Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: ENFOQUE HOLÍSTICO DOS MAPAS CONCEITUAIS NA ABORDAGEM DO EQUILÍBRIO QUÍMICO
AUTORES: Silva, A.A. (UFPE) ; Silva, J.T. (UFPE) ; Santos, J.D. (UFPE) ; Oliveira, S.F. (UFPE)
RESUMO: O uso dos mapas conceituais como ferramenta de ensino e de avaliação pode ser
eficaz ao revelar as teias cognitivas que estão sendo tecidas pelos alunos. Neste
trabalho, apresentamos uma estratégia onde os mapas conceituais foram utilizados
como instrumento didático numa perspectiva holística durante a abordagem do
Equilíbrio Químico. Para avaliar o método, a consistência dos mapas apresentados
pelos estudantes foram analisados com base no modelo de Ruiz-Primo e Shavelson
(1996). Apesar do caráter abstrato do tema abordado, constatamos que o uso do
recurso contribuiu positivamente para uma melhor compreensão do conteúdo,
possibilitando um entendimento proeminente dos fatores que podem alterar o estado
de equilíbrio químico e suas inter-relações.
PALAVRAS CHAVES: Mapas Conceituais; Equilíbrio Químico ; Ensino de Química
INTRODUÇÃO: O Equilíbrio Químico é um dos temas mais difíceis de serem compreendidos pelos
estudantes (Quílez, 2004). Vários autores tem sugerido que ao lidar com esse
tema, os professores devem fazer uma análise profunda dos pré-requisitos de
aprendizagem, visto que dificilmente os alunos que não tem uma boa base química
irão apreciar abstrações para compreender estados de equilíbrio através, por
exemplo, de aplicações mentais do principio de Le Chatelier (Gabel; Samuel,
1986; Stavridou; Solomonidou, 2000; Edemir et al., 2000; Canzian; Maximiano,
2010; Quilez-Pardo; Solaz-Portoles, 1995).
O uso de mapas conceituais no ensino de química pode se configurar como uma
estratégia de ensino interessante. Mapas conceituais são representações
espaciais de conceitos e suas relações que se destinam a representar as
estruturas de conhecimentos que os seres humanos alojam em suas mentes (Jonasse;
Beissner; Yacci, 1993). Para Novak (1990) a aprendizagem ocorre quando os
indivíduos optam por relacionar os novos conhecimentos com os conceitos e
proposições relevantes que já são conhecidos. À medida que o conhecimento e a
compreensão crescem, as ideias mais complexas são incorporadas e uma rede
cognitiva cada vez mais flexível é estabelecida (Johnstone; Otis, 2006).
Neste trabalho, nossa hipótese foi a de que seria pertinente relacionar o estudo
do equilíbrio químico através de uma abordagem holística dos mapas conceituais.
Nesta perspectiva, embora os conceitos sejam organizados de modo hierárquico e
inter-relacionados, a percepção do todo poderá revelar informações valiosas,
como identificação de equívocos, densidade conceitual, além de ser um termômetro
da qualidade do ensino promovido em sala de aula. A estratégia de ensino e os
resultados alcançados estão descritos a seguir.
MATERIAL E MÉTODOS: O método foi aplicado a 28 estudantes de uma turma do 2º ano do ensino médio de
uma escola publica sediada na cidade de Caruaru-PE. As etapas do método foram
divididas em quatro episódios:
1) Os estudantes participaram de um minicurso sobre o desenvolvimento e uso
de mapas conceituais;
2) Em sala de aula, o tema equilíbrio químico foi abordado. Como tarefa de
casa, os estudantes foram encarregados de desenvolver um mapa conceitual
relacionado ao tema abordado;
3) Em outra aula, os mapas conceituais foram trocados entre os estudantes.
Cada aluno ficou encarregado de avaliar o mapa conceitual do colega, julgando
suas interconexões, o número de conceitos apresentados, sua validade e a
presença de hierarquias conceituais coerentes;
4) O professor recolheu os mapas dos estudantes para avaliação formal,
sendo devidamente avaliado o estudante autor do mapa e estudante avaliador. Ao
final da atividade foi aberto espaço para debates de ideias.
Como instrumento de avaliação foi usado o modelo básico apresentado por Ruiz-
Primo e Shavelson (1996). Assim, os mapas foram qualificados de acordo com as
inter-relações conceituais apresentadas, as interferências e as hierarquias
conceituais. O número de conceitos apresentados também foi considerado na
avaliação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As atividades apresentadas neste trabalho foram realizadas durante 6 aulas.
Constatamos que a etapa crucial do processo ocorre durante a fase em que os
estudantes são orientados sobre o desenvolvimento e uso dos mapas conceituais.
Foi notável que caso o estudante não admita perfeitamente essas ideias
primeiras, dificilmente ele irá tirar proveito didático do recurso e sendo
assim, os mapas poderão assumir escopo de obstáculo epistêmico. De fato, vários
alunos apresentaram dificuldades durante o desenvolvimento de seus mapas, ora
apresentando ligações entre conceitos não conectados, ora apresentando
estratificação conceitual indistinta. Com efeito, evidentemente os alunos que
desenvolvem mapas mais desenvolvidos, contendo mais inter-relações e densidade
de informações, apresentaram uma compreensão mais aprofundada dos conceitos.
Observamos que grande parte dos alunos conseguiu mapear e relacionar devidamente
os conceitos. Apesar dos mapas não estarem tão desenvolvidos, 85% dos estudantes
conseguiram integrar satisfatoriamente mais de 10 conceitos no mapa, fazendo
conexões precisas e sem equívocos. Ao abordar de modo integral os mapas,
percebemos que os estudantes reconheceram a reversibilidade das reações,
passando a entender que a reação direta deve ir ate o fim, para então, a reação
inversa passar a ocorrer. Verificamos que os estudantes entenderam que durante a
reação, a velocidade de reação aumenta até atingir um valor constante e igual à
velocidade de reação inversa, compreendendo assim, a natureza dinâmica do
equilíbrio e sua natureza não estática. Em suma, a estratégia possibilitou uma
admissão mais concreta dos conceitos e conferiu uma forma alternativa de
avaliação ao revelar como se processam os modos de pensamento dos alunos.
CONCLUSÕES: Embora o estudo da química seja desafiador para a maioria dos estudantes, o uso de
estratégias de ensino diferenciadas pode potencializar o processo de construção do
conhecimento. O enfoque holístico dos mapas conceituais durante o ensino do
equilíbrio químico possibilitou ao aluno refletir sobre sua própria forma de
pensar. O estudo mostrou que a implantação de mapas conceituais no ensino não é
uma tarefa trivial, porém quando a atividade é bem articulada a prática de sala de
aula, os ganhos de aprendizagem são gratificantes.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CANZIAN, R.; MAXIMIANO, F. A. Princípio de Le Chatelier: O Que Tem Sido Apresentado em Livros Didáticos? Química Nova na Escola, vol. 32, n. 2, p. 107-119, 2010.
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