Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ATIVIDADE DO EXTRATO EM DICLOROMETANO DO CAULE DE Moringa ovalifolia SOBRE CERCÁRIAS DE SCHISTOSOMA MANSONI.
AUTORES: Albuquerque dos Santos, J.A. (INSTITUTO OSWALDO CRUZ / FIOCRUZ) ; Cesar dos Santos, P. (INSTITUTO OSWALDO CRUZ / FIOCRUZ)
RESUMO: O objetivo do trabalho foi testar a atividade do extrato em diclorometano do caule
de Moringa ovalifolia sobre cercarias de Schistosoma mansoni em laboratório. As
doses com extrato, variaram de 10 mg/L a 100 mg/L e foram usados controles
positivo e negativos, contendo 174 cercárias por cavidade de placa, que ficaram
expostos nas doses por 4 h. Foram realizadas observações de hora em hora e os
resultados foram analisados por média aritmética, desvio padrão e análise de
variância ANOVA. A mortalidade variou no extrato em diclorometano de 4,46 % a
100%, apresentando valores de p < 0,05 e p < 0,001. Esses resultados indicam que o
extrato em diclorometano, do caule é promissor na atividade sobre cercarias,
sugerindo a necessidade da realização de teste utilizando frações purificadas.
PALAVRAS CHAVES: Atividade tóxica; Moringa ovalifolia; Shistosoma mansoni
INTRODUÇÃO: Moringa oleifera Lam. (sinônimo Moringa ovalifolia Dinter & Berger e M.
ptreygosperma Gaertn) é uma das mais conhecidas e amplamente distribuídas e
espécies naturalizadas de uma família monogenerica Moringaceae. As folhas,
frutos, flores e vagens imaturas desta árvore são utilizadas como um vegetal
muito nutritivo em muitos países, particularmente na Índia, Paquistão,
Filipinas, Havaí e muitas locais da África (ANWAR & BHANGER, 2003; ANWAR et al.,
2005). Folhas de Moringa são ricas em fonte de β-caroteno, proteínas, vitamina
C, cálcio e potássio e age como antioxidantes naturais, tais como a presença de
ácido ascórbico, flavonóides, fenólicos e carotenóides (DILLARD e GERMAN, 2000;
SIDDHURAJU e BECKER, 2003). Em estudos prévios foi verificada sua atividade
moluscicida contra Biomphalaria glabrata, (Say, 1818), Physa marmorata
(Guilding, 1828) e Melanoides tuberculata (Muller, 1774) (VARGAS, 2008). No
Brasil, a esquistossomose mansônica põe sob-risco de infecção cerca de 30
milhões de pessoas e estima-se que 2,5 milhões de indivíduos estejam parasitados
principalmente nas regiões Nordeste e Sudeste (REY, 2002). Certo número de
propriedades medicinais tem sido atribuído a várias partes da planta: raízes,
cascas, gomas, folhas, frutos, flores, sementes e óleo de sementes têm sido
utilizados para várias doenças na medicina indígena do sul da Ásia, incluindo o
tratamento da inflamação e as doenças infecciosas, juntamente com doenças
cardiovasculares, gastrointestinais, hematológicos e transtornos hepatorenal
(MORIMITSU et al. 2000; SIDDHURAJU e BECKER, 2003). Nosso objetivo foi verificar
a atividade do extrato em diclorometano do caule de Moringa ovalifolia, sobre
cercárias de Schistosoma mansoni.
MATERIAL E MÉTODOS: O extrato em diclorometano de Moringa ovalifolia foi obtido no Laboratório de
Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental. As cercárias de S. mansoni, cepa BH,
foram fornecidas pelo Laboratório de Referência em Malacologia do Instituto
Oswaldo Cruz, obtidas segundo a técnica usual de obtenção e os estudos de
atividade cercaricida, realizados no laboratório. Realizamos a contagem das
cercarias para um volume de 1 mL, usando lugol como corante e se necessário,
corrigimos a quantidade acrescentando diluente. As cercarias foram expostas por
um período de 4 horas nas doses com o extrato na quantidade de 174 cercárias por
dose, em duplicata. Utilizamos as doses de 10 mg/L, 25 mg/L, 50 mg/L e 100 mg/L
do extrato em diclorometano, dissolvidos inicialmente em DMSO (dimetilsulfóxido)
e no controle foi utilizada solução de DMSO em água mole sintética com pH 7,2
(20 mL da solução 1: sulfato de cálcio 1,5 mg/L e 10 mL da solução 2: cloreto e
potássio 0,2g; bicarbonato de sódio 4,8g; sulfato de magnésio 6,1g dissolvidos
em água destilada para 1 litro). Para observar as cercarias morta, usamos uma
solução de 1% do corante vital Tripan blue, junto com as doses utilizadas. O
volume final para cada dose foi de 2 mL por poço e as observações foram
realizadas de hora em hora em microscópio estelioscópio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados foram analisados por média aritmética, desvio padrão e análise de
variância ANOVA, utilizando o pós-teste de Bonferroni com o programa GrafPed
Prism 4.No grupo controle negativo com água mole sintética a média total de
cercarias de S. mansoni mortas, no final de 4 h de exposição foi de 9,5
cercárias, com um percentual de 5,46 % e no controle com DMSO 1%, apresentou
média de 6,5 cercárias mortas e percentual de 3,73 %. No grupo controle positivo
com niclosamida (Bayluscide 70 WP®) na dose de 1 mg/L, a média de cercarias
mortas foi de 174 cercárias, com percentual de 100 %. Nos grupos experimentais,
a dose com 10 mg/kg, com extrato metanólico das folhas, apresentou média de 9,5
de cercarias mortas e o percentual foi de 5,46 %. Na dose de 25mg/kg, apresentou
média de 26 e percentual de 14,94 %. A dose de 50mg/kg, apresentou média de 174
cercárias mortas e percentual de 100 %. Na dose com 100 mg/kg, apresentou média
de 174 cercárias mortas e percentual de 100% de mortalidade. A DL50 para o teste
realizado foi de 30,54 mg/L (Fig.1). Com os dados obtidos, realizamos com o
programa GraphPad Prism 4, a análise de variância ANOVA com pós teste de
Bonferroni para verificar as possíveis alterações, sempre comparando o controle
negativo com as doses utilizadas. Na avaliação com as doses testadas com o
extrato em diclorometano do caule foram observadas diferenças significativas no
período de 4 horas, para as doses de 25 mg/L, 50 mg/L e 100 mg/L, com valores de
p < 0,05; p < 0,001 e p < 0,001, respectivamente. A dose com 50 mg/L do extrato,
também apresentou efeito significativo nos períodos de 2 horas e 3 horas, com
valores de p < 0,01. A dose com 100 mg/L do extrato, também foi significativo
nos períodos de 2h e 3h, apresentando valor de p < 0,001, respectivamente.
Fig. 1
Teste de toxicidade com extrato em diclorometano do
caule de Moringa ovalifolia sobre cercárias de
Schistosoma mansoni
Tab. 1
Dados do teste de toxicidade com extrato em
diclorometano do caule de Moringa ovalifolia
CONCLUSÕES: O extrato em diclorometano do caule apresentou efeitos significativos na atividade
cercaricida com as doses utilizadas, apesar do percentual de atividade sobre as
cercarias testadas, ter ocorrido a partir de 1 hora de exposição, com um
percentual de 0,29 % na dose de 25 mg/L. Estes resultados nos encorajam para a
realização de mais estudos sobre o efeito nas formas larvares do S. mansoni,
utilizando frações purificadas do extrato.
AGRADECIMENTOS: Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, FAPERJ.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANWAR F, ASHRAF M, BHANGER MI. 2005. Interprovenance variation in the composition of Moringa oleifera oil seeds from Pakistan. J Am Oil Chem Soc 82: 45–51.
ANWAR F, BHANGER M.I. 2003. Analytical characterization of Moringa oleifera seed oil grown in temperate regions of Pakistan. J Agric Food Chem 51: 6558–6563.
DILLARD C.J, GERMAN J.B. 2000. Phytochemicals: nutraceuticals and human health: A review. J Sci Food Agric 80: 1744–1756.
MORIMITSU Y, HAYASHI K, NAKAGAMA Y, HORIO F, UCHIDA K, OSAWA T. 2000. Antiplatelet and anticancer isothiocyanates in Japanese horseradish, wasabi. BioFactors 13: 271–276.
REY, L., 2002. Parasitologia Médica, Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan.
SIDDHURAJU, P., BECKER K. 2003. Antioxidant properties of various solvent extracts of total phenolic constituints from three different agroclimatic origins of drumsticks tree (Moringa oleifera Lam.) leaves. J Agric Food Chem 51: 44-55.
VARGAS, T.S; SILVA, C.L.P.A.C.; BAPTISTA, D.F. 2008. Estudo da ação moluscicida de Moringa oleifera Lam em três espécies de moluscos: Biomphalaria glabrata (Say, 1818), Physa marmorata (Guilding, 1828) e Melanoides tuberculata (Muller, 1774), Monografia, Rio de Janeiro, RJ, 25 p.