Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Modelos moleculares construídos com garrafas PET como recurso didático em aulas de química
AUTORES: Jesus, C.A.F. (IFF) ; Pinheiro, T.F. (IFF) ; Lima, R.M. (IFF) ; Marcelino, V.S. (IFF)
RESUMO: Esse trabalho tem como objetivo principal proporcionar outro fim a garrafas PET ao
utilizá-las na produção de material didático para uso em aulas de Química,
tornando-as contextualizadas e interdisciplinares. Visando avaliar a validade
desta abordagem, foram ministradas aulas seguindo esta proposta e coletados dados,
através de questionários, junto aos alunos. Estes dados foram analisados através
da Análise Textual Discursiva (ATD), uma vez que a pesquisa tem caráter
qualitativo. Constatou-se que aulas seguindo esta abordagem contextualizadora e
fazendo uso de material didático manuseável promove a motivação e contribui para
uma melhor formação dos alunos.
PALAVRAS CHAVES: ensino de química; material didático; contextualização
INTRODUÇÃO: Anualmente são produzidas no Brasil milhões de garrafas de polietileno
tereftalato (PET), muito utilizadas pela indústria de refrigerante ou suco. Uma
grande quantidade deste plástico é descartado no meio ambiente sem qualquer
tratamento. Muitas opções para reaproveitar e reciclar estas garrafas têm sido
desenvolvida, nesse sentido, buscando o estabelecimento de uma conscientização
ambiental unida ao ensino da Química, desenvolveu-se este trabalho o qual
pertence ao Programa de Formação Científica de um Instituto Federal e tem como
objetivo proporcionar outro fim a algumas dessas garrafas e uma abordagem
diferenciada para a aprendizagem da Química e de questões ambientais,
reaproveitando esse material na construção de estruturas tridimensionais de
baixo custo capazes de auxiliar no processo de ensino aprendizagem através de
melhor visualização e manuseio das mesmas, facilitando o entendimento de suas
interações e arranjos, partindo de um aspecto macroscópico para introduzir os
modelos microscópicos. Estaremos dessa forma contemplando os Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999) que estabelecem a contextualização como
forma de organizar dinamicamente a abordagem dos conteúdos articulados a temas
sociais. Assim, podemos trabalhar com uma educação preocupada não só com
conteúdos específicos, mas com estratégias diversificadas para se promover uma
aprendizagem científica pautada na conscientização e preservação ambiental. Esta
proposta também vem ao encontro dos pressupostos do movimento Ciência,
Tecnologia e Sociedade (CTS), o qual foi inserido no contexto educacional,
levando ao ensino de ciências o estudo das relações entre ciência e suas
consequências ambientais e sociais(KRASILCHIK; MARANDINO, 2004; SANTOS;
MORTIMER, 2002)
MATERIAL E MÉTODOS: Em um primeiro momento do projeto realizou-se a produção das estruturas
moleculares tridimensionais construídas com as garrafas PET, após a construção
de diversas estruturas moleculares que representam substâncias químicas
normalmente estudadas em aulas de Química do nível médio, esse material foi
utilizado para ensinar conteúdos referentes às formas espaciais destas
substâncias e, a fim de testarmos a sua aplicabilidade e eficiência neste
ensino. Durante as aulas, em uma escola pública de nosso município, além da
utilização do material, os licenciandos em Química, bolsistas do programa, se
valeram de textos contextualizadores sobre o tema plásticos. Com o objetivo de
avaliar a validade desta proposta, foram aplicados questionários direcionados
aos alunos, antes e depois das aulas, os quais continham questões fechadas e
abertas. O questionário analisado neste trabalho investigava dados gerais dos
alunos, o que eles já conheciam sobre plásticos e a sigla PET, se suas aulas de
Química eram contextualizadas e qual sua percepção sobre esta abordagem e o
material didático utilizado. Os dados coletados foram analisados e a partir das
respostas às questões abertas compusemos o nosso corpus,que foi analisado
através da ATD (MORAES; GALIAZZI, 2007). Esta metodologia de análise qualitativa
é composta por três etapas: a unitarização, etapa de desconstrução do corpus em
unidades; a categorização, das unidades obtidas na etapa anterior; e a
comunicação da análise através de metatextos. Produzimos uma categoria
emergente, a qual gerou um metatexto: a motivação nas aulas de Química.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na aplicação do material produzido com garrafas PET (figura 1) os alunos puderam
manuseá-los e relacionar com as estruturas moleculares que por serem
tridimensionais não são bem entendidas apenas através de desenhos no quadro e no
livro didático, forma como tradicionalmente esse conteúdo é apresentado. Ainda
houve discussões sobre questões ambientais e sociais, relativas ao uso excessivo
dos plásticos, caracterizando assim o caráter interdisciplinar e
contextualizador das aulas. Ao perguntarmos sobre a relação que é feita pelo
professor sobre o conteúdo de Química com o cotidiano, constatamos que 14% dos
estudantes dessa escola não conseguem perceber a contextualização realizada pelo
professor, fato esse que seria desejável. Ao indagarmos aos alunos se possuíam
alguma noção a respeito de problemas causados pelos plásticos ao ambiente, 95%
afirmaram saber, outros 5% desconheciam. Ainda questionamos sobre o significado
da sigla PET, um percentual de 27% relatou saber o significado, 73% que não
possuíam conhecimento sobre esta sigla. Sobre aprender as formas espaciais a
partir destes modelos construídos, todos os alunos afirmaram ser bem mais
esclarecedor do que a forma tradicional de ensino. Qualificaram a aula como mais
dinâmica, interativa e melhor do que as aulas tradicionais. Os alunos 6 e 7
declararam: “Achei uma aula muito interativa onde os alunos saíram da mesmice
da explicação” e “Eu gostei muito da aula, pois não foi só um monólogo do
professor e sim uma interação entre professor e alunos”. Diante da realidade
tradicional de nossas aulas de química, Pozo e Crespo (2009) afirmam que a falta
de motivação de nossos alunos os leva a não se esforçar nem estudar e, por isso,
fracassam nesse aprendizado. Esse aspecto motivador tem, portanto, clara
importância.
figura 1
Construção de estrutura molecular tridimensional com
garrafa PET(Glicose).
CONCLUSÕES: Percebemos a importância deste tipo de aula nas quais os alunos se mostraram
motivados e demonstraram maior facilidade no aprendizado do conteúdo estudado.
Além de relatarem ser melhor que a aula tradicional por permitir uma interação
entre eles e o professor. Depreendemos, ainda, de nossa análise que uma aula de
Química pautada em temas do cotidiano dos alunos, os quais estejam envolvidos em
problemas sócio ambientais, como é o caso das garrafas PET e seu acúmulo no
ambiente, é desejável para que os alunos sejam formados para exercerem sua
cidadania.
AGRADECIMENTOS: Aos professores orientadores do projeto, ao PIBITI (CNPQ) pela bolsa de iniciação
científica e ao IFF pelo apoio e incentivo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL, PCNEM - Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. (1999)Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Brasília.
KRASILCHIK, M., MARANDINO, M. (2004) Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo: Moderna.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. (2007) Análise textual discursiva. Ijuí: Unijuí.
POZO, J. I. ; CRESPO, M. A.(2009) A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: ARTIMED.
SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. (2002) Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Ensaio: pesquisa em educação em ciências, v. 2, n. 2, p. 133-162.