53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE NO ENSINO DE QUÍMICA A PARTIR DO CONTEXTO EDUCACIONAL DE DEFICIENTES AUDITIVOS

AUTORES: Sousa, A.C.L.F. (UEPA) ; Ramos, J.L. (UEPA) ; Martins, A.M. (UEPA) ; Martins, J.C. (UEPA) ; Vieira, D.C. (UEPA) ; Castro, S.M.V. (UEPA) ; Filho, M.R.E. (UEPA) ; Silva, M.D.B. (UEPA)

RESUMO: O presente trabalho apresenta o relato e as reflexões de uma experiência no ensino de Química vivenciada durante a realização de uma Feira Experimental, em que a temática dos sentidos do corpo humano foi abordada de maneira interdisciplinar, sob a óptica da Física-Química-Biologia. A atividade relatada diz respeito ao sentido da audição, desenvolvida com o objetivo de informar a importância da audição e da inclusão dos deficientes auditivos, a partir de uma dinâmica interativa, seguida pela aplicação de um questionário ao público participante. Os resultados obtidos evidenciaram o êxito da experiência, constatado a partir das manifestações dos participantes, que expressaram considerável nível de envolvimento, interesse e sensibilização.

PALAVRAS CHAVES: inclusão; audição; ensino

INTRODUÇÃO: O ouvido é um órgão sensorial de fundamental importância, pois, além de auxiliar na manutenção do equilíbrio, nos permite ouvir o que ocorre ao nosso redor. O processo de inclusão de deficientes em turmas regulares de ensino gerou uma demanda por recursos didáticos que atendam as especificidades desses alunos, pois, sabemos que nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e as mesmas habilidades, nem todas aprendem da mesma maneira, e que é impossível aprender tudo que existe para aprender (MORAES, 1997). Com relação ao deficiente auditivo, de acordo com Damázio (2007) as pessoas com surdez enfrentam inúmeros entraves para participar da educação escolar, decorrentes da perda da audição e da forma como se estruturam as propostas educacionais das escolas. O presente trabalho é resultado de uma feira de ciências na qual foi realizada uma oficina auditiva com o tema a linguagem do som, cuja proposição se fundamentou no pressuposto da considerável carência de recursos didáticos no ensino de ciências voltados para alunos com deficiência, visto que, na concepção da maioria dos professores perdura o modelo tradicional de ensino, caracterizada papel coadjuvante e passivo do aluno no processo educacional, ficando aquém da realidade global.

MATERIAL E MÉTODOS: Para a abordagem do tema a linguagem do som foi construído um túnel de tecido e dividido em três partes tal como o ouvido (ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno), dentro do túnel foram colocados cartazes para auxiliar a explicação do sistema auditivo além de outras representações como, por exemplo, os pelos, o labirinto e as células ciliadas. Os visitantes eram convidados a entrar no túnel sendo eles a representação das ondas sonoras. Após esta etapa foi realizada a oficina auditiva com a dinâmica dos grãos, na qual os visitantes teriam que identificar o som que estava sendo produzido, para esta atividade foram utilizados areia, feijão e arroz. O objetivo era demonstrar que a percepção do som é diferente de pessoa para pessoa e que os deficientes visuais desenvolvem mais a percepção auditiva. Com o objetivo de informar a necessidade de inclusão dos deficientes auditivos, exploramos de forma lúdica o karaokê para surdos, em que através de mímicas os participantes tinham que adivinhar qual era a música. No final da dinâmica foram realizadas discussões acerca da inclusão da comunidade surda na sociedade, a expressão visual e a necessidade da criação de símbolos em libras para explicar química, por exemplo. Após essa breve discussão, o público pode responder a um questionário aplicado para que fosse possível analisar o alcance dos objetivos propostos. No total foram respondidos vinte e seis questionários, sendo 12 femininos e 14 masculinos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através dos questionários aplicados verificomos que 54% eram do sexo masculino e 46% do sexo feminino. Quando questionados sobre o que entenderam sobre audição, 100% compreenderam a importância da audição. Em relação à dinâmica da oficina auditiva, tanto o karaokê quanto a dinâmica dos grãos, todos concordaram que foi muito importante, concisa e interativa, como demonstra a resposta de um participante: ”Ótima dinâmica, nos mostra o quanto é difícil estabelecer uma comunicação sem ver ou ouvir.”- Participante 1. Com relação a aspectos abordados a respeito da comunidade surda, 99% responderam que sensibilizou para a realidade destas pessoas e concordaram que é necessário a criação de políticas públicas para atender essa comunidade de forma eficaz em todos os contextos, o que fica evidente na resposta do participante: “A comunicação é de extrema importância para essa comunidade, a importância de códigos viáveis deve ser levada em conta para proporcionar a inclusão deles nos diversos debates.”- Participante 2. Quando questionados sobre a importância da feira de ciências para a aprendizagem, todos responderam que a feira de ciências tem importância relevante e, de forma lúdica, ajudou a esclarecer dúvidas, sensibilizou quanto ao amor e respeito com o próximo e ajudou a perceber curiosidades que acontecem no cotidiano e que não damos importância significativa para elas, como mostra a resposta do participante 3: “Possibilita ao educador diversificar sua prática pedagógica e ao discente, ampliar seus conhecimentos, pode-se entender na prática conhecimentos trabalhados em sala de aula. Todos os indivíduos possuem várias possibilidades de desenvolvimento, desta forma, os processos educativos devem ser guiados a partir de suas possibilidades de aprendizagem e desenvolvimento.

CONCLUSÕES: Com a abordagem a cerca da comunidade surda e o ensino de química, notou-se uma reflexão sobre o tema e clareza nas respostas dos participantes quanto à importância da inclusão e a criação de sinais que facilitem o aprendizado. Todas as atividades foram aceitas pelo público participante e, além disso, altamente produtivas. O público pode perceber que a comunidade surda não sabe menos do que a ouvinte, apenas se comunica de forma diferente. A inclusão de deficientes auditivos é algo que precisa ser repensada nos moldes que é feita atualmente.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: DAMÁZIO, M. F. C. Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez. Brasília, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_da.pdf. Acessado em: 28 de maio de 2013.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas/SP: Papirus, 1997.