Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Comportamento do pH do sabão produzido com o resíduo do óleo de cozinha durante o período de cura.
AUTORES: Pereira, E.L. (IFRN) ; Pereira, E.D. (IFRN) ; Melo, J.C.S. (IFRN) ; Costa, C.H.C. (IFRN) ; Oliveira, K.P. (IFRN)
RESUMO: Várias formulações de sabão utilizando óleo de cozinha usado vêm sendo estudadas
como uma alternativa para reciclagem desse resíduo. Porém, a maioria das
formulações disponíveis resultam em um sabão com pH muito básico que poderá causar
irritações e inflamações nas mãos dos usuários e necessitam de um tempo para serem
utilizados após a sua fabricação. Dessa forma, esse trabalho visa estudar a
mudança do pH do sabão produzido com e sem tratamento do óleo de cozinha usado
durante o seu período de cura. As análises de pH foram feitas em triplicatas no
pHmetro de bancada durante 16 dias de armazenamento. O estudo realizado sobre o pH
do sabão confirma a necessidade da estocagem por no mínimo 4 e 8 dias para o sabão
sem e com tratamento do óleo de cozinha usado, respectivamente.
PALAVRAS CHAVES: óleo usado; análise de pH; sabão
INTRODUÇÃO: Diariamente, grandes quantidades de resíduos de óleo de cozinha gerados nas
residências, indústrias e estabelecimentos comerciais vem sendo descartados
inadequadamente no meio ambiente, provocando diversos danos como o entupimento
das tubulações das redes de esgoto, impermeabilização do solo, dificuldade de
penetração da luz solar e oxigenação da água etc. (BALDASSO et al., 2010; SILVA
& PUGET, 2010). Uma alternativa para reciclagem desse resíduo seria a produção
de sabão que é um agente de limpeza, além de se tratar de um produto
biodegradável. Porém, a maioria das formulações disponíveis resultam em um sabão
com pH muito básico que poderá causar irritações e inflamações nas mãos dos
usuários de tal produto (SOUZA, 2008). Para reduzir a basicidade do sabão é
necessário deixá-lo por um período de cura após a data de fabricação. Durante
esse período, o pH do produto deve ser monitorado até atingir o valor abaixo de
11,5, considerado como padrão para que não provoque problemas na pele (ALMEIDA
et al., 2011). Este trabalho tem como objetivo observar a mudança do pH do sabão
produzido com e sem tratamento do óleo de cozinha usado durante o seu período de
cura.
MATERIAL E MÉTODOS: O óleo de cozinha usado foi coletado na cidade de Caicó/RN. Esse resíduo foi
filtrado em papel de filtro qualitativo para a remoção dos sedimentos pesados e
de sólidos em suspensão. Foram preparados 2 (dois) tipos de sabões, sendo o
sabão S1 sem tratamento do óleo e o segundo tipo com o óleo tratado através do
carvão mineral para remoção do odor característico do óleo usado. O tratamento
foi realizado com agitação constante durante 60 minutos, na proporção mássica
carvão mineral/ óleo igual a 1:3, na temperatura de 60 ºC. Nas duas formulações
de sabões foram utilizados 50 mL de óleo de cozinha usado, 6,1 g de soda
cáustica, 15 mL de água 6,1 g de sabão em pó, segundo a formulação desenvolvida
por SILVA & PUGET (2010). O óleo de cozinha usado foi aquecido a uma temperatura
em torno de 80ºC; em seguida foi adicionada lentamente a solução de soda
cáustica ao óleo na mesma temperatura, com agitação constante durante 20
minutos. O sabão em pó foi dissolvido em 5 mL de água e adicionado à massa do
sabão até a completa homogeneização. No final do processo, despejou-se a massa
em formas, esperando 24h para a retirada do sabão. Após a retirada dos sabões
foram realizadas as análises de pH durante 16 dias, em intervalos de 4 (quatro)
dias. As análises de pH foram feitas em triplicatas no pHmetro de bancada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Tem-se na Figura 1, o acompanhamento dos valores de pH de dois diferentes tipos
de sabão (S1 e S2) armazenados durante 16 dias. Analisando os valores iniciais
de pH, percebe-se que os valores de pH das formulações S1 e S2 foram iguais a
12,05 e 12,20, respectivamente, diferente do valor de pH obtido por SILVA &
PUGET (2010), que foi igual a 9, em razão, talvez, ao tipo da sua utilização.
Nessa condição inicial, não é possível seu uso logo após a sua fabricação por
causa da sua alta basicidade. SOUSA (2008) ressalta que o pH alto (muito básico)
do sabão é um problema que pode causar danos à saúde de quem utiliza tal
produto, desde irritações, unheiros e inflamações. Nota-se ainda que os valores
de pH, durante o armazenamento dos dois sabões, tendem a diminuir ao longo dos
16 dias de armazenamento, alcançando valores inferiores a 10,7, estando abaixo
do valor máximo permitido pela legislação vigente que é de 11,5 (ALMEIDA et al.,
2011). Observa-se também que o sabão sem tratamento alcançou valor de pH igual a
11,37 em apenas 4 dias de armazenamento, enquanto o sabão com tratamento, o pH
tinha atingido o valor de 11,66, evidenciando que o sabão sem tratamento requer
menor tempo de armazenamento para ser utilizado.
Figura 1 – Comportamento do pH dos sabões durante o período de cura.
CONCLUSÕES: O estudo realizado sobre o pH do sabão confirma a necessidade da estocagem por no
mínimo 4 e 8 dias para o sabão sem e com tratamento do óleo de cozinha usado,
respectivamente, para que os valores de pH possam atingir o limite máximo
estabelecidos pela legislação de 11,5.
AGRADECIMENTOS: Ao IFRN pelo financiamento da pesquisa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, G.S; ROCHA, V. K. G.; PARACAMPO, N. E. N. P. Sabão de óleo residual de fritura formulado com infusão de casca de Citrus. . CBQ 51° Congresso Brasileiro De Química, São Luis/MA de 10/10 a 14/10 de 2011.
BALDASSO, E.; PARADELA, A. L.; HUSSAR, G. J. Reaproveitamento do óleo de fritura na fabricação de sabão. Engenharia Ambiental , v. 7, n. 1, p. 216-228, 2010.
SILVA, B. G.; PUGET, F. P. Sabão de sódio glicerinado: produção com óleo residual de Fritura. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.6, N.11; p. 1-15, 2010.
SOUZA, L.D. Sabão neutro produzido a partir de óleo de cozinha usado. CBQ 48° Congresso Brasileiro De Química, Rio de Janeiro De 29/09 03/10 De 2008.