Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Bioprospecção da atividade de extratos etanólicos de madeiras sobre formigas cortadeiras Atta sexdens (Hymenoptera: Formicidade)
AUTORES: Santos, A. (IFMT – CAMPUS CÁCERES) ; Silva, R.F. (IFMT – CAMPUS CÁCERES) ; Neves, J.A. (IFMT – CAMPUS CÁCERES) ; Candia, A.A. (IFMT – CAMPUS CÁCERES) ; Crispim, A.S. (IFMT – CAMPUS CÁCERES) ; Teixeira, V.A. ()
RESUMO: O controle de formigas cortadeiras tem sido feito, quase exclusivamente, com a
aplicação de inseticidas químicos, que podem provocar impactos negativos ao meio
ambiente e ao homem. Alternativamente, buscou-se identificar extratos de espécies
arbóreaspotencialmente úteis no controle de Attasexdens.Os experimentos foram
conduzidos com o uso de extratos etanólicosde madeirasde espécies de árvores
existentes no estado de Mato Grosso. Das seis espécies arbóreas testadas, uma
apresentou efeito inseticida, sendo que novos estudos serão realizados a fim de se
confirmar sua atividade contra as formigas cortadeiras.
PALAVRAS CHAVES: controle alternativo; plantas inseticidas; insetos praga
INTRODUÇÃO: As formigas cortadeiras são consideradas insetos praga que podem causar danos em
praticamente qualquer cultura agrícola e florestal. O combate deste inseto,
normalmente é feito como o emprego de iscas formicidas granuladas à base dos
ingredientes ativos sulfluramida e fipronil, comprovadamente tóxicos e de longo
poder residual no meio ambiente, podendo atingir organismos não alvos e
benéficos. Até o presente momento, não se conhecem métodos alternativos efetivos
de combate a formigas cortadeiras, estando seu controle limitado ao uso de
substâncias sintéticas. O emprego destas substâncias não se encontra alinhadas
as atuais politicas públicas e governamentais de redução do uso de defensivos
químicos. Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo desenvolver
uma isca formicida à base de extratos vegetais, oriundo de madeiras de espécies
nativas e exóticas com alta durabilidade natural. Normalmente, a madeira, dentre
inúmeros compostos secundários, são ricos em metabólitos secundários como
terpenos, fenóis, ácidos resinosos e ceras, que conferem proteção conta ataque
biológico. Com isto, espera-se ser possível identificar extratos de madeiras de
espécies vegetais nativas e exóticas do Estado de Mato Grosso, que possuam
bioatividade contra formigas cortadeiras Attasexdens e possam ser empregadas no
desenvolvimento de uma isca formicida alternativa as moléculas sintéticas
atuais.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram selecionadas seisespécies arbóreas(Aroeira - Schinusterebinthifolius; Ipê
amarelo - Handroanthusserratifolius; Jacarandá – Jacarandasp.; Jatobá -
Hymenaeacourbaril; EX004 – Família Leguminosae; e Teca – Tectonagrandis),
coletadas em madeireiras comerciais, cuja extração seguiu um Plano de Manejo
Florestal Sustentável. As amostras coletadas foram levadas ao Laboratório de
Fitossanidade do IFMT, Campus Cáceres, Mato Grosso.
Para a realização dos testes em laboratório, as amostrasde madeira foram
reduzidas à serragem e permaneceram imersas em álcool etílico durante 5 dias.
Posteriormente, as amostras foram filtradas e concentradas em evaporador
rotatório e solubilizado em 10mL de solução aquosa de Tween 80 a 1% (g/mL).
Foi utilizada a metodologia de Bueno et al. (1997) para o preparo de
dieta, sendo os extratos vegetais solubilizados na dieta a 2%.Cada bioensaio foi
constituído de 6 extratos etanólicosbotânicos, mais uma testemunha (Tween 80 a
1%). Tanto os extratos quanto o tratamento testemunha foram incorporados às
dietas e, em seguida, fornecidos às formigas.
O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com
cinco repetições, sendo cada uma constituída por uma placa de Petri, forrada
com papel-filtro e contendo um cubo de dieta de 1 cm3 e 10 operárias de Atta
sexdensadultas. Foi avaliada a mortalidade dos insetos a cada 24h, durante 5
dias.
Os dados de mortalidade foram submetidos à análise de sobrevivência de Weibull,
que descreve a relação entre a sobrevivência estimada (S) em função do tempo
(t). Posteriormente, as equações foram submetidas ao teste de contraste de
modelos (χ2; p<0,05). As análises estatísticas foram realizadas com o emprego do
programa R (RDCT, 2008) e do pacote estatístico survival (THERNEAU, 2009).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise de variância mostrou que a sobrevivência das formigas cortadeiras
diferiu entre os extratos etanólicostestados (χ2 = 29,76; p < 0,0001). Os
tratamentos constituídos pelaaroeira, ipê amarelo, jacarandá e jatobá promoveram
de maneira semelhante à testemunha a menor mortalidadeobservada(14%) (Figura
1).A teca demonstrou maior mortalidade que o grupo anterior, promovendo a
sobrevivência de 70% das formigas, porém o tratamento constituído pela espécie
EX004 – Família Leguminosae promoveu a sobrevivência de somente 52% dos
indivíduos no período de tempo analisado (Figura 1).
Novos estudos se fazem necessários para confirmação do efeito inseticida do
extrato etanólico da espécie EX004 e devido ao potencial para elaboração de uma
isca alternativa com o extrato dessa espécie, seu nome foi omitido no presente
trabalho.
Este trabalho propõe uma nova abordagem de bioprospecção com o uso dos compostos
presentes em madeiras de espécies arbóreas, cuja ocorrência e quantidade de
metabólitos secundários presentes são menos variáveis com o estado fenológico da
planta que aqueles obtidos de matérias vegetativos (folha, caule e ramos) e
reprodutivos (flores, frutos e sementes).
Figura 1. Sobrevivência (%) de formigas cortadeiraAttasexdensnos tratamentos
constituídos por Aroeira - Schinusterebinthifolius, Ipê amarelo -
Handroanthusserratifolius, Jacarandá – Jacarandasp., Jatobá - Hymenaeacourbaril,
EX004 – Família Leguminosae, Teca – Tectonagrandis) e Tween 80 a 1%
(testemunha).
CONCLUSÕES: O extrato etanólico da espécie EX004 – Família Leguminosae demonstrou efeito
inseticida sobre formigas cortadeiras.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BUENO, O.C.; MORINI, M.S.C.; PAGNOCCA, F.C.; HEBLING, M.J.A.; SILVA, O.A. Sobrevivência de operárias de Atta sexdensrubropilosaForel (Hymenoptera: Formicidae) isoladas do formigueiro e alimentadas com dietas artificiais. Anais da SociedadeEntomológica do Brasil, v.26, n.1, p.107-113, 1997.
RDCT - R DEVELOPMENT CORE TEAM R.A language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2008.
THERNEAU, T. survival: Survival analysis, including penalised likelihood. R package version 2.35-8. [online] http://r-forge.r-project.org, 2012.