Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: A Importância da Alfabetização Científica na Educação de Jovens e Adultos - EJA
AUTORES: de Brito Silva, M.D. (UEPA) ; Silva Santos, V. (UEPA) ; Silva e Silva, B.M. (UEPA)
RESUMO: O trabalho abordou a importância da Alfabetização Científica na EJA de uma
escola
de Belém. Buscou-se conhecer o nível de Alfabetização Científica dos alunos e a
partir disto, desenvolveu-se uma proposta que abordou a temática energia,
obrigatória no
currículo do Ensino de Ciências. A proposta teve como objetivo trabalhar o
desenvolvimento da Alfabetização científica em sala de aula, de forma que o
processo de ensino-aprendizagem fosse garantido. As atividades foram
desenvolvidas
por meio da leitura de textos, apresentações de vídeos e experimentação. Ao
final, constatou-se que os alunos compreenderam os conceitos científicos
trabalhados, e com isto modificaram os seus modos de pensar e agir, tornando-se
indivíduos capazes de observar, refletir e resolver questões de seus dia-a-dia.
PALAVRAS CHAVES: Alfabetização Científica; EJA; Ensino de Ciências
INTRODUÇÃO: A Educação é essencial na vida de qualquer ser humano. Apesar disto, a Educação
Formal não consegue alcançar a todos os cidadãos brasileiros, mesmo que este
direito seja garantido no art. 205 da Constituição Federal (1988), ainda hoje
pessoas são privadas deste direito. De acordo com Krasilchik e Marandino (2004),
a escola possui papel fundamental para instrumentalizar os indivíduos sobre os
conhecimentos científicos básicos, no entanto, ela não tem condições de
proporcionar todas as informações científicas necessárias para a compreensão do
mundo. Para amenizar a falta de acesso à educação na idade regular, implementou-
se a Educação de Jovens e Adultos–EJA, que tem como objetivo garantir esse
direito à uma parcela da população que por algum motivo foi privada da Educação
na idade regular, porém estes não deixaram de sonhar e buscam em sala de aula
reaver os estudos que foram interrompidos. Ao lançar um olhar crítico sobre a
realidade do Ensino de Ciências no Brasil, o que se percebe é que a
Alfabetização Científica não tem sido trabalhada de forma adequada e
significativa, o que resulta em alunos que não conseguem verificar que o Ensino
de Ciências está intrinsicamente ligado ao seu cotidiano e nem tão pouco assumir
uma posição de agente transformador do próprio ambiente que está inserido, uma
vez que promover o acesso ao saber científico, ou seja, realizar a alfabetização
científica de qualidade é dever de diversos tipos de profissionais e
responsabilidade de toda a sociedade. Desta forma, o presente trabalho buscou
conhecer o nível de Alfabetização Científica que os alunos da turma de 4ª etapa
da EJA de uma Escola Pública de Belém se enquadravam e a partir de então,
desenvolver propostas de atividades que os levassem a reflexão e discussão em
sala de aula.
MATERIAL E MÉTODOS: Para o desenvolvimento das atividades, a temática Energia foi escolhida levando
–se em consideração o currículo da 4ª etapa da EJA e de acordo com os PCN. Para
isso, foi aplicado um questionário com caráter de sondagem para que se pudesse
ter noção do grau de entendimento dos alunos no que diz respeito à Alfabetização
Científica. Em seguida verificou–se o nível de entendimento dos alunos acerca
da temática a ser abordada neste instante foi aplicado um questionário com
perguntas abertas sobre energia. Após esta etapa, foi realizada a discussão com
auxílio de textos científicos, com o objetivo de construir conceitos
científicos.
Apresentou-se vídeos com duração aproximada de 5 minutos cada. O primeiro
intitulado “De onde vem a energia?”, que faz parte da série “De onde vem?”. O
segundo “Como funciona uma usina hidrelétrica?” foi criado como campanha da Rede
de Energia–Eletrobrás, e elucidava o funcionamento de uma hidrelétrica. Em
seguida realizou–se um experimento simples, de eletrização por atrito, com
utilização de materiais alternativos, como canudo plástico, objeto metálico,
papel picotado e papel higiênico, para que desta forma, fosse possível
compreender as diferença entre materiais condutores e isolantes. Ao término das
atividades, foi aplicado novamente o questionário para que se verificasse o
entendimento dos alunos e o nível de Alfabetização Científica o qual eles haviam
alcançado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com os dados obtidos no questionário de sondagem, constatou–se que 58% dos
alunos declararam que o Ensino de Ciências contribui para a formação de cidadãos
críticos. Os demais 42% afirmaram que não há contribuição, uma vez que durante
as aulas, os assuntos são apenas repassados aos alunos, de modo que não há
nenhuma forma de discussão a respeito dos conteúdos abordados.
O gráfico 1 contempla os resultados da primeira pergunta no momento anterior e
em seguida as atividades desenvolvidas.
Do universo de dezoito alunos, somente dois foram capazes de responder
corretamente a pergunta anterior as atividades.No entanto, após a leitura do
texto “Transformações da Energia” foi aberto um momento para que os alunos
pudessem discutir entre si a respeito do que o texto discorria. Em seguida,
utilizaram-se dois vídeos que abordavam a mesma temática, ao final desta etapa,
os alunos conseguiram chegar a uma conclusão a respeito do conceito de energia,
além de identificar as diversas manifestações e a importância que ela desempenha
para a sociedade. Como relatou um dos alunos: “Energia é tudo aquilo capaz de
promover ação. Tem vários tipos: elétrica, solar, nuclear. Elas são muito
importantes pra gente porque quase tudo que fazemos depende delas”.
A fim de estabelecer a diferença entre os materiais isolantes e condutores, foi
proposta a realização da experiência “Eletrização por Atrito”. O gráfico 2
elucida os resultados, e compara os acertos antes e depois da realização da
experiência.
Anteriormente à realização da experiência, muitos alunos mostraram-se
incapazes de responder adequadamente a esta pergunta, o que evidenciou a falta
de compreensão a respeito do assunto. Contudo, ao final da experiência, cerca
de 99% dos alunos responderam adequadamente.
Gráfico 1
Gráfico 2
CONCLUSÕES: Ser alfabetizado cientificamente é ser agente ativo nas transformações e
conhecedor daquilo que é gerado e discutido pela sociedade científica. Os alunos
da EJA têm tanto direito, quanto os alunos do Ensino Regular de usufruir o que de
melhor pode ser oferecido na Educação. Tratá-los como pessoas que saibam lidar com
as mais variadas situações, de conhecer, refletir e desenvolver conhecimentos
capazes de transformar, ou reconsiderar a Ciência e a Sociedade que a compõe.
Deste modo é necessário que a Alfabetização Científica possa contemplar a todos,
inclusive os alunos da EJA.
AGRADECIMENTOS: Aos alunos e direção da Escola que contribuíram para o desenvolvimento desta
pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília (DF): Senado,1988.
KRASILCHIK, Myriam; MARANDINO, Martha. Ensino de Ciências e Cidadania. São Paulo: Ed. Moderna, 2004. 88 p.