53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: VARIAÇÃO DOS COMPONENTES VOLÁTEIS DE HYPTIS CRENATA (LAMIACEAE) POR DIFERENTES MÉTODOS DE EXTRAÇÃO

AUTORES: Figueiredo, P.L.B. (UFPA) ; Silva, V.M.P. (UFPA) ; Andrade, E.H.A. (UFPA) ; Pinheiro, R.O. (UFPA) ; Maia, J.G.S. (UFPA) ; Ribeiro, A.F. ()

RESUMO: Partes aéreas de Hyptis crenata foram submetidas a diferentes processos de extração de seus componentes voláteis: hidrodestilação (HD), arraste a vapor (AV) e destilação e extração simultânea (DES). Os rendimentos de óleos essenciais obtidos na HD e AV foram de 2,33% e 1,77%, respectivamente. A composição química obtida nos três processos, HD, AV e DES apresentou como componentes majoritários a classe monoterpênica α-pineno (-, 20,78%, 28,57%) δ-2-careno (-, 7,71%, 7,87), 1,8-cineol (2,54%, 21,87%, 33,54%), α-terpineol (7,09%, 1,7%, 2,03%) e sesquiterpênica 10-epi-γ-eudesmol (13,8%,4,65%, 2,07%) e valerianol (6,96%, 1,74%, 1,22%), respectivamente. Observa-se variação qualitativa e quantitativa dos constituintes químicos analisados com relação a técnica de extração.

PALAVRAS CHAVES: Hyptis crenata; óleo essencial; composição química

INTRODUÇÃO: A família Lamiaceae, compreende cerca de 250 gêneros e 6970 espécies (JUDD et al, 1999), distribuídas em todo o mundo, sendo o maior centro de dispersão a região do Mediterrâneo (PORTE et al, 2001). O gênero Hyptis compreende cerca de 400 espécies que ocorrem na América tropical. Hyptis crenata Pohl. ex. Benth. é uma planta herbicida anual com cerca de 69-80 cm de altura, cresce espontaneamente em solos arenosos perto de córregos da ilha do Marajó, Pará. É conhecida como “salva-do-Marajó”, “salsa-do-campo” ou “hortelã-do-campo” e é usada por comunidades ribeirinhas como aromatizante de alimento e anti-inflamatória (Maia et al.,2001; Andrade et al., 2002). A produção de óleos essenciais no Brasil, além de viável é rentável (SOUZA et al, 2010) e suas composições são fortemente dependentes das matérias-primas obtidas e dos processos de extração (OLIVEIRA et al, 2007). Este trabalho teve como objetivo avaliar os componentes voláteis de Hyptis crenata, em diferentes processos de extração como hidrodestilação (HD), arraste a vapor (AV) e destilação e extração simultânea (DES).

MATERIAL E MÉTODOS: O espécime H. crenata foi coletada no parque estadual Serra das Andorinhas e dos Martírios, Município de São Geraldo do Araguaia, Pará. A identificação botânica foi baseada no método da morfologia comparada, usando espécimes herborizados, material fresco e bibliografia especializada. As amostras foram moídas e submetidas aos processos de extração dos componentes voláteis: hidrodestilação (HD), arraste a vapor (AV) utilizando-se um sistema de vidro do tipo Clevenger modificado acoplado a sistema de refrigeração para manutenção da água de condensação em torno de 15 oC, durante 3h onde foram obtidos os óleos essenciais, e destilação e extração simultânea (DES) com extrator do tipo Nickerson & Likens durante 2h onde foi obtido um concentrado volátil. A composição química dos voláteis foi analisada porcromatografia de fase gasosa/Espectrometria de Massas (CG/EM )em sistema Thermo DSQ-II equipado com coluna capilar de sílica DB-5MS (30m x 0,25 mm;0,25 mm de espessura do filme) nas seguintes condições operacionais: programa de temperatura: 60°C-240°C (3°C/min); temperatura do injetor: 250°C; gás de arraste: hélio (velocidade linear de 32 cm/s, medida a 100°C); injeção sem divisão de fluxo (0,1 μL de uma sol. 2:1000 de n-hexano); espectros de massas: por impacto eletrônico a 70eV; temperatura da fonte de íons: 200°C. A identificação dos componentes voláteis foi baseada no índice de retenção linear (Índice Kováts) calculado em relação aos tempos de retenção de uma série homóloga de alcanos e no padrão de fragmentação observados nos espectros de massas, por comparação destes com amostras autenticas existentes nas bibliotecas do sistema de dados e da literatura (ADAMS, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os rendimentos (mL/100g) em óleo por Hidrodestilação (HD) e Arraste a vapor (AV) foram de 2,33% e 1,77%, respectivamente. As porcentagens de cada constituinte (≥1%) identificado e seus respectivos índices de retenção encontram-se relacionados na Tabela 1. Os componentes majoritários obtidos por HD, AV e DES foram os monoterpenos α-pineno (-, 20,78% e 28,57%), δ-2-careno (-, 7,71% e 7,84%), 1,8-cineol (2,54%, 21,87% e 33,54%) e α-terpineol (7,09%, 1,7% e 2,03%), os sesquiterpenos oxigenados 10-epi-ϒ-eudesmol (13,8%,4,65% e 2,07%) e valerianol (6,96%, 1,74% e 1,22%), respectivamente. O gráfico 01, ilustra a variabilidade dos constituintes nos três métodos de extração.

Tabela 01: Porcentagens de cada constituintes identificados (≥1%)



Gráfico 1: Variação química entre os métodos de extração (HD, AV e DE



CONCLUSÕES: A classe terpênica predominou na composição química dos constituintes voláteis de Hyptis crenata, com variação quantitativa e qualitativa com relação a técnica empregada para extração.

AGRADECIMENTOS: PIBIC/CNPq e FAPESPA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ADAMS, R.P. Identification of essential oil components by gás chromatography / mass spectrometry. Illinois: AlluredPublishing Corporation, 2007.

ANDRADE, E. H. A.; RIBEIRO, A. F.; SILVA, M. H. L.; ZOGHBI, M. G. B.; MAIA, J. G. S; Plantas medicinais aromáticas usadas pela população ribeirinha. In Lisboa, P. L. B. (org.) Caxiuanã: populações tradicionais, meio físico e diversidade biológica. (pg.421-431). Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 2002.


JUDD, W. S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOGG, E. A.; STEVENS, P. F. Plant Systematics. A phylogenetic approach. Inglaterra, Sinauer Associates Inc., 1999. p. 383.

Maia J.G. S.; Zoghbi M.G. B.; Andrade, E. H. A. Plantas Aromáticas da Amazônia e Seus Óleos Essenciais. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 2001.

OLIVEIRA, R. A.; OLIVEIRA, F. F.; SACRAMENTO, C. K. Óleos essenciais: perspectivas para o agronegócio de especiarias na Bahia. Bahia Agríc.v.8, n. 1, nov. 2007.

PORTE, A.; GODOY, R. L. O. Alecrim (Rosmarinusofficinalisl.): propriedades antimicrobiana e química do óleo essencial. B. CEPPA, Curitiba, v. 19, n. 2, 2001, p. 193-210.

SOUZA, S. A. M; MEIRA, M. R; DE FIGUEIREDO, L. S; MARTINS, E. R. óleos essenciais: aspectos econômicos e sustentáveis. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.6, N.10, 2010.