Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: Elemento ferro: Proposta de uma intervenção pedagógica sobre a Lei 10639/03 no ensino de química.
AUTORES: P. da Silva, J. (LPEQI/UFG) ; Alves dos Santos, M. (LPEQI/UFG) ; Cesar Batista Alvino, A. (LPEQI/UFG) ; Lopes dos Santos, V.L. (LPEQI/UFG) ; Abranches Bastos, M. (LPEQI/UFG) ; Rodrigues Camargo, M.J. (LPEQI/UFG) ; Bueno Julião Lemos, M. (LPEQI/UFG) ; Machado Benite, C.R. (LPEQI/UFG) ; Canavarro Benite, A.M. (LPEQI/UFG)
RESUMO: Este artigo versa sobre o apontamento de possibilidades de valorizar a cultura
negra nas áreas de ciências e apresentar uma opção para contemplar a aplicação da
lei federal 10.639, ou seja, a abordagem da temática história e cultura afro-
brasileira no ensino de química. Assim, propomos o planejamento de um material
instrucional contextualizando com a importância dos ferreiros na África Central e
a diáspora desses aqui no Brasil.
PALAVRAS CHAVES: Lei 10639; elemento ferro; ensino de química
INTRODUÇÃO: Nos últimos dez anos após a promulgação da Lei 10.639/03, que determina à
obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas
instituições escolares, e com as diretrizes curriculares nacionais para a
educação das relações étnicos raciais a cultura negra passou a ter uma maior
visibilidade nas escolas, universidades, secretarias de educação dos estados e
municípios, principalmente em busca de capacitar e formar professores, para que
a lei seja integralmente assimilada pelas instituições escolares.
O que ocorre ainda em nossas salas de aulas é uma supervalorização de uma
determinada cultura em detrimento de outras, ficando privilegiada uma
determinada região e um momento da evolução da humanidade, uma vez que as
culturas ameríndias e africanas são vistas de maneira “folclorizada e pitoresca”
contrapondo-se com a cultura europeia como “superior e civilizada” (D’AMBRÓSIO,
2001; FERNANDES, 2005).
Defendemos que cabe a nós professores romper com essa visão eurocêntrica de
ciências, pois, necessário é reconhecer o conhecimento produzido por estes povos
no domínio das ciências, que não é só a geografia, história, sociologia e
literatura, mas a química, física, biologia e matemática que também são
responsáveis pela formação criticas dos cidadãos. “Desse modo, pode-se assumir
que cada área procurará, em meio a objetivos de formação e conteúdos próprios,
desenvolver o ensino que vise promover combate ao racismo e a discriminações e o
ensino de história e cultura afro-brasileira e africana” (SILVA, 2009, P. 19).
Neste contexto, este trabalho objetiva apresenta uma intervenção pedagógica
sobre a seguinte temática no ensino de química: a importância dos ferreiros
africanos na diáspora no contexto de aulas sobre oxirredução e bioquímica.
MATERIAL E MÉTODOS: Sobre as escolhas metodológicas
Este trabalho se caracteriza como uma pesquisa participante com um enfoque de
investigação social por meio da qual se busca a participação da comunidade na
análise de sua própria realidade, com o objetivo de promover ações coletivas
para o beneficio da comunidade escolar. Trata-se, portanto, de uma atividade
educativa de investigação e ação social (BRANDÃO, 1984).
Cabe esclarecer que a participação em uma pesquisa segundo DEMO (2004) está para
além de pertencer a essa comunidade, mas dar voz a mesma. Neste caso assumimos
as duas posições, pois representamos os professores de ciências que ensinam para
a sociedade brasileira que é multicultural e os membros desta sociedade, isto é,
representa-se a sala de aula de ciências condicionada pela heterogeneidade de
sua constituição indenitária a partir de posições definidas e legitimadas nesta
estrutura social. Ainda, conforme DEMO (2004), a pesquisa participante aqui
utilizada alia simultaneamente o conhecimento e a participação, buscando dar
autonomia e capacidade de emancipação cidadã aos envolvidos no processo,
especificamente no trato com o situar-se dentro de uma sociedade composta por
diferentes etnias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A estrutura da Intervenção Pedagógica (IP): Os ferreiros foram de fundamental
importância para o desenvolvimento da metalurgia em varias parte do Brasil.
Segundo Libby (2008) na passagem do século XVII ao XVIII, "o elemento africano
foi responsável pela introdução da fundição de ferro no Brasil". Os negros
dominavam técnicas de forja do ferro, de construção dos fornos e ainda conheciam
a época do ano propicia para fazer a forja. Técnicas estas que os europeus não
possuíam, por isso foram alvos dos colonizadores portugueses e dos mercadores de
escravos, pois este conhecimento era de muita valia para a exploração da colônia
brasileira principalmente na fabricação artesanal de vários tipos de utensílios
de metais. Os minerais utilizados para a forja do ferro na época do trafico
negreiro são praticamente os mesmos utilizados hoje pelas grandes siderúrgicas.
Como alternativa para a aplicação da Lei 10.639/03 esse assunto poderá ser
abordado pelo professor de ensino médio, no segundo ano abordando alguns
conceitos como oxirredução, cálculo de nox, balanceamento de equações de
oxirredução representada pelas equações abaixo, onde ocorrem as três etapas de
redução do ferro, processo semelhante como o que ocorria nos fornos artesanais
dos ferreiros africanos.
As reações redoxes do ferro permitem compreender dependência de nosso
metabolismo do íon Fe2+ que é responsável pelo transporte de oxigênio pela
hemoglobina para ocorrer a queima da glicose. Segundo MEDEIROS (2010) “esse
transporte ocorre graças ao íon Fe2+ da hemoglobina, que se combina com O2 em
atmosfera rica nesse gás, possibilitando o seu transporte até as células que é
um ambiente rico em CO2 onde ocorre a troca de O2 por CO2”.
Equações que representam as reações de redução de óxidos de ferro.
CONCLUSÕES: Entendemos que o cumprimento da lei 10.639 passa pelo seu conhecimento inclusive
em cursos de formação de professores. Desta forma, propomos aqui estudos de nível
médio a partir dos ferreiros e sua matéria-prima o ferro, que permitem abordar os
conceitos químicos, tais como, oxirredução e bioquímica.
AGRADECIMENTOS: À FAPEG e ao CNPQ.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRANDÃO, C. R. (org.). pesquisa participante. São Paulo: brasiliense, 1984.
D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: elo entre as tradições e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2001, p. 112.
DEMO, P. Pesquisa participante: saber pensar e intervir juntos. Plano, Brasília, 2004.
LIBBY, D. Transformação e trabalho em uma economia escravista. Minas Gerais no século XIX. São Paulo, Brasiliense, 1988, p. 136.
MEDEIROS, M. A. Ferro. Química nova, v. 32, Nº 3, p. 208-210, 2010.
VERRAGIA, D.; SILVA, P.B.G.; Cidadania, relações étnicos raciais e educação: Educação e Pesquisa, São Paulo, v.3, p. 705-718 étcos,, set/dez 2010.