Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Ácidos Graxos da esponja marinha Orange sp. coletada no litoral do Ceará
AUTORES: Queiroz, V.A. (UFRN) ; Araújo, R.D. (UFRN) ; Silveira, E.R. (UFC) ; Araújo, R.M. (UFRN)
RESUMO: Invertebrados marinhos são bastante conhecidos por sua capacidade de produzir um
grande número de produtos naturais (CAPON et al, 2002). O extrato etanólico da
esponja marinha Orange sp., após tratamento cromatográfico, apresentou duas
frações lipídicas que foram submetidas a reações de saponificação e metilação. Os
ésteres obtidos foram analisados por CG/MS para conhecimento dos ácidos graxos
correspondentes, destacando a presença do ácido araquidônico, ácido margárico e
ácido palmítico.
PALAVRAS CHAVES: esponja marinha; frações lipídicas ; ácidos graxos
INTRODUÇÃO: Os ecossistemas marinhos podem ser considerados como detentores da maior
biodiversidade filética, com potencial biotecnológico praticamente ilimitado
(LAM, 2006). Além de suas estruturas peculiares, produtos naturais marinhos
possuem uma extraordinária diversidade de alvos moleculares com seletividade
marcante, o que aumenta sobremaneira o potencial farmacológico e terapêutico de
suas moléculas. (NEWMAN e CRAGG, 2006). Dentre os organismos marinhos, a
principal fonte de ácidos graxos são as esponjas. Estas moléculas apresentam
insaturações (duplas ou triplas), contendo diferentes grupos funcionais como
halogênios, hidroxilas e cetonas (NUZZO et al, 2012). Esse trabalho teve como
objetivo relatar pela primeira vez a composição química de ácidos graxos de
frações lipídicas da esponja Orange sp.
MATERIAL E MÉTODOS: A esponja marinha Orange sp. foi coletada no Parque Estadual Marinho do Estado
do Ceará, alocada em mariote contendo etanol e este colocado em freezer.
Posteriormente o solvente foi filtrado, em seguida, Orange sp. Foi triturada em
liquidificador industrial, e então colocada novamente no mariote, seguindo por
mais duas extrações com etanol. O extrato bruto foi obtido a partir da remoção
do solvente em rota-evaporador sob pressão reduzida, obtendo-se ~63,91 g de peso
úmido. Uma alíquota de 57,93 g do extrato etanólico foi submetido a processos
cromatográficos, como cromatografia por partição, coluna flash e sephadex LH-20.
As duas frações lipídica obtidas (L1 e L2) foram submetidas a reações de
saponificação e metilação. Os produtos saponificáveis foram analisados por
Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrometria de Massas (CG/MS), e os espectros
obtidos através de impacto eletrônico (IE). A identificação dos constituintes
presentes na fração foi realizada por comparação do espectro de massas referente
a cada pico do cromatograma com espectros de massas em banco de dados da
literatura NIST08 (STENHAGEM et al., 1974).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Alguns constituintes são comuns nas duas frações de ácidos graxos: oleico,
beênico e lignocérico (Tabela 01). Os contituintes majoritários nas frações L1 e
L2 foram o ácido margárico, utilizado como marcador de ingestão de ácidos graxos
em portadores de diabetes melito (BITTENCOURT, 2007); o ácido araquidônico
(Figura 01), precursor de prostaglandinas, substância endógenas com
significativa relevância fisiológica (BARREIRO e FRAGA, 1999) e o ácido
palmítico, o mais abundante na natureza, sendo precursor de ácido graxos
naturais saturados e insaturados de cadeia longa (LOTTENBERG, 2009), além do
ácido 23-metil tetracosa-5,9-dienóico e o ácido3,7,11,15-tetrametil-
hexadecanóico. Dentre os compostos caracterizados nos ésteres metílicos, podemos
observar que os ácidos graxos encontrados estão numa escala de médio a grande,
sendo o menor, o ácido tetradecanóico (C14;0), e o maior o Ácido tetracosanóico
(C24;0). A presença de ácidos graxos da esponja Orange sp. corroboram com
relatos por BERLINCK et al. (2004) que após estudos com a esponja Chondrilla
núcula, obteve uma mistura de ésteres de glicerol de ácidos graxos com atividade
antiinflamatória.
Tabela 01
Percentual de Ácidos graxos das frações lipídicas de
Orange sp.
Figura 01
Principais constituintes das frações lipídicas da
esponja Orange sp.
CONCLUSÕES: O estudo químico do extrato etanólico da esponja Orange sp., resultou na
identificação de frações lipídicas ricas em ácidos graxos saturados e insaturados
com duplas e triplas ligações, a presença desses constituintes estimulam a
continuação dessa pesquisa, uma vez que há relatos na literatura de ácido graxos
de esponja marinha com atividade biológica comprovada.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos, para o desenvolvimento deste trabalho, ás instituições UFRN,
CENAUREMN-UFC e aos órgãos financiadores CAPES, PROPESQ, CNPq e FAPERN.
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