Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Atividade antimicrobiana do óleo essencial de Alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum L.) frente a bactérias gram-positivas e gram-negativas.
AUTORES: Castro, A.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Nascimento, A.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Teles, A.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO) ; Mouchrek Filho, V.E. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO)
RESUMO: A ação antibacteriana in vitro do óleo essencial extraídos das folhas
secas de Alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum L.) foi verificada por meio da
técnica de difusão de discos em placas contendo meio de cultura Mueller-Hinton
contaminadas com as bactérias Staphylococcus aureus, Eschericha coli,
Salmonella e Pseudomonas aeruginosa. Verificou-se que o óleo essencial testado
apresentou halos de inibição significativos frente à maioria dos micro-organismos
estudados, sendo caracterizado como efetivo no controle do desenvolvimento
bacteriano.
PALAVRAS CHAVES: Micro-organismos; Resistência bacteriana; Disco-difusão
INTRODUÇÃO: Os óleos essenciais são substâncias naturais, voláteis e complexas
caracterizadas pela presença de princípios odoríferos encontrados em várias
partes de uma planta (FRANCO, 2005). Segundo Siani et al. (2009), tais óleos são
constituídos por uma variedade de funções orgânicas, às quais são atribuídas
suas propriedades antioxidante, antifúngica, antinflamatória, antimicrobiana,
etc.
A aplicação de óleos essenciais de plantas com a finalidade de inibir o
crescimento de micro organismos patogênicos em alimentos vem crescendo
gradativamente nos últimos anos, buscando a substituição dos compostos químicos
sintéticos utilizados, até então, por substâncias naturais. Em geral, tal
interesse está relacionado com a possível toxicidade residual dos conservantes
sintéticos, bem como com o surgimento de cepas bacterianas cada vez mais
resistentes (MOREIRA et al., 2005; SARTORATTO et al., 2004).
Também conhecido como alfavacão, o Ocimum gratissimum L. é uma planta
pertencente à família das lamiáceas que, apesar de sua origem asiática, é
facilmente encontrada em regiões tropicais e subtropicais devido ao seu cultivo
facilitado. Por apresentarem aromas fortes e agradáveis, as espécies do gênero
Ocimum apresentam larga aplicação como aromatizantes culinários e na
indústria de cosméticos (LORENZI & MATOS, 2002). O Ocimum gratissimum
também é utilizado para fins terapêuticos, sendo eficaz no combate de várias
doenças do trato respiratório superior (UEDA-NAKAMURA et al., 2006).
Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo verificar a ação bactericida do
óleo essencial extraído das folhas de Ocimum gratissimum L. através da
técnica de disco-difusão.
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas de alfavaca-cravo foram colhidas e submetidas à secagem por exposição
ao sol. O material foi encaminhado ao Laboratório de Microbiologia do Programa
de Controle de Alimentos e Água - UFMA, onde foram fragmentadas e submetidas ao
processo de hidrodestilação utilizando-se um extrator de Clevenger. O óleo
obtido foi seco através da adição de Na2SO4 e armazenado
sob refigeração.
Para verificação da atividade antimicrobiana do óleo, cepas teste de
Staphylococcus aureus, Eschericha coli, Salmonella e Pseudomonas
aeruginosa foram ativadas em caldo BHI e, após o período de incubação,
semeadas em placas contendo ágar Miller-Hinton. À superfície das placas, foram
aderidos, com o auxílio de uma pinça, pequenos discos estéreis embebidos com 0,1
mL do óleo extraído. As placas foram incubadas em estufa bacteriológica a 35ºC
por 24 horas, procedendo-se com a leitura dos halos de inibição após esse
período (BAUER, et al., 1966).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com a realização do método de difusão de discos, observou-se que o óleo
essencial utilizado apresentou atividade antimicrobiana significativa frente à
maioria das cepas testadas. A eficiência do óleo foi avaliada considerando-se os
halos de inibição verificados e os parâmetros adotados por Moreira et al.
(2005).
O teste de susceptibilidade do óleo frente à bactéria S. aureus forneceu
halos de inibição com diâmetro em torno de 24 mm, sendo considerada extremamente
boa sua atuação no combate a tal bactéria. Da mesma maneira, a eficiência do
óleo foi classificada como muito boa no combate à Salmonella, uma vez que
os diâmetros dos halos de inibição observados estavam compreendidos entre 16 e
20 mm.
Efetividade semelhante foi verificada frente à Escherichia coli, com
diâmetros variando de 14 a 18 mm. Em um estudo de mesma finalidade ao deste,
Pereira et al. (2004) constataram a eficácia do óleo essencial de Ocimum
gratissimum ao observar sua ação bactericida sobre 55 das 79 cepas de E.
Coli utilizadas.
Resultados menos significativos foram verificados utilizando-se a Pseudomonas
aeruginosa, onde apenas atividade bacteriostática foi constatada através da
observação de uma região parcialmente turva em torno do disco contendo o óleo
essencial. Diversas pesquisas já evidenciaram a resistência de tal bactéria
tanto ao óleo de Ocimum gratissimum (PEREIRA et al., 2004) quanto aos de
Citrus limonum L. (CASTRO et al, 2013) e Matricaria chamomilla L.
(HARTMANN & ONOFRE, 2010), por exemplo.
CONCLUSÕES: O óleo essencial das folhas da alfavaca-cravo apresentou uma ação bactericida
significativa frente a todas as bactérias testadas, com exceção da Pseudomonas
aeruginosa, sobre a qual se observou atividade bacteriostática. Esta pesquisa
serve como base para o desenvolvimento de estudos toxicológicos adequados a fim de
verificar a possibilidade de aplicação do óleo estudado no combate a tais micro-
organismos na indústria de fármacos e conservantes de alimentos.
AGRADECIMENTOS:
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