Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE AS PERCEPÇÕES DE PROFESSORES DE QUÍMICA ACERCA DE TEMAS SOCIAIS E MATERIAIS MIDIÁTICOS NA SALA DE AULA
AUTORES: Pires, T.C.A. (IFRJ) ; Messeder, J.C. (IFRJ)
RESUMO: O presente trabalho, um desdobramento da pesquisa “Materiais Midiáticos e Temas
Sociais: Ampliando A Prática do Ensino de Química” realizada no IFRJ, vem
investigando a prática dos professores sobre dois aspectos: recursos midiáticos e
temas sociais no ensino de Química. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas
com a finalidade de gerar uma discussão que pudesse aproximar a academia das reais
necessidades educacionais do município de Nilópolis (RJ). Os resultados mostraram
que existe uma necessidade de capacitar os professores envolvidos na pesquisa a
fim de proporcionar-lhes uma facilidade no uso dos diversos recursos midiáticos,
possibilitando assim, o aprimoramento da compreensão do conhecimento científico e
a articulação do conteúdo curricular com uma abordagem social da Química.
PALAVRAS CHAVES: temas sociais; recursos midiáticos; prática docente
INTRODUÇÃO: O conflito de gerações é motivo de discussão no processo de ensino-aprendizagem
quando observamos que professores e alunos não falam a mesma língua. O avanço da
tecnologia da informação pode ser encarado como gerador de conflitos destes que
participar do processo, já que é de costume para esta geração de nativos
digitais possuírem mais facilidade ao se adaptarem a tais tecnologias do que os
nascidos antes de 1980 (NUNES, 2012). O processo de ensino-aprendizagem demanda
observação crítica e tempo para que haja modificações significativas do mesmo,
desta forma temos um impasse, alunos que se modificam na velocidade da era
digital e escolas que mudam na velocidade da legislação e do currículo mínimo.
Em uma pesquisa realizada por Cuban (2001), com o título “Oversold and
Underused: Computers in the Classroom”, foi concluído que quando as tecnologias
são trazidas para sala de aula, a maioria dos professores não as incorpora em
sua práxis – mesmo entre aqueles professores entusiastas e competentes de
escolas extremamente bem equipadas. Diversos estudos indicam que muitos
professores são descrentes em relação aos benefícios educacionais que os
recursos tecnológicos podem trazer para aprendizagem, mesmo com os bons
resultados encontrados nas avaliações escolares (BUCKINGHAM, 2010). Santos e
Schnetzler (2010) corroboram que um ensino de química a partir de temas sociais
promove habilidades essenciais do cidadão, como a participação e a capacidade de
tomar decisões. Os temas sociais possibilitam abordagens mais aplicadas com
contextos sociais. O objetivo norteador dessa pesquisa foi investigar as
concepções prévias dos professores em relação aos assuntos recursos midiáticos e
temas sociais nas aulas de química.
MATERIAL E MÉTODOS: Nesta investigação, iniciamos a pesquisa com entrevistas semiestruturadas com
professores de química da rede pública de ensino do município de Nilópolis (RJ).
O objetivo foi traçar o perfil desses professores, com relação à compreensão dos
recursos midiáticos disponíveis para o ensino, e se tais recursos eram
utilizados, e como eram utilizados. Com a finalidade de investigar a
contextualização na práxis destes profissionais em sala de aula, procuramos
questioná-los sobre temais sociais aplicados no ensino de química. Foi elaborado
um roteiro de perguntas (Quadro1) como base para as entrevistas. A produção dos
dados se deu pela aplicação da entrevista, com gravação em áudio, com registro
dos depoimentos em diário de campo feito por um dos pesquisadores. Optou-se por
entrevistas com a intensão de extrair o maior número de informações possíveis de
forma sutil, porém, a mesma foi semiestruturada para que fosse reproduzida com
todos os entrevistados. Através deste recurso é possível coletar informações que
um simples questionário não é capaz, como emoção, gestos, expressões, etc.
aproximando o entrevistado do entrevistador (QUARESMA, 2005). No trabalho aqui
apresentado, separamos um estudo exploratório realizado com dois professores de
química (chamados aqui de professor A e professor B). Lembrando que os
entrevistados tinham espaço para argumentar e relatar suas experiências.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir das entrevistas realizadas pode-se verificar que o professor A mostrou-
se solícito para a prática de ensino com materiais midiáticos e contextuais,
enquanto que o professor B indicou desconhecer o assunto. O professor A foi
receptível a idéia de obter materiais didáticos de terceiros para enriquecer as
suas aulas, antes mesmo de ser questionado, por outro lado, quando questionado a
esse respeito, o professor B afirmou que só usaria caso fosse uma exigência da
escola. Com relação à estrutura escolar, o professor A encontra-se em uma
situação privilegiada, pois em sua escola, televisão, equipamentos de DVD e
projetores de vídeo estão disponíveis. Já o professor B possui televisor com DVD
player apenas na biblioteca, que não tem espaço físico para uma turma. O
professor A ao relatar suas experiências com material de mídia em sala afirma
que “(...) eles tem um interesse maior, porque se você mostra um material velho,
empoeirado, eles não acham tanta graça. Só o fato de ver uma coisa diferente
eles param um pouquinho, prestam mais atenção (...)”. Este discurso vai de
encontro com nossas idéias iniciais, onde atingimos o aluno quando falamos sua
“língua”. Com isso, até mesmo a velha tabela periódica de 1871 ganha vida com
uma simples projeção de PowerPoint®. Sobre os temas sociais os dois professores
confundiram tal terminologia com a contextualização. As falas apontaram que os
mesmos usam temas sociais apenas como geradores de discussão, retornando aos
conteúdos químicos tradicionais apontados em livros didáticos. Os resultados
dessa pesquisa investigativa vêm contribuindo para a elaboração de um material
midiático voltado aos temas sociais, e que será distribuído para os professores
de química e/ou ciências da rede pública de ensino do município de Nilópolis
(RJ).
Quadro 1
Roteiro de perguntas para entrevistas com
professores de química da rede pública nilopolitana
CONCLUSÕES: Esta pesquisa investigativa consistiu numa etapa precursora, indicando-nos o
diagnóstico do uso de recursos midiáticos pelos professores de Química da rede
pública nilopolitana, e revelando as reais necessidades dos mesmos. Torna-se
importante que de antemão ocorra uma capacitação para tais professores, no que diz
respeito ao uso dos diversos recursos didáticos de mídias conectados a temas
sociais. Dessa forma, esses educadores poderão articular temas sociocientíficos em
suas aulas, ajudando a superar a visão fragmentada que tem marcado o ensino da
Química.
AGRADECIMENTOS: Ao IFRJ e ao CNPq pela concessão de bolsas de PROCIÊNCIA/PIBIC e à FAPERJ por
fomentar o projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BUCKINGHAM, D., Cultura Digital, Educação Midiática e o Lugar da Escolarização, Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 37-58, set./dez., 2010. dez., 2010. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade> Acessado em 02/07/2013.
CUBAN, L., Oversold and Underused: Computers in the Classroom. New York: Teachers College Press, 2001.
QUARESMA, V. B. S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Em Tese, UFSC, Santa Catarina, v.2, nº 1, p 68-80, 2005.
SANTOS, W.L.P., & SCHNETZLER, R. P, Educação em Química: compromisso com a cidadania (4 a edição). Ijuí-RS: Unijuí, 2010.