Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: As percepções de ética profissional e moral dos discentes do curso de Bacharel em Química do IFRJ (Campus Nilópolis) com a utilização de um material lúdico de ensino.
AUTORES: Teles, A.S. (IFRJ) ; Reis, M.F. (IFRJ) ; Corrêa, A.D. (IFRJ)
RESUMO: O presente estudo constitui-se como uma análise acerca do ensino de Ética
Profissional no curso Bacharel em Química, na disciplina Boas Práticas e
Legislação, utilizando uma história fictícia sobre um químico infrator do Código
de Ética dos Profissionais de Química. Aplicou-se um questionário aos
participantes, com a solicitação de que fossem identificadas as infrações do
código de ética cometidas pelo profissional, a relação entre os procedimentos
antiéticos e imorais, e os pontos sobre que os alunos discordavam a respeito do
código de ética, com a consulta ao documento. Observou-se que os alunos conseguiam
identificar as infrações do código de ética, não diferenciam o que é imoral e
antiético e discordavam dos aspectos financeiros presentes no código de ética.
PALAVRAS CHAVES: Ética Profissional; Ensino de Ciências; Material Didático Lúdico
INTRODUÇÃO: A formação do Bacharel em Química desenvolve-se além dos conhecimentos
específicos que contribuam para a prática profissional, considerando a nova
conjuntura da sociedade pós- moderna. Não basta apenas ao bacharel ter
conhecimentos sobre o saber fazer da química, empregando tais conhecimentos no
desenvolvimento científico – tecnológico. A formação do químico deve contemplar
competências e habilidades que possam contribuir para a formação tanto pessoal
quanto para a formação profissional, conforme determinam as Diretrizes
Curriculares Nacionais (CNE, 2001) para os cursos de Química. Destaca-se, nessa
perspectiva, que o futuro químico tenha capacidade crítica e reflexiva sobre os
seus conhecimentos assimilando-os ao seu comportamento ético perante a
sociedade. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar a percepção dos
alunos do curso Bacharel em Química, na sua formação ética profissional.
Diante do processo de aprendizagem, o uso das atividades lúdicas destaca-se por
“serem atividades que conduzem a experiências plenas” (LUCKESI, 2002); ou seja,
proporciona uma assimilação mais efetiva sobre os conteúdos abordados e,
dependendo do modo como cada aluno interage com a atividade, conduzirá a um
conhecimento mais prático. Os materiais lúdicos concretizam-se por meio de
situações que estabelecem uma relação entre teoria e prática - elementos
indissociáveis no processo de aprendizagem, a abordagem de ensino através das
atividades lúdicas favorecem que a aprendizagem possa ocorrer de modo espontâneo
e prazeroso ao aluno. Diante disso, quando o professor passa a orientar uma
certa atividade, canaliza a construção do conhecimento levando os alunos a um
estágio mais avançado de entendimento(MOYLES, 2002).
MATERIAL E MÉTODOS: O presente estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa exploratória, com
uma abordagem qualitativa embasada em dados numéricos, realizado na disciplina
Boas Práticas e Legislação que consta na matriz curricular como disciplina do 7º
período do Curso de Bacharel em Química, no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (campus Nilópolis). Foi elaborado e
aplicado um questionário (HILL & HILL 2005; FLICK, 2005), com perguntas abertas
baseadas no Código de Ética dos Profissionais de Química. Os dados foram
analisados à luz do referencial teórico da análise de conteúdo (BARDIN, 1988).
Os alunos assistiram a uma aula expositiva sobre o tema Ética Profissional, e em
seguida foi feita a leitura do Código de Ética e do conto fictício (criado para
esse estudo) sobre um químico que trabalhava numa empresa e teve acesso a todas
as formulações. Ao perceber que um determinado produto não tinha concorrentes no
mercado, o profissional apropriou-se das formulações e resolveu montar uma
empresa concorrente da indústria em que trabalhava. Como não possuía capital
necessário, o químico planejou a sua demissão, com o intuito de receber as
verbas rescisórias trabalhistas e investi-las na nova empresa. O químico passou
a ser relapso no trabalho, não cumprindo com as suas obrigações, faltando sem
justificativa ao trabalho e apresentando atestados médicos assinados por um
especialista ginecológico.
A amostra foi composta por 34 alunos participantes, 11 do sexo masculino e 23 do
sexo feminino com a idade média de 20 anos e já estavam estudando na faculdade
no referido curso de 1 a 3 anos, pois apesar da disciplina ser ministrada no 7º
período esta não possui pré-requisitos, desta forma alunos a partir do 2ºperíodo
podem se inscrever na disciplina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dentre outros pontos, ativemo-nos a algumas perguntas, as quais indagavam aos
alunos: (a) se o químico havia infringindo o código de ética e identificar as
infrações cometidas, (b) descrever os procedimentos antiéticos e imorais e (c)
os pontos que discordavam do código. Referente à infração (a), 67,6% apontaram a
quebra de sigilo; 50% identificaram improbidade profissional; apenas 11,9%
identificaram o uso de declaração falsa e faltas injustificadas. Poucos
indicaram essa infração, inferimos que tal comportamento possa ser do cotidiano
dos alunos, mas também podemos inferir que os alunos estiveram mais focados na
prática profissional do químico e não observaram o seu comportamento no ambiente
de trabalho. O Código de Ética aborda tanto a prática profissional quanto o
comportamento moral que o profissional deve exercer no âmbito profissional. E
23,5% não identificaram as infrações, mas apresentaram críticas acerca do
comportamento do químico.
Em relação à ética e moral (b), apenas 2,9% diferenciaram o comportamento
antiético e imoral. Ética e moral tem conceitos distintos, ética é a “ciência do
comportamento do homem em sociedade” (VÁZQUEZ, 2000, p.22) e moral são os
princípios e valores adotados pelo homem, que são influenciados por fatores
históricas e sociais (VÁZQUEZ, 2000).
Referente aos pontos discordância (c) 61,8% indicaram os aspectos financeiros no
que tange a impossibilidade de acumulação de atividades remuneradas, não poder
aceitar remuneração inferior e a obrigatoriedade do pagamento de taxa para
inscrição no CRQ. Observamos que o aspecto financeiro pode implicar na ética
profissional, pois dependendo da situação financeira o profissional poderá
infringir o Código de Ética.
CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que o ensino de Ética Profissional por meio de materiais
lúdicos favorece na percepção dos alunos sobre a temática. O conto serviu como um
‘Organizador Prévio’ dos conhecimentos dos alunos, pois o seu conteúdo aproximou o
cotidiano dos alunos a questões éticas e morais teóricas, uma vez que os alunos se
identificaram com a história, favorecendo desta forma, a aprendizagem e o
aprofundamento sobre o tema quando da leitura do Código de Ética. Percebemos que à
diferenciação entre Ética e Moral, tais pontos necessitam de um enfoque não só
teórico, mas também prático.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao IFRJ, ao CNPq e a Faperj pelo apoio financeiro e aos alunos
participantes da pesquisa, e a Professora Andrea da Motta Monteiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1988. 226 p.
BRASIL. MEC. Parecer CNE/1.303/2001, 06 nov. de 2001. DCN para os Cursos de Química. Disponível em < http: // portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2001/ pces1303_0 1.pdf>. Acesso em: 4 jul. 2013.
FLICK, U. Métodos Qualitativos na Investigação Científica. Lisboa: Monitor, 2005. 305p.
HILL, M.; HILL, A. Investigação por questionário. 6a ed. Lisboa: Edições Silabo, 2005. 377p.
LUCKESI, C. C. Ludicidade e atividades lúdicas. In: PORTO, B.(org).Educação e Ludicidade. 2ª ed. Salvador: FACED, 2002.
MOYLES, J. R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002.
VÁZQUEZ, A. S. Ética. 19 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.