Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: LEVANTAMENTO DO USO DE INIBIDORES DE FOSFODIESTERASE-5 POR ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS NA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
AUTORES: Pereira Pessanha, W. (IFF CAMPUS CAMPOS-CENTRO) ; Azevedo Neto, D. (IFF CAMPUS CAMPOS-CENTRO) ; Maciel Lima, R. (IFF CAMPUS CAMPOS-CENTRO)
RESUMO: A disfunção erétil preocupa cada vez mais a população masculina. Doenças
neurológicas, uso do tabaco e álcool são exemplos de causas que podem levar o
homem a desenvolver este mal. Em meio à divulgação exacerbada de terapias para
combate deste distúrbio, jovens que estão iniciando sua vida sexual, acometidos
pela insegurança, por exemplo, recorrem a medicamentos, como o Vigra, para
garantir um bom desempenho com suas parceiras. O objetivo central desta pesquisa
é identificar a prevalência de utilização destes inibidores da fosfodiesterase V
(PDE-5) por estudantes universitários de Campos dos Goytacazes. 5% dos
entrevistados declararam utilizar estes inibidores e a maioria sem quadro
clínico indicado. Trabalhos educativos devem ser realizados para evitar o uso
inadequado destas drogas.
PALAVRAS CHAVES: Estudantes Universitários; Automedicação; Disfunção Erétil
INTRODUÇÃO: A disfunção erétil é definida como a inabilidade de obter e/ou manter uma ereção
peniana firme o suficiente para permitir um desempenho sexual satisfatório. Para
o tratamento, deve ser realizada uma investigação clínica das causas envolvidas
na disfunção e com isto definir qual o melhor tratamento de acordo com cada
paciente (FREITAS et al., 2007, p. 2).
Segundo especialistas, muitos jovens sem necessidade, acometidos pela
curiosidade, insegurança, ansiedade ou simplesmente para potencializar o
rendimento sexual, recorrem a medicamentos como o Viagra, Cialis, Levitra e
similares (COSTA, 2007, p.10-11), que se propagam com grande velocidade em
vários segmentos da sociedade brasileira, graças à atuação publicitária das
empresas farmacêuticas, sem acompanhamento médico (BRIGADEIRO et al., s. a., p.
2).
Os objetivos deste trabalho consistem em:
• Identificar o uso de medicamentos inibidores de fosfodiesterase V entre os
universitários de Instituições públicas e privadas da cidade de Campos dos
Goytacazes.
• Verificar as causas que levaram os usuários a utilizá-los.
• Verificar se os usuários identificados apresentam quadro clínico apropriado
para utilização de medicamentos inibidores de PDE-5.
O uso indiscriminado e sem prescrição médica de medicamentos inibidores de PDE-
5, nas relações sexuais dos jovens, que não possuem disfunção erétil, tem
preocupado as autoridades médicas (FREITAS et al., 2007). Esta prática, além de
causar dependência psicológica, pode causar também interações medicamentosas
quando associada a altas dosagens de álcool ou drogas nas “baladas”. (RUST,
2006; FORTINO et al., 2008).
Em virtude das crescentes pesquisas que reportam estar havendo um aumento na
utilização dessas drogas por jovens, faz-se necessário o presente estudo.
MATERIAL E MÉTODOS: Participaram da pesquisa, estudantes universitários do sexo masculino com idade
entre 18 e 31 anos de instituições de ensino superior, públicas e privadas da
cidade de Campos dos Goytacazes. Utilizou-se o critério de conveniência para a
escolha das instituições participantes da pesquisa.
Além destes, foram definidos como critérios de inclusão na amostra: 1) ser aluno
regularmente matriculado na instituição; 2) concordar livre e esclarecidamente
em participar; 3) estar presente em sala de aula no momento da coleta de dados;
e 4) preencher adequadamente o instrumento utilizado no estudo.
O instrumento da pesquisa consistiu em questionário anônimo, composto por
questões objetivas, divididas em questões sócio-econômicas comuns a todos os
entrevistados e questões específicas destinadas aos usuários dos medicamentos
inibidores de PDE-5. A fim de obter dados para o cálculo do tamanho da amostra e
avaliar as dificuldades no preenchimento do questionário, realizou-se um estudo
piloto em quatro Instituições. Subsidiados pelo método sugerido por Barbetta
(2006) obteve-se um n amostral de 200, número este escolhido de questionários a
serem aplicados.
O instrumento de coleta foi aplicado em duas instituições públicas e duas
instituições privadas que concordaram em participar através de assinatura de
oficio, solicitando a participação.
A partir da concordância, em todas as quatro instituições, foram escolhidas as
salas de aula onde a grande maioria de alunos fosse do sexo masculino, em
seguida, após a concessão da licença de entrada na sala de aula pelo professor,
foi explicado aos alunos presentes os objetivos da pesquisa e para aqueles que
concordaram em participar, foi entregue o questionário depositado em uma urna,
após o preenchimento, que assegurou o sigilo de todos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Quando questionados “Durante sua adolescência, onde buscavam informações sobre
sexo?”, 127 (64%) dos participantes responderam com os amigos e 73 (36%)
responderam na internet. Nenhum respondeu com os pais e/ou responsáveis.
PEREIRA (2002, p. 25) afirma que, numa pesquisa da BENFAM (1989/1990) junto a
jovens de três capitais brasileiras, os amigos são a principal fonte de
informações sobre sexo dos adolescentes.
Quanto à utilização de inibidores de PDE-5. A figura 1 mostra que dos
participantes, 10 (5%) relataram utilizar estes medicamentos e que 190 (95%)
apontou nunca ter utilizado.
FREITAS et al.(2007, p.3) mostraram que, em um estudo realizado com 360 alunos
do sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos, em instituições privadas de
ensino superior da cidade de São Paulo (SP), 53 (17,4%) participantes apontaram
já ter utilizado inibidores de PDE-5.
A figura 2 expressa os motivos pelos quais os usuários identificados utilizaram
os medicamentos inibidores de PDE-5.
No estudo realizado por FREITAS et al.(2007, p.3) dentre os motivos que levaram
à utilização dos inibidores de PDE-5, a maioria dos usuários entrevistados
relatou ter utilizado por curiosidade (70%), para potencializar a ereção (12%),
contra ejaculação precoce (12%) e para aumento do prazer (6%).
Em relação à ocorrência de prescrição médica na utilização destes medicamentos,
todos os 10 (100%) usuários identificados, responderam que não apresentavam
quadro clínico apropriado que justificasse a administração de medicamentos
inibidores de PDE-5.
Este resultado encontrado, assim como no estudo realizado por FREITAS et al.
(2007, p.4), indica a ausência de diagnóstico para o consumo desses fármacos que
aliada a curiosidade, principal motivação apontada para a utilização destes
medicamentos, reforça-se a ideia de automedicação sem a real percepção dos
efeitos adversos que esta prática pode causar.
Figura 1
Utilização de fármacos inibidores de PDE-5
Figura 2
Levantamento dos motivos que levaram ao uso das drogas inibidoras de PDE-5.
CONCLUSÕES: De acordo com os resultados, pode ser considerada como baixa a prevalência do uso
de drogas inibidoras de PDE-5 por universitários na cidade de Campos dos
Goytacazes, porém verifica-se uma tendência neste uso motivada pela má coordenação
da sexualidade dos jovens que lançam mão das drogas inibidoras de PDE-5 para
garantir um bom desempenho sexual com suas parceiras. Sendo assim além de assuntos
sobre tabagismo, alcoolismo, uso de anabolizantes e drogas, deve-se discutir
também nas escolas, principalmente nas disciplinas de Ciências, a utilização
destes fármacos sem a apresentação de um quadro clínico necessário ao mesmo.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRIGADEIRO, M.; MAKSUD, I. Aparição do Viagra na cena pública brasileira:
discursos sobre corpo, gênero e sexualidade na mídia. Rev. Estud.
Fem. vol.17 no.1 Florianópolis Jan./Apr. 2009
COSTA, V. Libido Artificial: O perigo da pílula do prazer. Jornal da Universidade Bandeirante de São Paulo. ed. 329. p.10-11.mar. 2007.
FREITAS, V.; MENEZES, F.; ANTONIALLI, M.; NASCIMENTO, J. Freqüência de uso de inibidores de fosfodiesterase-5 por estudantes universitários. Revista Saúde Pública. p.965-968. São Paulo. Maio/Abril. 2008
PEREIRA, C. A sexualidade na adolescência: Os valores hierárquicos e igualitários na construção da identidade e das relações afetivo-sexuais dos adolescentes. 2002. 82 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro.
RUST, J. Máscara do poder sexual. Dia-a-Dia, Anápolis, 10 a 16 de junho, 2006.