Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A QUÍMICA REVELADA NAS CONCEPÇÕES PRÉVIAS DOS ALUNOS SOBRE O PAPEL DOS CIENTISTAS
AUTORES: Ribeiro, S., L. (UNIVASF) ; Silva, R., A.C. (UNIVASF) ; Costa, R., E.L. (UNIVASF) ; Silva, M., F. (UNIVASF) ; Lacerda, L., P. (UNIVASF) ; Queiroz, C., A. (UNIVASF) ; Cleophas,, M.G.P. (UNIVASF)
RESUMO: O presente trabalho delimita uma pesquisa feita por um grupo de alunas da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) a cerca do estereótipo que alunos, do 4º e 5º ano do ensino fundamental I de algumas das escolas do município de São Raimundo Nonato e Anísio de Abreu, ambas situadas no estado do Piauí, possuem acerca do papel de um cientista. A análise foi realizada com base em desenhos feitos por alunos, no intuito de observar as suas concepções. O objetivo desta pesquisa visou identificar como os pequenos estudantes imaginam um cientista e a quê eles relacionam sua imagem.
PALAVRAS CHAVES: Concepções prévias; CIENTISTAS; QUÍMICA
INTRODUÇÃO: A concepção sobre o papel da ciência vista pelos olhos de uma criança é objeto de estudo de muitos professores, psicólogos, etc. A visão que as crianças possuem acerca do papel de um cientista é bastante diversificada. Entender como as crianças veem esse personagem, que faz parte da história da evolução intelectual da humanidade, é a chave para uma boa disseminação do verdadeiro papel da ciência. Segundo Lopes (1999), a escola seleciona e didatiza, para os alunos os conteúdos, transformando o conhecimento científico em fragmentos possíveis de serem assimilados. Segundo Astolfi (1988), a aquisição de conceitos pelos alunos não é um mero preenchimento de um espaço vazio, mas a substituição de um corpo organizado de ideias e concepções prévias. Ainda de acordo com Lopes (1999), o conhecimento científico tem caráter de abstração quando aplicado ao conhecimento escolar. Esta abstração pode ser fruto de diversos fatores, tais como a qualidade do ensino, a falta de acesso à informação, pouca leitura, e até mesmo a apropriação da visão que os meios televisivos fazem sobre o estereótipo de um cientista. Contudo, Bowtell (1996) afirma que não existe nada de errado com a existência de estereótipos a não ser que não existam “contra imagens”, isto é imagens dos cientistas que se oponham ou que sejam diferentes umas das outras, daí a importância de se refletir sobre estas imagens em contexto de sala de aula. Cabe aos professores desmistificarem as visões errôneas dos alunos, mostrando o verdadeiro papel de um cientista e que este pode ser uma pessoa comum. Este trabalho apresenta o levantamento e a análise das concepções prévias de alunos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental de quatro escolas públicas da micro região de São Raimundo Nonato (PI), acerca do tema “Cientistas”.
MATERIAL E MÉTODOS: Realizou-se o levantamento de dados qualitativos como procedimento desta pesquisa, que visou investigar as concepções sobre o papel dos Cientistas, através de um grupo de estudantes do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental I. Os dados qualitativos obtidos foram enquadrados de acordo com as semelhanças observadas pelos desenhos realizados pelos alunos e traduzidos em números. No entanto, a interpretação sobre o significado destes dados, representa um caráter bastante subjetivo. De acordo com Merriam (1988), a natureza complexa dos objetos em estudo (concepções dos alunos), associada à impossibilidade de identificar e controlar os inúmeros fatores que contribuem para esta complexidade justifica a adopção de uma abordagem qualitativa.
Esta pesquisa foi dividida em dois momentos. O primeiro momento consistiu na visita nas escolas, onde com a permissão do professor da turma, oferecemos materiais como papel, lápis de cor, lapiseiras etc., para que os alunos pudessem ilustrar sua concepção/entendimento sobre os cientistas. Nesta etapa, foi observada que os alunos apresentaram bastante dificuldade em expressar sua concepção na forma de desenho. O grupo não influenciou as concepções dos alunos. Após o recebimento dos desenhos e análise dos mesmos, partiu-se para o segundo momento. Esta etapa foi bastante laboriosa, pois foi analisado cada desenho isoladamente e os desenhos obtidos foram separados em categorias, exibidas no Gráfico 1. A partir daí, foi planejado uma serie de intervenções, onde o grupo retornou as escolas e executaram atividades com a temática escolhida. Foi apresentado um vídeo e fotos sobre cientistas, desmitificando a visão ilustrada pelas crianças. O grupo respondeu a todos os questionamentos e confrontou alguns desenhos obtidos com situações reais dos cientista
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após o primeiro momento da aplicação da pesquisa pode-se observar que, boa parte dos alunos não possuía dimensão do que é ou o que faz um cientista. As ilustrações feitas por eles foram bem diversificadas, desde bailarinas, flores, árvores até homens e mulheres em laboratórios. Ao todo foram 155 alunos de turmas do 4º e 5º anos.Constatou-se então que, dos 155 alunos que participaram da pesquisa, apenas 47% souberam delinear parcialmente o que é um cientista, voltando quase que frequentemente o foco de sua ilustração para a Química (Gráfico 1). Dito isto, percebeu-se que, mesmo estando ainda em séries iniciais e ainda não tendo nenhuma noção do que se trata a Química, a maior parte dos alunos remeteu a figura do cientista ao contexto da Química. Visando esclarecer as ideias observadas através dos desenhos dos alunos, elaborou-se um pequeno seminário, onde se disseminou de forma didática e conceitualmente relativa o que realmente significa ser um cientista, e percebeu-se a partir daqui que, a imagem que eles guardam em sua memória provém muito do que a mídia oferece, tanto na forma de comerciais, como de desenhos animados e filmes, mostrando que um cientista é uma pessoa isolada, maluca, de cabelos despenteados, e que moram em um laboratório e usam sempre jaleco. Segundo Bachelard (1996), uma vez entregue ao reino das imagens contraditórias, a fantasia reúne com facilidade tudo que há de espantoso. Faz convergir às possibilidades mais inesperadas (...). Essas ficções científicas, viagens à lua, invenção de gigantes e de monstros são, para o espirito científico verdadeiras regressões infantis. Podem ser divertidas, mas nunca instrutivas (BACHELARD, 1996). Alguns desenhos são ilustrados abaixo (Figura 1, 2 e 3), onde se observa a presença da Química
GRAFICO 1
Gráfico 1: Percentual sobre as representações ilustradas pelas crianças
FIGURA 1,2 E 3
FIGURA 1:RADJA, U. E. ELIACIM MAURIZ 4º ANO.
FIGURA 2: M.RODRIGUES, 10 ANOS.U. E. DEP. EDSON DIAS FERREIRA.FIGURA 3: J.PEDRO,10 ANOS U.E.L.S.TRINDADE
CONCLUSÕES: A partir do exposto constatamos que é muito comum que os alunos concebam os cientistas como homens que trabalham isolados, vestindo seus jalecos brancos, em um laboratório, tendo ideias solitárias e brilhantes sobre como resolver os problemas da humanidade. Outros demonstraram que suas concepções prévias sobre os cientistas eram totalmente deturpadas. Foi comum observar a relação que as crianças fazem de um cientista com a Química. Contudo, percebe-se que a escola deve inserir uma discussão que gere modificações de todo um conjunto de ideias estereotipadas sobre a ciência e os cientistas.
AGRADECIMENTOS: O grupo de alunos agradecem ao POPEQUIM (Popularizando o ensino e a História da Química), coordenado pela Professora Graça Porto. E-mail: popehquim@gmail.com
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LOPES, A. R. C. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano. pp.177-193. RJ: UERJ, 1999.
ASTOLFI, J. P. El aprendizaje de conceptos científicos: aspectos epistemológicos, cognitivos y lingüísticos. Enseñanza de las Ciências, v. 6, n. 2, p. 147155, 1988.
BOWTELL, E. (1996). Educational Stereotyping: Children´s perceptions of scientists: 1990´s style. Investigating: Australian Primary and Junior Science Journal, 12(1). Obtido em http://faculty.ncwc.edu/MBrooks/307/perceptions_of_scientists.htm.
MERRIAM, S. Case study research in education: A qualitative approach. San Francisco, CA: Jossey-Bass, 1988.
BACHELARD, G. A Formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. Rio de Janeiro. Contraponto, 1996.