Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: AVALIAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DE MERCÚRIO TOTAL NAS ÁGUAS DO RESERVATÓRIO DA UHE SANTO ANTÔNIO, RIO MADEIRA – RO, AMAZÔNIA OCIDENTAL.
AUTORES: Costa Júnior, W.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Salvador, F.D.S.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Luz, C.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Recktenvald, M.C.N.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; França, A.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Lauthartte, L.C. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Almeida, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS) ; Miranda, M.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ; Carvalho, D.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ; Bastos, W.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA)
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar as concentrações de mercúrio total (Hg-T)
em
amostras de água provenientes do rio Madeira e seus Tributários a montante e a
jusante da barragem da UHE Santo Antônio no âmbito do Programa de Monitoramento
Hidrobiogeoquímico ambiental da UHE Santo Antônio. Foi utilizada a técnica de
Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Fluorescência Atômica (CG-EFA)
do Sistema MERX da Brooks Rand Labs (Seattle, WA). Os resultados mostraram que
as
concentrações de Hg-T no Rio Madeira e Tributários (com os dois grupos reunidos)
a montante são inferiores em relação a jusante, quando se tratando de água não
filtrada (fração total). No entanto, considerando a água filtrada (fração
dissolvida), os valores desses dois sistemas não diferiram entre si.
PALAVRAS CHAVES: mercúrio total; água; rio Madeira
INTRODUÇÃO: O mercúrio (Hg) é um elemento comumente encontrado em diversos compartimentos da
natureza, tais como: na crosta terrestre, na água, na biota e na atmosfera
(LACERDA et al.; 2007). Esse metal é capaz de formar espécies químicas estáveis
na água, podendo atingir concentrações relativamente altas e mesmo tóxicas e a
formação de reservatórios tendem a incorporar este elemento (MALM et al., 1995;
LACERDA et al., 2008).
Nesse ponto, os sistemas aquáticos possuem grande importância para o
monitoramento ambiental do mercúrio, uma vez que são o compartimento mais
sensível a impactos gerados no seu entorno, o que permite determinar com certa
rapidez o nível de contaminação na qual uma área está exposta. Este trabalho tem
como objetivo avaliar a concentração de Hg-T na água na fração total (sem
filtração) e na fração dissolvida (água filtrada em filtro de celulose de 0,45
μm) no rio Madeira e Tributários (rios Jaci-Paraná, Branco e Contra e igarapés
Caripuna, Jatuarana e Belmont) na área de influência do reservatório da usina
hidrelétrica (UHE) de Santo Antônio – RO.
MATERIAL E MÉTODOS: a) Amostragem: Os pontos de coleta foram escolhidos no período do pré-enchimento
no âmbito do Programa de Monitoramento Hidrobiogeoquímico ambiental da UHE Santo
Antônio. Foram coletadas 149 amostras de água superficial durante o período de
Dezembro de 2011 a Março de 2013, com frequencia trimestral. Uma alíquota da
amostra de água foi filtrada em membrana de celulose de 0,45 m de porosidade
(Millipore) – Fração Dissolvida. Outra alíquota não sofreu nenhum processo –
Fração Total. b) Determinação de Hg-T: A análise foi realizada seguindo o
protocolo analítico EPA-1631 da Agência Ambiental Americana (EPA). Em cerca de
25 g de amostra de água pesada em vials de 40 mL, foram adicionados 100 µL de
monocloreto de bromo (BrCl) e esperou-se reagir por 40 minutos. Após esse tempo,
acrescentaram-se 100 µL de hidroxilamina 20% (m/v), fecharam-se os frascos e
segui-se homogeneização da mistura. Por fim, foram adicionados 100 µL de cloreto
estanoso (SnCl2) a 30% (m/v) com a espera de 10 minutos para a realização
completa da reação química. Após isso, as amostras foram analisadas por CG-EFA
do Sistema MERX da Brooks Rand Labs.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As concentrações médias obtidas de Hg-T na fração total e na fração dissolvida
para o rio Madeira e seus Tributários a montante e jusante podem ser verificadas
na tabela 1. Fez-se ainda a comparação das concentrações médias dos dois grupos
(rio Madeira e Tributários) separadamente, como pode ser verificado na Figura 1:
Foi verificado que na fração total houve diferença entre os dois sistemas,
podendo-se inferir que há uma maior concentração de Hg-T a jusante do que a
montante do reservatório da UHE Santo Antônio. No entanto, não foi encontrada
diferença nas concentrações de Hg-T na fração dissolvida quando comparados os
pontos amostrados a montante e a jusante da barragem da UHE Santo Antônio no
mesmo período de análise. Este fato corrobora que as diversas formas de mercúrio
presentes na água estão associadas em grande parte, ao material particulado em
suspensão através da adsorção, sendo carreados pelo curso d´água. O material
particulado em suspensão sofre grande influência do pulso de inundação e serve
como sítio de transporte do Hg do ambiente terrestre para o aquático (MAIA et
al., 2009).
Tabela 1
Concentrações (ng/L) de Hg-T na água (fração total e
dissolvida) no rio Madeira e Tributários a montante
e a jusante
Figura 1
Concentrações médias de Hg-T do rio Madeira e
Tributários na fração total (a) e dissolvida (b)
considerando as estações a montante e jusante.
CONCLUSÕES: Os resultados de mercúrio total na fração total da água a montante do reservatório
se mostraram menores do que a jusante considerando os Tributários e rio Madeira
juntos. Não foi observada diferença na fração dissolvida quando comparado a
montante e jusante do reservatório. Ademais, nota-se que os teores de Hg-T em
todos os casos se encontram abaixo do estabelecido pela resolução CONAMA 357/05
para águas doces classe 2 que é de 0,0002 mg L-1 (200 ng L-1).
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LACERDA, L. D.; DOS SANTOS, A. F.; MARINS, R. V. Emissão de Mercúrio para a Atmosfera pela Queima de Gás Natural no Brasil. Química Nova. vol. 30, nº. 2, p. 366-369, 2007.
LACERDA, L. D.; MALM, O. Contaminação por Mercúrio em Ecossistemas Aquáticos: Uma Análise das Áreas Críticas. Estudos Avançados. vol. 22, nº. 63, p. 173-190, 2008.
MALM, O; CASTRO, M. B.; BASTOS, W. R.; BRANCHES, F. J. P.; ZUFFO, C. E.; & PFEIFFER, W. C. An assessment of Hg pollution in different goldmining areas, Amazon Brazil. Science of the Total Environment, n°. 175, p. 127-140, 1995.
MAIA, P. D.; MAURICE, L.; TESSIER, E.; AMOUROUX, D.; COSSA, D. PEREZ, M.;MOREIRA-TURCQ, P.; RHÉAULT, I. Mercury distribution and exchanges between the Amazon River and connected floodplain lakes. Science of the Total Environment, v. 407, p. 6073–6084, 2009.