Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ESTUDO DA EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE PEQUI (Caryocar brasilienses Camb.) ASSISTIDA POR ULTRASSOM
AUTORES: Barbalho, T.C.S. (UFERSA) ; Pinheiro, A.D.T. (UFERSA) ; Lucena, I.L. (UFERSA)
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo estudar a extração do óleo de pequi,
aplicando o método sonoquímico. Foram realizados dois planejamentos experimentais
do tipo 2² para as extrações da polpa e da amêndoa, em ambos os casos utilizou-se
o rendimento como variável dependente e tempo e razão mássica como variáveis
independentes. Os resultados mostraram que os maiores rendimentos foram de 16,18%
para a polpa quando utilizou-se uma menor razão mássica (2:1), e de 16,52% para a
amêndoa quando utilizou-se uma maior razão mássica (6:1), ambos com o mesmo tempo
de residência no ultrassom. Pode-se concluir então que o método sonoquímico
mostrou-se eficiente no auxilio da extração de óleo do pequi.
PALAVRAS CHAVES: Óleo de Pequi; Extração; Método Sonoquímico
INTRODUÇÃO: O Caryocar brasiliense, ou pequi, é um fruto de grande interesse econômico tendo
em vista que o óleo presente nele tem aplicações na medicina, na fabricação de
cosméticos e na indústria petroquímica. A prensagem a frio é o método mais
antigo e mais simples, utilizado especialmente para extração de óleos de
sementes, principalmente quando se deseja que o óleo esteja livre de
contaminação por misturas de solventes. Já na extração de óleo de polpas de
frutas o método artesanal mais comumente aplicado é o cozimento, que tem como
fatores limitantes o baixo rendimento e a rápida alteração na sua composição
química em função das reações de oxidação (AQUINO, 2007). Além dos processos
citados anteriormente, a extração por diversos solventes orgânicos como, hexano,
benzeno, metanol, etanol e por solventes clorados também é muito utilizado.
Atualmente estudos estão apontando para o uso do ultrassom no auxílio da
extração de óleos, apresentando algumas vantagens quando utilizado em reações
químicas, entre elas: redução do tempo de reação, redução da quantidade de
reagentes, aumento do rendimento e maior seletividade. De acordo com Fraga
(2012) óleo de pequi pode ser aplicado na área medicinal sendo um forte agente
terapêutico para portadores de lúpus e diabetes, podendo também ser utilizado em
formulações cosméticas óleo/água (DEUS, 2008). Outra aplicação para o óleo de
pequi seria na síntese de biodiesel, como pesquisou Souza et al (2009). No
intuito de encontrar as melhores condições para a extração de óleo do pequi,
este trabalho teve como principais objetivos, utilizar o processo sonoquímico
para extrair óleo da polpa e da amêndoa, estudar as variáveis tempo e solvente
no rendimento da extração aplicando a metodologia de planejamento experimental.
MATERIAL E MÉTODOS: A matéria-prima utilizada neste trabalho foi o pequi proveniente do Crato-CE,
sendo que este triturado, tanto a polpa como a amêndoa, e posteriormente secos
em uma estufa (Tecnal TE-394/1) com circulação de ar a 40ºC por 24 horas. O
solvente utilizado para a extração do óleo foi o álcool etílico P.A.
(Cromoline). A mistura (pequi/solvente) foi colocada em um balão de fundo chato
de 250 mililitros, em diferentes proporções de massa/solvente, no qual adotou-se
uma base de calculo de 30 g de farelo da polpa e amêndoa do pequi, e em seguida
foi levado para sonicar durante diferentes intervalos de tempo em banho
ultrassônico (Unique UltraCleaner 1400) com frequência de 40 KHz e uma
temperatura média de 35ºC. Após esta etapa, o extrato (óleo/solvente) foi
filtrado utilizando-se um funil de Buckner. Posteriormente utilizou-se um
evaporador rotativo (Biothec BT 351) a uma temperatura de 60ºC interligado a um
banho termostático (Biothec) com uma temperatura de 20ºC, e a uma bomba a vácuo
(Primar 141 CC019 2VC) para separar o etanol do óleo. Com o intuito de avaliar
quais as melhores condições operacionais na remoção do óleo, foi realizado um
Planejamento Fatorial Completo de 22. As variáveis estudadas foram a razão
mássica de solvente/pequi (2/1, 4/1 e 6/1) e o tempo (1, 2 e 3 horas). Para
tanto, utilizou-se o rendimento de óleo extraído do pequi como variável
dependente, sendo este calculado pela razão entre o óleo presente no final da
extração e o peso inicial do pequi.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A Tabela 1 mostra os resultados dos dois planejamentos experimentais realizados.
Pode ser observado que os rendimentos dos pontos centrais tiveram valores
relativamente próximos o que evidência uma regularidade na reprodução dos
experimentos. Foram obtidos rendimentos de 16,18% para a polpa quando se
utilizou uma razão mássica de 2:1 e um tempo de 3 horas (experimento 2), e de
16,52% para a amêndoa quando se utilizou uma razão mássica de 6:1 e o mesmo
tempo da polpa (experimento 1).
Com base nos resultados, foi possível observar que quanto maior for tempo de
extração melhor será o rendimento, tendo em vista que o efeito sonoquímico será
mais efetivo gerando mais micro-bolhas pelo processo de cavitação facilitando
assim a extração de óleo. Sabe-se que após um intervalo maior de tempo todo o
óleo presente na amostra será extraído, chegando o sistema a um estado
estacionário. Por isso a justificativa de se usar um menor intervalo de tempo
para a extração. Mariano (2008) estudou a extração do óleo de pequi utilizando
métodos convencionais, sendo reportados um rendimento de 7,15% para extração
aquosa e de 19,37% para a prensagem hidráulica, uma vez que neste método
utilizou-se uma base de cálculo de 200 gramas (polpa + amêndoa). Com base no
exposto pode-se avaliar como positivo o uso do ultrassom para a extração de óleo
do pequi.
Tabela 1 - Rendimentos obtidos através do processo sonoquímico.
CONCLUSÕES: Foi possível verificar que a melhor condição experimental observada visando obter
o melhor rendimento foi quando utilizou-se uma razão de 2/1 para a polpa e uma
razão de 6/1 para a amêndoa, ambos com o mesmo tempo de residência no ultrassom (3
horas), e que este mostrou-se eficiente no auxilio da extração de óleo do pequi se
comparado as metodologias convencionais.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AQUINO, L. P.. Extração do óleo da polpa de pequi (Caryocar brasiliense): influência das variáveis operacionais. 2007. 95 f. Dissertação (Mestrado) - UFLA, Lavras, 2007.
DEUS, Tatiana Nogueira de. Extração e Caracterização de Óleo do Pequi (Caryocar brasiliensis Camb.) Para o Uso Sustentável em Formulações Cosméticas Óleo/Água (O/A). 2008. 75 f. Dissertação (Mestrado) - Unicag, Goiânia, 2008.
FRAGA, Isabela. Pequi para que? Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/reuniao-anual-da-sbpc-2011/pequi-para-que>. Acesso em: 04 set. 2012.
MARIANO, Renata Gomes de Brito. Extração do Óleo da Polpa de Pequi (Caryocar brasiliense) por Processos Convencionais Combinados com Tecnologia Enzimática, p. 16. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Instituto de Tecnologia. Departamento de Engenharia de Alimentos. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2008
SOUZA, Thayna M et al. H. Estudo do potencial do fruto de pequi (Caryocar villosum) para obtenção de óleo e síntese de biodiesel. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 31ª, 2009, Fortaleza. Anais... Rio Branco: UFAC, 2009.