Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA E CASCA DO OVO: LIMITES E POSSIBILIDADES.
AUTORES: Souza, A.M.A. (UFPE-COLÉGIO DE APLICAÇÃO) ; Almeida, A.A. (UFPE-COLÉGIO DE APLICAÇÃO) ; Chagas, J.A.S. (UFPE-COLÉGIO DE APLICAÇÃO)
RESUMO: A cromatografia é um processo utilizado na química, sendo um método de separação
de misturas que tem como base a polaridade dos compostos. No Ensino Médio (EM) a
cromatografia pode ser utilizada, em sala de aula, na abordagem de conteúdos
relativos a separação de misturas, de forma mais dinâmica, a partir da
realização de experimentos químicos. Segundo Paloschi, Riveros & Zeni (1998),
tais experimentos estimulam o interesse do aluno, reforçam conceitos importantes
facilitando a aprendizagem. Diante dessa problemática, em 2012 foi elaborado um
projeto que consistiu em encontrar e testar métodos alternativos para a
realização de cromatografia em camada delgada (CCD), utilizando materiais
alternativos, visando uma abordagem contextualizada que possibilitasse um
aprendizado mais significativo.
PALAVRAS CHAVES: Cromatografia; Ensino de Química; Métodos alternativos
INTRODUÇÃO: A cromatografia é muito utilizada na separação, identificação e quantificação de
componentes químicos por ser uma técnica bastante eficaz. Além de ser um
processo de separação de misturas e identificação de substâncias, ela também
possui um grande valor didático, pois pode ser usada para ilustrar o ensino de
vários conteúdos, tais como: polaridade, afinidade química e interações
intermoleculares. Segundo Chaves (1997), a interação entre os componentes da
mistura com a fase móvel e a fase estacionária na cromatografia é devida a
influência das forças intermoleculares e efeitos de afinidade e solubilidade.
Daí a importância da cromatografia como um instrumento de ensino para diversos
conteúdos químicos. Além disso, a utilização de aulas experimentais, como
estratégia de ensino, facilita a compreensão dos alunos, pois, de acordo com
Laburú e Salvadego (2009), elas contextualizam os assuntos abordados nas aulas,
criando uma ligação entre a teoria e a prática, dando sentido ao conteúdo quando
associado com o cotidiano, auxiliando no entendimento do mundo ao nosso redor. A
aplicação desses experimentos, além de ajudar na compreensão do assunto, pode
também dinamizar a aula, deixando-a mais agradável e atrativa aos olhos do
aluno. Nesse contexto, desenvolveu-se um projeto objetivando a realização da
cromatografia em camada delgada (CCD) com materiais alternativos, viabilizando a
execução em sala de aula. O projeto buscou encontrar técnicas inovadoras de
realizar essa análise de forma satisfatória e eficaz de modo a contribuir para
uma melhoria na qualidade do ensino de química, possibilitando às escolas a
realização de aulas experimentais sem a necessidade de altos investimentos em
equipamentos de laboratório.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram testados diversos materiais alternativos para compor a fase estacionária
das placas que seriam utilizadas na cromatografia. Dentre os materiais
selecionados para serem usados como adsorventes, utilizou-se: o amido, o gesso e
o o pó da casca do ovo de galinha (PCOG). As cascas dos ovos foram lavadas,
retirou-se o cório e deixou secar. Em seguida, elas foram maceradas, resultando
o PCOG que foi peneirado em uma peneira caseira (malha 0,297 mm), obtendo-se o
PCOG com granulometria semelhante à sílica gel (~0,25 mm) utilizada normalmente
para a aplicação em CCD. Testaram-se quatro tipos de placas com os seguintes
adsorventes: PCOG, amido com gesso (proporção de 3:1), amido com PCOG (proporção
de 1:3) e gesso. Aplicou-se nas placas de vidro (dimensão 8 x 5 x 0,3 cm) a
mistura de 8 g do adsorvente em 9 mL de água. As placas ficaram em repouso para
secar a temperatura ambiente por 24h. Antes de serem usadas, elas foram ativadas
na estufa (temperatura 90°C-100°C) por 30 min. Utilizaram-se tubos capilares
para aplicação das amostras. Como cuba de eluição, utilizou-se potes de
alimentos tipo café solúvel. As amostras analisadas foram: corantes comestíveis
(azul, vermelho, amarelo) e extratos do pimentão verde e do vermelho que foram
obtidos segundo a metodologia adotada por Nunes e Ribeiro (2008). Como eluentes,
utilizou-se álcool comercial, removedor de esmalte, desengordurante, acetona e
hexano. Após a eluição, as placas foram secas com secador de cabelo, e observou-
se a separação dos constituintes das amostras.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na CCD dos corantes comestíveis, as placas de amido com gesso (proporção de 3:1)
e a de gesso, tendo o álcool comercial como eluente, apresentaram resultados
satisfatórios em relação à separação dos constituintes, além de terem os menores
tempos de eluição (13 min. e 11 min. respectivamente). Na placa de PCOG e na de
amido com PCOG (proporção de 1:3), as amostras ficaram retidas nos pontos de
aplicação. Em relação às CCD realizadas com os extratos do pimentão verde e do
vermelho, as fases móveis utilizadas foram: mistura de hexano e acetona (95:5) e
desengordurante e removedor de esmalte (95:5). Verificou-se que a placa de amido
com PCOG (proporção de 1:3) e a placa de PCOG foram as que apresentaram melhor
separação dos componentes dos extratos, com tempos de eluição satisfatórios (10
e 15 min.). Em relação ao tempo de eluição, a de menor tempo foi a de gesso,
porém não apresentou boa separação dos constituintes dos extratos. Através da
comparação dos resultados referentes à separação dos constituintes e aos tempos
de eluição, a placa que apresentou o melhor resultado de separação/tempo foi a
de amido com PCOG (proporção de 1:3). Além disso, verificou-se que os resultados
obtidos na CCD com as placas contendo PCOG foram semelhantes aos publicados por
Nunes e Ribeiro (2008).
CONCLUSÕES: As CCD realizadas com os materiais utilizados apresentaram bons resultados. O
experimento pode ser executado em sala de aula como instrumento de ensino,
permitindo maior envolvimento dos alunos na aquisição e tratamento dado ao
material. A separação dos componentes das misturas testadas e o tempo de eluição
foram satisfatórios. Os resultados do trabalho possibilitam sua aplicação em
escolas com baixo investimento em equipamentos e reagentes. A prática pode
proporcionar aos alunos uma experiência válida de vivência com um dos processos de
análise laboratorial muito importante: a cromatografia.
AGRADECIMENTOS: CNPq, Universidade Federal de Pernambuco, Colégio de Aplicação e aos alunos
monitores que auxiliaram no desenvolvimento do projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHAVES, M. H.; Análise de extratos de plantas por CCD: uma metodologia aplicada à disciplina “Química Orgânica”. Química Nova, São Paulo, v. 20, n 5, p. 560-562, Janeiro de 1997.
LABURÚ, C. E. & SALVADEGO, W. N. C. Uma Análise das Relações do Saber Profissional do Professor do Ensino Médio com a Atividade Experimental no Ensino de Química. Química Nova na Escola, São Paulo, Nº 03, p. 216, agosto de 2009.
NUNES, C. R. & RIBEIRO, N. M. Análise de Pigmentos de Pimentões por Cromatografia em Papel. Química Nova na Escola, São Paulo, N° 29, p. 34-37, agosto de 2008.
PALOSCHI, R.; RIVEROS, R. e ZENI M. Cromatografia em Giz no Ensino de Química: Didática e Economia. Química Nova na Escola, São Paulo, N°7, maio de 1998.