53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ESTUDO FITOQUIMICO E ATIVIDADE SHISTOMICIDA DO EXTRATO HIDROALCOOLICO DA POLPA DOS FRUTOS DA DYPTERYX ALATA VOGEL (BARÚ)

AUTORES: Marcchiori, R. (UNESP) ; Borges, A. (UNESP) ; Dasnoy, J. (UNESP) ; Magalhães, L. (UNIFRAN) ; Laurentiz, R. (UNESP)

RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar a atividade shistomicida do extrato hidroalcóolico da Dipteryx alata Vogel (Barú) sobre o schistosoma mansoni parasita responsável pela esquistossomose doença que atingi milhões de pessoas em países subdesenvolvidos. Os ensaios para avaliação da atividade shistomicida foram realizados com vermes adultos extraídos de camundongos artificialmente infectados. A atividade shistomicida foi determinada a partir da avaliação dos seguintes parâmetros: % de vermes mortos, atividade motora e % de vermes com alteração no tegumento. Os resultados demonstram que na concentração de 12,5 µg/mL ocorreu diminuição da mobilidade de 50% dos vermes, na concentração de 200µg/mL foi capaz de matar 75% dos vermes em 48 horas chegando a 100% após 120h de incubação.

PALAVRAS CHAVES: Dipteryx alata Vogel; atividade shistomicida; produtos naturais

INTRODUÇÃO: A esquistossomose é considerada uma das parasitoses de maior prevalência no mundo, segundo lugar, atrás apenas da malária(1). É uma doença tropical negligenciada, causada pelo verme trematódeo do gênero Shistosoma. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 200 milhões de pessoas estejam contaminadas e que 800 milhões correm o risco de contrair a doença (2,3). A descoberta do praziquantel e oxamniquine revolucionou o tratamento desta doença. Praziquantel é eficaz contra todas as formas de esquistossomose, enquanto oxamniquine é eficaz apenas contra Schistosoma mansoni. No entanto, a ineficácia dessas duas drogas contra o desenvolvimento do Shistosoma e o surgimento de cepas resistentes tem motivado a busca de novos compostos ativos contra esses helmintos, principalmente aqueles obtidos a partir de plantas (4,5). A Dipteryx alata Vogel, é uma espécie do cerrado, encontrada no centro-oeste brasileiro, Minas Gerais e noroeste paulista. Seus frutos são ricos em proteínas, fibras e ácidos graxos insaturados, é usado como alimento humano e animal, e em formulações cosméticas. Tradicionalmente o Barú é utilizado como antitérmico, picadas de cobras e como antiparasitário. Entretanto, apenas seu uso contra picada de cobra tem comprovação científica (6). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial anti-helmíntico do extrato hidroalcóolico dos frutos do Barú sobre o Schistosoma Manzoni causador da esquistossomose.

MATERIAL E MÉTODOS: Os frutos do Barú foram colhidos em outubro de 2012 de um exemplar presente na Fazenda Experimental da FEIS-UNESP na cidade de Ilha Solteira, SP, Brasil. A polpa separada foi seca em estufa de ar circulante a 45 C por 48h, triturada em moinho de facas e deixada por 7 dias a temperatura ambiente em etanol com agitação ocasional. A seguir o extrato foi filtrado, rotaevaporado e armazenado em freezer até o uso. Vermes adultos do parasita foram recuperados por perfusão do sistema porta-hepático de ratos infectados artificialmente. Os vermes foram lavados em meio RPMI160, mantidos em pH 7,5 com HEPES 20mM, suplementados com pelicinina, streptomicina e sorobovino fetal 10%. Após lavagem, 2 pares de vermes adultos foram transferidos para cada poço de uma placa de cultura de 24 poços contendo o mesmo meio e incubados a 37°C em atmosfera úmida (5% CO2) antes do uso. Após 24h de incubação, o extrato nas concentrações de 12.5, 25, 50, 100, and 200 µg/mL em DMSO foi testado. Os parasitas foram mantidos por 120h e monitorados a cada 24 h usando um microscópio invertido (Leitz) para avaliar a viabilidade dos vermes tomando como base os procedimentos padrões para a avaliação de compostos segundo WHO-TDR (7). RPMI 1640 e R PMI 1640+0,1%DMSO foram usados como controles negativos e PZQ como controle positivo na dose de 12.5 μg/mL.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os efeitos da avaliação in vitro da atividade shistomicida do extrato hidroalcoólico do Barú sobre o S. Mansoni são apresentados na Tabela 1. Observa-se a partir da concentração de 50 µg/mL uma diminuição significante da atividade motora dos vermes em 24 horas de incubação. A partir da concentração de 100µg/ml após 120 horas pode ser verificada a morte de 25% dos vermes que aumenta para 75% na concentração de 200 µg/mL após 48 horas chegando a 100% após 120h de incubação nesta concentração.

TABELA 1

Avaliação da atividade shistomicida do extrato hidroalcóolico dos frutos do Barú contra o S. Mansoni

CONCLUSÕES: Os resultados foram bastante expressivos confirmando que os frutos do Barú possuem atividade antihelmintica verificada sobre o S. Mansoni.

AGRADECIMENTOS: Parte do êxito na pesquisa se dá pelo apoio da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, e pelo Departamento de Física e Química.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. Gryseels B, Polman K, Clerinx J, Kestens L (2006) Human schistosomiasis. Lancet 368:1106–1118.
2. van der Werf MJ, De Vlas SJ, Brooker S, Looman CW, Nagelkerke NJ, Habbema JD, Engels D (2003) Quantification of clinical morbidity associated with schistosome infection in sub-SaharanAfrica. Acta Trop 86:125–139.
3. Steinmann P, Keiser J, Bos R, Tanner M, Utzinger J (2006) Schistosomiasis and water resources development: systematic review, meta-analysis, and estimates of people at risk. Lancet Infect Dis 6:411–425.
4. Magalhães LG, Machado CB, Morais ER, Moreira EBC, Soares CS,Da Silva SH, da Silva Filho AA, Rodrigues V (2009) In vitro schistosomicidal activity of curcumin against Schistosoma mansoni adult worms. Parasitol Res 104:1197.
5. Magalhães L G., Souza JM.,. Wakabayashi KAL, Laurentiz RS., Vinhólis AHC, Rezende K CS, et al. (2012). In vitro efficacy of the essential oil of Piper cubeba L. (Piperaceae) against Schistosoma mansoni. Parasitol Res 110:1747.
6. Nazato VS, Rubem-Mauro L, Vieira NAG, Dos Santos Rocha D, Junior, Glauzer Silva M, Santos Lopes P, Dal-Belo CA, Cogo JC, Dos Santos MG, Da Cruz-Höfling MA, Oshima-Franco Y. (2010). In Vitro Antiophidian Properties of Dipteryx alata Vogel Bark Extracts. Molecules 15(9): 5956.
7. Ramirez B, Bickle Q, Yousif F, Fakorede F, Mouries M-A, Nwaka S (2007) Schistosomes: challenges in compound screening. Exp Opin Drug Dis 2:53–61.