53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: 100 ANOS DO MODELO ATÔMICO DE BOHR: ENCONTROS E DESENCONTROS NO ENSINO ENTRE A QUÍMICA E A FÍSICA

AUTORES: Silva, M.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO)

RESUMO: Na comemoração do centenário do modelo de Bohr pesquisamos dez professores de química e dez de física, do ensino médio, sobre a aplicação do modelo atômico em uma situação específica: a descoberta do infravermelho por Herschel. Procuramos contextualizar a história da ciência com as aplicações dos Postulados de Bohr envolvendo o espectro eletromagnético. Os professores-sujeitos responderam perguntas estruturadas e, em seguida, fizemos uma análise de suas respostas. Além disso, descrevemos uma breve biografia de Niels Bohr e o contexto histórico da descoberta de Herschel. Os referenciais teóricos de Fazenda e Japiassu, no campo da interdisciplinaridade, e de Anna de Carvalho, em ensino de ciências por investigação, nortearam a pesquisa. O produto é uma proposta para sala de aula.

PALAVRAS CHAVES: interdisiciplinaridade; quantização; ensino por investigação

INTRODUÇÃO: O mundo globalizado e tecnológico usa os conceitos de átomo e de ondas a todo instante nos mais variados equipamentos. O ensino de ciências, deve articular métodos de ensino que tragam, para dentro das salas de aulas, discussões, experimentos, atividades interdisciplinares que resgatem a história da evolução da ciência até os dias atuais. Neste estudo enfatizamos história da ciência, valorizando o momento do centenário do modelo atômico de Niels Bohr, a descoberta do infravermelho, e, as relações estreitas desses fatos entre a química e a física. O infravermelho foi descoberto por Herschel em 1800, bem antes do modelo atômico de Bohr, em 1913 . Propusemos a investigar o que professores das disciplinas, química e física, desenvolvem em suas aulas quando ministram tópicos referentes a estrutura atômica e ao espectro eletromagnético. Assim, nosso principal objetivo foi delinear, através de nossas perguntas, a possibilidade de construir interdisciplinaridade, de promover encontros, atingir o comum em termos de linguagem, através da química e da física, um tema que pode ter alcance histórico, conceitual e tecnológico para estudantes e professores. O objetivo específico desse trabalho traduz-se na pergunta: “Em qual termômetro se observa maior temperatura quando se incide variadas cores provenientes da decomposição da luz?”. Buscamos retratar, em uma abordagem interdisciplinar, a importância de se criar elos entre os conteúdos das disciplinas para que alunos do ensino médio e do ensino superior possam ter uma visão de conjunto, e dessa maneira gerar conhecimento articulado possibilitando críticas e análises mais elaboradas. A ideia de formularmos uma atividade nasceu das perguntas que os professores nos devolviam no sentido de como aplicar tal situação em sala de aula.

MATERIAL E MÉTODOS: A metodologia deste trabalho está divida em três partes. No primeiro momento fizemos um estudo de nosso referencial teórico (sobre interdisciplinaridade e atividade investigativa), do conteúdo específico (modelo de Bohr e espectro eletromagnético), o levantamento biográfico de Bohr e a descoberta do infravermelho por Herschel. Em seguida estruturamos e aplicamos quatro perguntas a dez professores de química e dez de física. Essas perguntas, além de um levantamento do tempo de trabalho de cada professor, versaram sobre o experimento de Herschel e sobre a quantização, associando com o modelo atômico de Bohr.As perguntas foram: 1) Há quanto você atua em sala de aula no ensino de química (ou física)? 2) Iremos descrever o experimento de Hershel. Esse experimento consiste em incidir as cores provenientes da luz, após esta passar por um prisma, sobre termômetros. Qual cor você espera que promova maior dilatação do líquido contido no termômetro? Por que? 3) Sabendo que nesse experimento Herschel descobriu o infravermelho e foi onde o líquido do termômetro sofreu maior dilatação, como você explicaria o fenômeno? 4) O controle remoto funciona por infravermelho. Você utilizaria esse recurso tecnológico como forma de ensinar modelo de Bohr e o espectro eletromagnético? E, por fim, no terceiro momento avaliamos as respostas à luz de nossos referenciais teóricos. A priemira pergunta tem como objetivo verificar se o professor é também pesquisador, uma vez que diante de situações diversas em sala de aula ele pode (des) construir conceitos. As duas perguntas seguintes relacionam possibilidades de o professor conhecer o fato da descoberta do infravermelho. A quarta pergunta nos direcionou para a elaboração de uma atividade que pudesse atender os questionamentos dos professores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados dessa pesquisa mostram que professores que trabalham em instituições diferenciadas (particular, pública) usam caminhos diferentes para falar do modelo atômico de Bohr. Nota-se que os professores da rede particular de ensino argumentaram melhor suas respostas, citando exemplos e questões de vestibulares. Os professores da rede pública não demandam muito tempo com modelo de Bohr e muita das vezes o assunto nem é falado. Nota-se clara distância entre a química e a física em relação ao assunto: os professores não conseguem romper a barreira do conhecimento, limitando ao seu bloco específico: química ou física. Além disso, os professores retrataram, que a química aborda o assunto na primeira série do ensino médio e a física na terceira série, sendo este um obstáculo para a não construção de interdisciplinaridade. A maioria dos professores de química não valoriza o espectro eletromagnético em suas aulas sobre modelo de Bohr. Notamos também que este tópico de física e química é trabalhado, na maior parte das respostas dos professores, por transmissão de conhecimento, sem atividade experimental ou de outro cunho investigativo. Portanto a resposta dada sobre o funcionamento de um controle remoto em sala de aula foi visto como dificultador para o tema. Os professores alegam carga horária excessiva, falta de laboratório e formação docente fragmentada e sem perspectiva interdisciplinar. Para muitos professores a relevância histórica dos fatos é importante, porém, admitem que sua construção em sala de aula poucas vezes acontece.

CONCLUSÕES: Concluimos que a construção de interdisciplinaridade envolvendo a química e a física, dentro do tópico modelo de Bohr, está longe de ser alcançada pelos professores citados. Nota-se que na formação desses professores, desde as séries iniciais do ensino fundamental até as suas formações docentes, não houve momentos verdadeiramente interdisciplinares como aponta Fazenda. A construção de uma atividade investigativa e interdisciplinar é um fato que gera desconfiança e retira os professores de suas áreas de segurança. O estudo do controle remoto não foi visto como prblematizador para os professores

AGRADECIMENTOS: Agradeço de forma especial aos professores que cederam seu tempo para as entrevistas. Pelas conversas por uma educação interdisciplinar, muito obrigado!

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