nome de cássia gigante e/ou cássia rosa. Na Tailândia é utilizada na medicina popular em tratamento de doença como para combater a bactéria Gram negativa Helicobacter pilori (HP). Do extrato metanólico foi realizada partição com hexano seguido de acetato de etila e encaminhado para avaliação da atividade antibacteriana, na qual foi realizado o teste de difusão em disco de papel, frente às bactérias Gram-positivas: S. aureus, M. luteus, B. subtilis, e E. faecalis; Gram-negativas: E. coli, S. marcescens e P. aeruginosa; álcool-ácido-resistente: M. smegmatis e a levedura C. albicans. Todas as frações apresentaram atividade antimicrobiana exceto para a levedura.
PALAVRAS CHAVES: Cassia grandis; Atividade antimicrobiana; Cássia rosa
INTRODUÇÃO: O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana. Ainda hoje nas regiões mais pobres do país e até mesmo nas grandes cidades brasileiras, as plantas medicinais são comercializadas em feiras livres, mercados populares como também encontradas em quintais residenciais. O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades pobres e grupos étnicos (MACIEL et al., 2002) O gênero Cassia, abriga mais de 600 espécies incluindo arbustos, árvores e ervas, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais do mundo em geral. Essa árvore vem sendo cultivada no Brasil na maioria das cidades devido o seu caráter medicinal em tratamento de úlcera gástrica. A Cassia grandis é uma espécie pertencente à família Fabaceae trata-se uma árvore de grande porte devido ao seu crescimento rápido. Em virtude do seu fácil desenvolvimento é uma espécie usada largamente em paisagismo urbano devido ao caráter ornamental de sua floração, originando flores de um rosa intenso. Conhecida popularmente como cássia-rosa ou cássia-gigante (LORENZI, 1992). Apresenta diversas espécies com propriedades farmacológicas que comprovaram ações antibacteriana, antifúngica, deste gênero. Na Tailândia as folhas desta planta são popularmente usadas no tratamento de gastrite e úlcera para combater a bactéria Gram-negativa Helicobacter pilori (HP) causadora de câncer gástrico e tem reduzido significantemente esse tipo de câncer (KASHIWADA et al, 1998). Tendo em vista de sua importância e por meio de resultados microbiológicos positivos anteriormente realizados, estes dados nos despertaram o interesse de darmos continuidade ao estudo microbiológico e dessa espécie com ênfase nos estudos sobre suas propriedades terapêuticas.
MATERIAL E MÉTODOS: As cascas da casca da Cassia grandis foram colhidas no campus da Uiversidade Federal de Pernambuco, secas à temperatura ambiente e extraídas três vezes consecutivas com metanol sob agitação. O volume final foi particionado com hexano três vezes seguidas obtendo a fração hexano. Em seguida o mesmo processo foi realizado com acetato de etila, obtendo-se a fração acetato e por ultimo restou a fração metanólica original. As frações foram pesadas e determinado seu percentual de peso em relação ao material inicial usado e guardadas em geladeira a 4 °C, e protegidos da luz. Posteriormente submetidos a testes para determinação da atividade antimicrobiana. Foram testados em nove micro-organismos de diferentes classes da coleção de culturas do Departamento de Antibióticos da UFPE. Para a classe dos germes Gram-positivos foram usados Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, e Enterococcus faecalis. Para os micro-organismos Gram-negativos foram empregados a Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e Serratia marcescens; Para os micro-organismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis, e para a levedura foi usada a Candida albicans. A atividade antimicrobiana foi avaliada qualitativamente pelo método de difusão em disco de papel. Discos de 6 mm de diâmetros foram impregnados com 10 µL/mL de soluções dos produtos à concentração de 3000 µg/mL. Os discos foram colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton, semeados com os micro-organismos-teste e suspensos previamente em soro fisiológico até turbidez de 0,5 da escala McFarland. Foi usado como o DMSO e a droga ciprofloxacina e cetoconazol como padrão. As placas foram incubadas a 37 °C durante 24 horas para bactérias e 30 °C durante 24-48 horas para leveduras e fungos filamentosos (BAUER et al, 1966).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As frações hexano, acetato de etila e metanol foram enviadas para o setor de microbiologia para determinação de sua atividade antimicrobiana pelo teste de difusão em disco de papel seguindo a metodologia de Bauer, 1986. Os resultados apresentados para este composto foram na forma de halos de inibição frente aos micro-organismos da coleção de culturas do Departamento de Antibióticos da UFPE. Após a incubação de cada micro-organismo durante o tempo adequado foram lidos os seguintes dados para a fração hexano, Gram-positivos: Staphylococcus aureus (0 mm), Micrococcus luteus (6 mm), Bacillus subtilis (0 mm), Enterococcus faecalis (0 mm); Gram-negativos: Pseudomonas aeruginosa (0 mm), Escherichia coli (0 mm), Serratia marcescens (0 mm) e Bactéria álcool ácido resistente: Mycobacterium smegmatis (0 mm). A fração hexano proveniente da partição não apresentou espectro de ação para nenhum dos micro-organismos testados. Não foi capaz de inibir o germe Gram-positivos, Micrococcus luteus, pois, o número apresentado estava abaixo da cotação de validade para a tabela de leitura. Dos nove micro-organismo testados apenas as frações acetato de etila e metanólica provenientes da partição do extrato metanólico da casca da Cassia grandis apresentou atividade antimicrobiana para duas bactérias gram-positivas com diferentes halos: Staphylococcus aureus 16 mm para a fração acetato de etila e 13 mm para a fração metanólica. O micro-organismo Micrococcus luteus apresentou halo de inibição de 17 mm para a fração acetato de etila e 15 mm para a fração metanólica. O teste para as três frações em estudo foi realizado em triplicata e submetidas aos cálculos da média aritmética para determinar o desvio padrão. Os halos de inibição das frações usadas foram considerados bons em relação aos padrões.
CONCLUSÕES: As frações testadas da Cassia grandis apresentaram resultados significativos devido a presença de substâncias que promoveram a inibição da atividade para os micro-organismos Staphylococcus aureus e Micrococcus luteus, sendo assim, apresentaram atividade apenas para bactérias Gram-positivas. Não houve nenhuma inibição na presença das frações para a cândida albicans que é a representante das leveduras como também para o micro-organismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis e as bactérias Gram-negativas testadas. A fração hexano foi inativa para todos os germes testados nos três testes.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pelo financiamento aprovado e aos professores e alunos do setor de Microbiologia do Departamento de Antibióticos da Univeridade Federal de Pernmbuco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BAUER, A. W., KIRBY, W. M. M., SHEVIS, J. C., & TURCK, M. Antibiotic susceptibily testing by a standardized single disc method. Amer. J. Clin. Pathol., v. 45, p. 493-496, 1966.
KASHIWADA Y, WANG H.K., NAGAO T., KITANAKA S. YASUDA I., FUGIOKA T., YAMAGISHI T., COSENTINO, L.M., KOSUKA M., OKABE K., IKHESHIRO Y., HU C.K., YEH E.; LEE, K.H. Journal Of Natural Products, 61 : 9: 1090-1095, 1998.
LORENZI, H. Árvores Brasileiras, São Paulo, Ed. Plantarum, v. 1, p. 440, 1992.
KASHIWADA Y, WANG H.K., NAGAO T., KITANAKA S. YASUDA I., FUGIOKA T., YAMAGISHI T., COSENTINO, L.M., KOSUKA M., OKABE K., IKHESHIRO Y., HU C.K., YEH E.; LEE, K.H. Journal of Natural Products, v. 61, n.9, p. 1090-1095, 1998.
MACIEL, M. A. M., PINTO, A. C., VEIGA JR, V. F. Plantas Medicinais : A Necessidade de Estudos Multidisciplinares. Química Nova, v. 25, n. 3, p. 429 – 438, 2002.