53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: AULAS DE QUÍMICA PROBLEMATIZADAS: UMA PROPOSTA NA FORMAÇÃO INICIAL

AUTORES: Gomes, C.A. (IFF) ; Mathias, M.S. (IFF) ; Barbosa, L.T.C. (IFF) ; Barroso, L.S. (IFF) ; Ramos, C.N. (IFF) ; Barcellos, P.S. (IFF) ; Marcelino, V.S. (IFF)

RESUMO: Este trabalho foi desenvolvido com licenciandos do sétimo período da Licenciatura em Química de um Instituto Federal e se refere ao período de desenvolvimento da disciplina Ambientes de Aprendizagem em Química II. Durante o seu desenvolvimento, os licenciandos elaboraram sequencias didáticas, como propostas para aulas de Química a nível médio, baseadas em metodologias problematizadoras, como o Arco de Maguerez e os Três Momentos Pedagógicos. Ao fim deste processo buscou-se verificar a opinião dos licenciandos acerca do mesmo, por meio de um relato escrito. Os relatos foram submetidos a uma Análise Textual Discursiva. Emerge da análise que os licenciandos percebem a importância de superar o ensino tradicional e constata-se a viabilidade de metodologias problematizadoras para estas aulas.

PALAVRAS CHAVES: ensino de química; problematização; cotidiano doa alunos

INTRODUÇÃO: As inovações em Ciência e Tecnologia têm apresentado desafios que vão além do domínio da técnica, desencadeando problemas ambientais e sociais. Diante desse cenário não é mais viável a manutenção de um ensino tradicional, desvinculados das questões sociais e ambientais. Além disso, sabemos que os alunos chegam às nossas aulas com conhecimentos já construídos de sua interação com a vida cotidiana e é necessário que os professores reconheçam que existem obstáculos pedagógicos que dificultam a construção do conhecimento científico por parte dos alunos, os quais precisam ser prolematizados (DELIZOIKOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2007). Nosso trabalho com licenciandos se deve ao fato de entendermos que intervenções deste tipo levam à formação de futuros professores de Química conscientes da necessidade de um ensino diferente do tradicional. Reconhecendo os professores como sujeitos responsáveis e fundamentais pelas tão necessárias mudanças em nosso sistema educacional. Pensando na viabilização de aulas diferenciadas e que não exijam do professor recursos que não estejam ao seu alcance, nossa proposta se baseia na produção de sequências didáticas para aulas de química a nível médio problematizadas, embasadas por duas diferentes metodologias já relatadas na literatura como sendo utilizada no ensino de ciências, o Arco de Maguerez e os Três Momentos Pedagógicos. Estas sequências foram elaboradas por licenciandos em química no âmbito da disciplina Ambientes de Aprendizagem, que tem como objetivo fornecer subsídios para que os futuros docentes possam conhecer novas metodologias, elaborá-las e refletir sobre elas. No presente trabalho, analisamos mediante a Análise Textual Discursiva os relatos dos licenciandos a fim de compreender suas percepções sobre todo o processo desenvolvido.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada com 6 licenciandos do 7º período de Licenciatura em Química de um Instituto Federal em 2013. Foi desenvolvida durante as aulas da disciplina de Ambientes de Aprendizagem em Química II. A problematização em aulas de química foi a proposta desenvolvida pelos alunos, os quais se organizaram em dois grupos e fizeram uso dos Três Momentos Pedagógicos (DELIZOIKOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2007) e do Arco de Maguerez (HENGEMÜLHE, 2004) para produzirem duas diferentes sequências didáticas para essas aulas. O ensino de separação de misturas e de crioscopia foram escolhidos por serem conteúdos do Ensino Médio em nossa Instituição. A primeira sequência didática apresentada baseou-se nos Três Momentos Pedagógicos, que é constituída pelos seguintes passos: a problematização inicial; a organização do conhecimento; e a aplicação do conhecimento. A segunda sequência apresentada baseou-se no método do Arco de Maguerez, que se desenvolve através de seis etapas: levantamento do conhecimento prévio, problematização e contextualização, levantamento de hipóteses, teorização, atividades e sistematização e avaliação. Após a apresentação das sequências didáticas os licenciandos produziram um relato escrito, o qual indagava sobre o que eles pensam sobre as aulas tradicionais e aulas problematizadas para o ensino da Química; sua percepção sobre as 2 metodologias problematizadoras, quais seus pontos positivos e negativos; se utilizariam em sua futura prática docente. Estes relatos foram analisados através da ATD (MORAES; GALIAZZI, 2007), que é composta por três etapas recursivas: a unitarização, desconstrução do corpus; a categorização, categorizamos as unidades obtidas; e a comunicação da análise através de metatextos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: As duas proposta produzidas (figuras 1 e 2) foram apresentadas e todos afirmaram que utilizariam as metodologias problematizadoras em suas aulas e segundo L06 “com certeza eu usaria. A preparação do plano de aula foi mais fácil, uma vez que já existem etapas a serem preenchidas”. A partir da análise dos relatos dois metatextos foram obtidos. 1)Ensino tradicional nas aulas de química: uma realidade a ser superada. Maldaner (2003) afirma que os professores de Ciências limitam-se a transmitir os conteúdos conforme propõem os livros didáticos, em nosso município a realidade não é diferente (MARCELINO, 2012). Existem estudos que confirmam a existência de dificuldades na aprendizagem dessa disciplina, que persistem mesmo com longos períodos de instrução (POZO e CRESPO, 2009), por isso, a necessidade de mudanças nessa prática tradicional. L01 nos relata “não é de hoje que as aulas tradicionais não funcionam.”. Um caminho viável é apontado: “aulas tradicionais envolvem memorização de conceitos, distanciando a relação dessa disciplina do cotidiano dos alunos, tornando-a abstrata” (LS). Essa ideia vem ao encontro do que afirmam Pozo e Crespo (2009), para superarmos a crise neste ensino é preciso minimizar a distância entre o cotidiano e o científico para os alunos. 2)Aulas problematizadas: uma alternativa viável. Os licenciandos apontaram como alternativa viável para um ensino de melhor qualidade, que motive seus alunos e torne sua aprendizagem mais significativa a problematização. Esta metodologia não exige recursos dispendiosos para a aula, apenas exige que o professor se empenhe em sua produção. Para Freire (2005) o problema é compreendido como uma condição para aquisição de conhecimento e precisam realmente fazer sentido para o estudante.

figura 1

Sequência didática proposta com os Três Momentos Pedagógicos sobre Separação de Misturas

Figura 2

Sequência didática proposta com o arco de maguerez sobre Crioscopia

CONCLUSÕES: A problematização foi considerada uma metodologia viável para aulas de Química, pois, produz um ambiente diferente do tradicional e não exige maiores recurso, depende do professor preparar suas aulas de forma a seguir os passos propostos nas metodologias problematizadoras. Destaca-se nas 2 metodologias o fato de se basearem em problemas comuns ao cotidiano dos alunos, o que de acordo com os teóricos em que nos pautamos, se constitui em um fato que certamente promoverá a melhor formação dos alunos.Ressaltamos a importância de ações desta natureza para formação de professores menos tradicionais.

AGRADECIMENTOS: Aos licenciandos participantes desta pesquisa, a qual se empenharam.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DELIZOIKOV, D.; ANGOTTI, A. J.; PERNAMBUCO, M. M. (2007). Ensino de Ciências, Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. (2005). 44ª ed. São Paulo: Paz e Terra.
HENGEMÜLHE, Adelar.(2004). Gestão de Ensino e Práticas Pedagógicas. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes.
MALDANER, O.A.(2003). A formação inicial e continuada de professores de química professor/pesquisador. Ijuí: Ed. Unijuí.
MARCELINO, V. S. (2012). Uma análise textual discursiva dos problemas e perspectivas do ensino de química pela ótica de seus professores de Campos dos Goytacazes-RJ. Universidade Estadual do Norte Fluminense. Tese de Doutorado.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. (2007) Análise textual discursiva. Ijuí: Unijuí.
POZO, J. I. ; CRESPO, M. A. (2009). A aprendizagem e o ensino de ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. Porto Alegre: ARTIMED.