Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: AVALIAÇÃO DE PADRÕES FÍSICO-QUÍMICOS DE ÁGUA SUBTERRÂNEA EM CONFRESA – MT: INTERFACE ENTRE ENSINO E PESQUISA
AUTORES: Lima, L.L. (IFMT - CAMPUS CONFRESA) ; Eickhoff, A.P.N. (IFMT - CAMPUS CONFRESA)
RESUMO: Em municípios do interior é comum o uso de água subterrânea para diversos usos e
não é incomum a ausência de sistema de captação de esgotos, obrigando a
população a possuir, diversas vezes, na mesma propriedade, um poço para
abastecimento e uma fossa negra para disposição do esgoto. Diante deste
problema, o ensino de química em campo pode ser uma ferramenta importante para o
estudante de química. Assim, o uso de equipamentos analíticos em campo se torna
uma ferramenta interessante que retira o estudante do ensino teórico e de
suposições, levando-os a coletar dados que podem ter resultados, a dados
relevantes para a sociedade. Pode-se concluir com os dados obtidos, que outros
parâmetros devem ser analisados se houver o intuito de caracterizar a qualidade
da água subterrânea.
PALAVRAS CHAVES: Água; Análise; Ensino
INTRODUÇÃO: Desde muito cedo, somos educados na perspectiva de que é fundamental
manter/conservar a qualidade da água. Isso sempre ocorre devido a preocupação
com a escassez de água com padrões de qualidade definidos como fundamentais para
que esta, esteja apta ao consumo humano. Ocorre que, a qualidade da água para
consumo humano ou para fins que o homem julga importante para sua manutenção,
geralmente encerrava-se na preocupação com as águas superficiais, que, devido as
dimensões e a formação hidrográfica brasileira, sempre foram as fontes mais
acessíveis e disponíveis. Com a diminuição da qualidade das águas superficiais
devido a degradação ambiental, buscou-se outras fontes, e a exploração dos
lençóis subterrâneos é hoje, uma fonte indispensável. Essa importância não se dá
apenas pela diminuição da qualidade das águas superficiais, mas também pela
falta de políticas públicas de abastecimento, como é o caso do município de
Confresa. Com aproximadamente 30 mil habitantes, a cidade conta com um sistema
de distribuição de água que atende apenas a região central, não contemplando os
bairros periféricos e obrigando seus moradores, a escavarem poços nominados
cacimbas ou poço, para abastecimento
de água. Durante o curso de química o aluno se depara com situações em que, o
“se aprende fazendo” deixa de ser uma máxima e tem que se tornar uma realidade,
assim, aproveitando-se do tema, durante o curso de química analítica, o processo
de amostragem foi complementado pela utilização de equipamentos de campo e
coleta de parâmetros físico-químicos de águas oriundas de poços de um bairro
não contemplado com sistema público. O objetivo do trabalho foi aprofundar
conceitos de amostragem bem como coleta de dados quantitativos acerca de alguns
parâmetros físico-químicos de água.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletados dados acerca dos parâmetros físico-químico das águas de 11 poços
localizados no bairro Santa Luzia em Confresa – MT. Os parâmetros analisados
foram analisados utilizando um medidor multi-parâmetro de qualidade de água da
marca Hanna, modelo 9828. O sistemas de coordenadas utilizado no levantamento
foi o Universal Transverso de Mercator (UTM), referenciado ao South American
Datum, de 1969 – SAD69 com o equipamento Garmim modelo Etrex H. Foram levantados
apenas os poços em operação, bem como a finalidade da água captada e as
condições ambientais do entorno dos poços. Foram coletados dados de amostras
oriundas das residências que disponibilizaram as mesmas, perfazendo um total de
11 amostras. A coleta de água subterrânea foi realizada diretamente na saída dos
poços. Foram determinados os parâmetros físico-químicos: pH, OD, resistividade e
condutividade elétrica. Estes parâmetros foram selecionados em virtude do
equipamento de campo selecionado e avaliação de impactos oriundos de atividades
humanas e acompanhamento de campo, excetuando-se os parâmetros cor, odor e teor
de areia conforme Rocha (2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A variação de temperatura entre as amostras foi de 27,37 a 31,18 °C com média de
28,90 °C, sendo sempre menor que a temperatura ambiente. Os valores de
temperatura foram considerados elevados em comparação com os valores com estudo
de Marion et al. (2007). O aumento da temperatura provoca alterações na cinética
das reações em particular, de natureza bioquímica, alterando a taxa de
decomposição de MO, diminuindo a solubilidade dos gases dissolvidos. Por
estimativa através da condutividade elétrica, os teores de STD variaram entre 12
e 90 mg/L com média de 40,2 mg/L. Considerando a Portaria MS 518/2004, as
amostras são potáveis. Apenas a amostra proveniente do poço 11 apresentou um
valor discrepante, podendo ser influenciado pelas espécies presentes no solo ou
mesmo de fonte de contaminação, sendo por si só, insuficiente para inferências.
Na avaliação do pH, os valores variaram entre 5,01 e 7,12. Diante do
estabelecido pela Portaria MS 518, aproximadamente 36% das amostras apresentaram
valores recomendados. Este parâmetro também é influenciado pela temperatura e
pode indicar características intrínsecas da amostra, bem como do material de
formação do solo. Quanto ao teor de OD, as amostras apresentaram valores de
1,79 a 2,00 mg/L, não sendo padrão de qualidade de água para consumo humano.
Estes valores são comuns quando se refere a águas subterrâneas de pequenas
profundidades como elencado por Eckhardt et al. (2009), que sugere comum para
esse tipo de amostra, valores entre 0,0 a 5,0 mg/L. Para análise da
Condutividade elétrica, foram encontrados valores que variaram entre 12 e 90
µS/cm. Este parâmetro, de acordo com CETESB (2001), quando acima de 100 µS/cm,
indica amostra sofreu algum tipo de impacto, sendo necessário outros ensaios
para a realização dessa inferência.
Dados
Coordenadas e parâmetros físico-químicos das
amostras estudadas
CONCLUSÕES: O uso destas fontes, que outrora foi a solução para o problema de contaminação das
fontes superficiais, é cada vez mais uma preocupação, visto que essas fontes têm
sido expostas a agentes de contaminação. É bem verdade que a avaliação de alguns
parâmetros físico-químicos não irá caracterizar a qualidade das águas porém, a
compreensão do estudo, pode levar a comunidade a preocupação com a qualidade do
abastecimento. Como exercício, a experiência é fundamental e como estudo, este
trabalho subsidiará outros trabalhos mais completos acerca da qualidade as águas
que servem o município de Confresa.
AGRADECIMENTOS: Ao IFMT pela bolsa institucional e empréstimo de equipamentos/reagentes concedidos
a primeira autora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Variáveis de Qualidade da Água. 09 de abril de 2001. Disponível em: <=http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/variaveis.asp#turbidez>. Acesso em: 31 jun. de 2013.
ECKHARDT, R.R.; DIEDRICH, V.L.; FERREIRA, E.L.; STROHSCHOEN, E.; DEMAMAM, L.C. Mapeamento e avaliação da potabilidade da água subterrânea do município de Lajeado, RS, Brasil. Água e Ambiente. v.04, n.1. 2009.
MARION, F.A.; CAPOANE, V.; SILVA, J.L.S. Avaliação da qualidade da água subterrânea em poço no campus da UFSM, Santa Maria – RS. Ciência e Natura. v.1, n.29. 2007.