53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO DESCARTE DE LÂMPADAS FLUORESCENTES: A QUÍMICA ALÉM DA SALA DE AULA

AUTORES: Oliveira, D.F. (IFMT-FO/PL) ; Pereira, J.M.S. (IFMT-FO/PL) ; Guimarães, E.N. (IFMT-FO/PL) ; Ferreira, J.N. (IFMT-FO/PL)

RESUMO: Neste trabalho, objetivou-se diagnosticar como é realizado o descarte de lâmpadas fluorescentes de mercúrio usadas no município de Pontes e Lacerda-MT, com enfoque no ensino e popularização da Química. Além de identificar qual a visão da população sobre as questões ambientais referentes ao descarte desses resíduos e avaliando também a necessidade de instrumentos que possam auxiliar na conscientização dos munícipes. Este trabalho foi realizado em quatro etapas: pesquisa bibliográfica, construção do instrumento de pesquisa, a incursão no universo da pesquisa de campo, análises e conclusões. Os dados obtidos permitiram observar que o descarte ocorre de modo irregular e que a população ainda desconhece como a Química pode estar presente em seu cotidiano.

PALAVRAS CHAVES: Lâmpadas Fluorescentes; Conscientização Ambiental; Ensino de Química

INTRODUÇÃO: Cotidianamente, a sociedade se depara com diferentes tipos de materializações tecnológicas, cujos objetivos é tornar o modo de viver mais prático e dinâmico. Tanta engenhosidade, entretanto, está ligada a uma maior agressão ao meio ambiente, principalmente quando se refere a resíduos que possuem metais pesados em sua composição (NAKAZONE, 2008), neste caso, as lâmpadas fluorescentes que contêm mercúrio (Hg). Este quando descartado livremente no meio ambiente, pode causar inúmeros impactos ambientais e à saúde humana (GÜNTHER, 2009). A partir deste ponto, no presente trabalho, objetivou-se investigar como é realizado o descarte de lâmpadas fluorescentes de mercúrio usadas em Pontes e Lacerda-MT, tendo como enfoque a popularização da Química, uma vez que esta, de forma intensa e multidisciplinar, está presente em nosso cotidiano. Entretanto, a ciência Química ainda é percebida como exterior às atividades do dia-a-dia (LOPES et. al. 2012), cuja presença somente é visualizada nas salas de aulas e nos laboratórios das grandes indústrias. Portanto, faz-se necessário que tal visão seja gradativamente desconstruída, partindo não somente das salas de aulas, mas também seja discutida nas práticas diárias. Sendo assim, adotou-se uma pesquisa estatística sobre os descartes das lâmpadas fluorescentes para estabelecer uma relação entre a Química e sua participação no cotidiano, uma vez que tais dispositivos, a partir dos anos de 2000, ganhou vasto espaço no mercado brasileiro, motivado pelo seu baixo consumo energético em relação às lâmpadas incandescentes (RAPOSO, 2001; SAMPAIO et. al. 2009; STRECK, 2012). Outro aspecto importante desta investigação foi avaliar a necessidade de ferramentas que auxiliem na conscientização dos moradores quanto ao descarte correto dos materiais.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram entrevistadas 105 pessoas – sendo 36 homens e 69 mulheres –, com faixa etária entre 12 e 68 anos, com nível de escolaridade de ensino fundamental incompleto ao mestrado, no período de abril a maio de 2013, no município de Pontes e Lacerda-MT. O trabalho em questão foi realizado a partir da divisão em quatro etapas distintas: a pesquisa bibliográfica, a elaboração do instrumento de pesquisa, a incursão no universo da pesquisa de campo, análises e conclusões. A etapa de pesquisa bibliográfica centralizou-se na exploração da temática do descarte de lâmpadas fluorescentes com mercúrio em sua composição, mantendo constante relação com a ciência Química. O procedimento de elaboração do instrumento de pesquisa aconteceu com a construção de um questionário contendo 15 perguntas objetivas sobre descarte de lâmpadas fluorescentes e caracterização do entrevistado que, por sua vez, foi destinado aos moradores do município. A fase de incursão no universo da pesquisa de campo ocorreu com a aplicação dos questionários aos moradores, sendo que ao final de cada entrevista, fazia-se uma breve explanação sobre como realizar o descarte correto dos dispositivos e como a Química estava presente neste processo. E a última etapa, a de análises e conclusões, foi realizada a apreciação quantitativa e qualitativa dos dados obtidos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Para saber se os entrevistados possuíam acesso às informações foi questionado sobre qual mídia era acessada com maior frequência, resultando em: internet (48%), televisão (48%), outras mídias (4%). Quanto ao uso de lâmpadas fluorescentes, 94% dos entrevistados afirmaram fazer uso – com quantidade média de sete lâmpadas –, mas quando perguntados sobre o descarte: 85% disseram que descartam no lixo doméstico, 9% armazenam em casa, 3% jogam diretamente no meio ambiente e apenas 3% devolvem no estabelecimento onde comprou (Figura 1). Em relação aos principais componentes químicos presentes nas lâmpadas, alguns apontaram somente o mercúrio enquanto que 83% afirmaram desconhecer esses componentes. Quando questionados sobre os impactos causados à saúde e ao meio ambiente pelos resíduos desses dispositivos, 69% afirmaram ignorá-los, entretanto a quantidade dos que afirmaram ter conhecimento dos problemas foi considerável (31%), quando esses dados foram confrontados com os dados relativos à pergunta sobre a falta de informações para o descarte correto, 96% reconheceram a carência de informações. Quanto à relação desses dispositivos com a Química, a maioria dos entrevistados não conseguiu estabelecer nenhuma, comprovando que esta ciência ainda é pouco difundida entre os entrevistados. Tal que somente após um breve panorama levantado pelo entrevistador que os moradores começaram a perceber que a Química esta presente nos mais variados materiais que utilizamos diariamente. Ao serem questionados se fariam o descarte correto das lâmpadas fluorescentes, caso houvesse postos de coletas, 98% afirmaram que o realizariam. Em relação ao uso desses dispositivos, 87% o defendem independentemente de qualquer impacto gerado.

Figura 1. Modos de descarte de lâmpadas fluorescentes.

Figura 1. Modos de descarte de lâmpadas fluorescentes, segundo os entrevistados.

CONCLUSÕES: Através desta entrevista, pode-se perceber que o descarte de lâmpadas fluorescentes ocorre de forma inapropriada, facilitando a ocorrência de danos ao meio ambiente e à saúde dos moradores. Sendo que o descarte irregular desses materiais acontece por basicamente dois motivos: a ausência de postos de coleta e principalmente a falta de informação da população. E ainda que a população, de modo geral, não consegue estabelecer nenhuma relação desses dispositivos com a área de atuação da Química, sendo de extrema importância a difusão e popularização dessa ciência.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LOPES, T.C.; COUTO, A.M.; MELO, K.C. Descarte consciente de lâmpadas fluorescentes: enfatizando a consciência ambiental através do ensino de química. 2012. In: ANAIS DO 52º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA. Recife-PE: 2012.

GÜNTHER, W. M. R. Lâmpadas fluorescentes: hábitos domiciliares de uso e descarte do resíduo junto a uma comunidade acadêmica. São Paulo: 2009.

NAKAZONE, A. K. Descarte adequado de fluorescentes que contenham mercúrio. São Paulo: 2008.

RAPOSO, C. Contaminação ambiental provocada pelo descarte não-controlado de lâmpadas fluorescentes no Brasil. Belo Horizonte: 2001. (Tese de Doutorado em Geologia Ambiental e Conservação de Recursos Naturais).

SAMPAIO, M. R. F.; SÁ, J. S. Diagnóstico da situação de lâmpadas fluorescentes pós-consumo em Pelotas, RS. 2009. In. LIVRO DE RESUMOS DA 2ª MOSTRA DE TRABALHOS DE TECNOLOGIA AMBIENTAL, Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, 2009.

STRECK, L. A percepção e o grau de consciência dos consumidores a respeito do destino das lâmpadas fluorescentes pós-consumo. Resultados relativos à população santa-mariense. 2012. In. XIV ENCONTRO NACIONAL SOBRE GESTÃO EMPRESARIAL E MEIO AMBIENTE. São Paulo, Brasil, 2012.