Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Potencial antifúngico do óleo essencial das folhas de Hedychium coronarium J. Koening sobre Fusarium oxysporum (Schlecht) in vitro
AUTORES: Santos, L. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Santos, M. (EMBRAPA RONDÔNIA) ; Lima, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Braga, A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Santos, D. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Fernandes, C. (EMBRAPA RONDÔNIA) ; Militão, J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Facundo, V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do óleo essencial das folhas de H. coronarium sobre F. oxysporum. Discos de 5 mm de diâmetro de culturas de fungo foram colocados em placas de Petri, contendo meio BDA, sendo que na sua área periférica, foram dispostos simetricamente quatro discos de papel-filtro com 10µL de óleo essencial cada um. No controle, utilizou-se discos sem o óleo essencial. O delineamento foi inteiramente casualizado, com 3 repetições. Após 192 horas de cultivo, foram observadas colônias de F. oxysporum com diâmetro médio de 37,4 mm no tratamento com óleo essencial, e no controle, o diâmetro médio das colônias foi de 66,4 mm. Os resultados obtidos mostram que o óleo essencial de folhas de H. coronarium apresenta ação inibitória sobre o crescimento de F. oxysporum.
PALAVRAS CHAVES: fitopatologia; produtos naturais; controle biológico
INTRODUÇÃO: Fusarium oxysporum é um fungo de solo, e apresenta como principais formas de disseminação, sementes e mudas infectadas. A doença, murcha de Fusarium, inicia-se pelo amarelecimento das folhas mais velhas, que progride para as mais novas de forma rápida (ZAMBOLIM et al., 2000). Nos últimos anos, a ocorrência e severidade desta doença vêm aumentando, devido, principalmente, aos poucos cuidados dispensados a seus métodos preventivos de controle. Sabe-se, contudo, que os danos provocados por esta enfermidade são muito variáveis, podendo afetar apenas algumas plantas ou até 80% da lavoura (ECHANDI, 1967). Produtos de origem botânica, como os óleos essenciais, são fontes de recursos para a produção de fungicidas, pois possuem substâncias, com diferentes estruturas químicas, desempenhando assim um papel importante na interação da planta com o meio ambiente (CASTRO et al., 2005). A espécie H. coronarium, popularmente conhecida como lírio-do-brejo. Quanto à sua possível atividade farmacológica, a raiz é muito utilizada pela população do município de Colorado do Oeste no Estado de Rondônia, no tratamento de infecções em geral e inflamações na garganta. Na China, onde esta é nativa, o uso na medicina natural se dá como anti-reumatismo, tônico, afrodisíaco e antifebril (MATSUDA et al., 2005), em outros locais há registros também do tratamento de inflamações e dores agudas devido a reumatismo (TAVEIRA et al., 2005). Objetivou-se neste trabalho avaliar o efeito do óleo essencial das folhas de H. coronarium no crescimento micelial de F. oxysporum in vitro, fornecendo informações passíveis de utilização em condições de campo.
MATERIAL E MÉTODOS: Folhas de H. coronarium foram coletadas no Campus da Universidade Federal de Rondônia-UNIR, em Porto Velho. Após a coleta, as folhas foram conduzidas ao Departamento de Química da UNIR, onde o material foi submetido à extração por arraste a vapor d’água, conforme metodologia descrita por Craveiro et al., (1981). O óleo essencial foi retirado com auxílio de uma micropipeta, acondicionado em um frasco de vidro envolto com papel alumínio e mantido sob refrigeração. O rendimento do óleo essencial foi de 5 mL por quilo de folha. As culturas de F. oxysporum foram mantidas em placas de Petri contendo meio de cultura batata dextrose ágar (BDA). Para realização dos testes, discos miceliais de culturas de F. oxysporum com 5 mm de diâmetro foram retirados de culturas mantidas a 25°C durante sete dias e colocados no centro de placas de Petri, contendo quatro discos de papel de filtro previamente autoclavados embebidos com 10 µL de óleo essencial, colocados perifericamente, eqüidistantes. No controle experimental, não se utilizou óleo essencial, sendo os discos embebidos em água destilada estéril. Após esse processo, as placas foram incubadas a 25°C durante oito dias. A avaliação consistiu de medições do diâmetro das colônias (média de duas medidas diametralmente opostas) em intervalos de 24 horas, durante oito dias. O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento. Cada repetição foi constituída por uma placa de Petri. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na primeira avaliação (24 horas) de F. oxysporum, foi possível observar o efeito inibitório do óleo essencial sobre o crescimento fúngico. Após 192 horas de cultivo, foram observadas colônias com diâmetro médio de 37,4 mm no tratamento com óleo essencial, enquanto que, no controle, o diâmetro médio das colônias foi de 66,4 mm, valores que diferiram significativamente entre si, demonstrando que o óleo essencial foi efetivo na inibição do crescimento do fungo. Silva et al., (2005), testando o extrato de sucupira (Pterodon emarginatus Vog.) sobre o desenvolvimento micelial dos fungos, Fusarium oxysporum e Rhizoctonia solani, observaram a eficácia deste extrato durante seis dias, sendo as porcentagens do crescimento inibitório do fungo de 62 e 70%; para os fungos R. solani, F. oxysporum, respectivamente, o que pode representar uma alternativa econômica e ecologicamente viável, pois o seu processo de obtenção utiliza apenas os frutos sem comprometer a sobrevivência das árvores. Mesmo com poucos resultados de pesquisa, um grande potencial antimicrobiano de aromáticos naturais têm sido observado (DAFERERA et al., 2003; FIORI et al., 2000; KRAUZE-BARANOWSKA et al., 2002), incluindo-se as suas ações como protetores contra microorganismos fito-patogênicos (ALMEIDA & REGITANO-D’ARCE, 2000; FAROOQ et al., 2002). Moreira & Facundo (2005), ao analisar os constituintes fixos e voláteis da raiz de H. coronarium observaram sete constituintes majoritários, sendo que os principais foram: 1,8-Cineol (Eucalipto), Cânfora, -Mirceno e Curzerenona. Foram identificados ainda 1,8-Cineol, também conhecido como eucaliptol, que é muito utilizado em retratamentos endodônicos (OYAMA, 2003), Cânfora, -Mirceno, (-)-Cariofileno oxido, (Z)-1,-3-Pentadieno, 3,5-dimetil-fenol.
CONCLUSÕES: Os resultados mostram que o óleo essencial de folhas de H. coronarium apresenta ação inibitória sobre o crescimento de F. oxysporum in vitro, o que sugere seu potencial no controle biológico destes microrganismos. Ainda assim, para se comprovar a toxicidade ou não dessa essência natural precisam ser conhecidos os limites confiáveis dosagens a serem administradas. Testes de campo serão necessários para avaliar a aplicabilidade deste óleo na agricultura.
AGRADECIMENTOS: Os autores agradecem ao CNPq pela concessão de bolsa de Iniciação Científica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, D.M R.F.; REGITANO-D’ARCE, A.B. Antioxidant activity of rosemary and oregano ethanol extracts in soybean oil under thermal oxidation. Ciência e Tecnologia dos Alimentos, v.20, n.2, p.197-203, 2000.
CASTRO, P.R.C.; KLUGE, R.A.; PERES, L.E.P. Manual de Fisiologia vegetal. São Paulo: Agronômica Ceres LTDA. 2005. 650p.
CRAVEIRO, A.A.; FERNANDES, A.G.; ANDRADE, C.H.S. Óleos essenciais de Plantas do Nordeste. Fortaleza: Edições UFC, 1981. 10p.
DAFERERA, D.J.; ZIOGASB, B.N.; POLISSIOU, M.G. The effectiveness of plant essential oils on the growth of Botrytis cinerea, Fusarium sp. and Clavibacter michiganensis subsp. michiganensis. Crop Protection, v.22, n.1, p.39-44, 2003.
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KRAUZE-BARANOWSKA, M. et al. Antifungal Activity of the Essential Oils from Some Species of the Genus Pinus. Journal of Biosciences, v.57, n.5, p.478-82, 2002.
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