Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Determinação do Teor de Metais Traço em Sedimento no Canal do Anil-RJ
AUTORES: Castilho, (IFRJ) ; Bonzi, I. (IFRJ) ; Oliveira, R. (IFRJ) ; Pereira, L. (IFRJ) ; Vendramel, S. (IFRJ) ; Lorena, S. (IFRJ)
RESUMO: A região onde se encontra o canal do Anil está cercada de comunidades carentes.
Devido à desorganização e a falta de canalização correta de esgoto, resíduos e
efluentes gerados no local são despejados dentro do canal sem nenhum tipo de
tratamento. Diante desta problemática o objetivo deste trabalho é avaliar a
qualidade da água através da análise dos metais traços no sedimento do canal. A
amostra foi coletada, preparada e posteriormente analisada no espectrômetro de
absorção atômica. Através da análise dos resultados, concluiu-se que o canal do
Anil encontra-se em sério estado de poluição, apresentando uma concentração de
cádmio e chumbo em sedimento acima do permitido pela legislação.
PALAVRAS CHAVES: sedimento; metais; poluição
INTRODUÇÃO: O bairro do Anil, localizado na baixada de Jacarepaguá, recebe esse nome porque
no século XVIII havia nessa região uma grande quantidade de arbustos que
produziam o anil através dos seus frutos e este era transportado pelo rio,
conhecido como rio Anil. Este rio possui água limpa com vida aquática
diversificada, mas quando se aproxima da Estrada de Jacarepaguá encontra-se
poluído, com áreas assoreadas formando o canal do Anil, desaguando nas lagoas de
Jacarepaguá (HISTÓRIA DO RIO, 2013). As águas do canal do Anil encontram-se
normalmente escuras, entretanto segundo moradores da região, é comum observar-se
no início da manhã, uma vez por semana, um líquido fedorento e de cor
alaranjada, provavelmente efluente industrial (GLOBO.COM, 2013). No entorno do
canal há muito lixo, diversas indústrias (alimentícias, fabricação de elásticos,
dentre outras) e postos de gasolina na extensão do rio que podem ser agentes
dessa poluição. Metais traço não são biodegradáveis, são tóxicos, se bioacumulam
nos seres vivos e acumulam-se no sedimento (SHRIVASTAVA et al., 2003).
Analisando a concentração desses metais no sedimento e comparando-se com a
legislação existente, é possível verificar a qualidade desse ecossistema em
termos de contaminação por metais traço. De acordo com a Resolução CONAMA nº
344/2004, a presença de contaminantes determina a classificação dos sedimentos
do território nacional em 2 (dois) níveis: “Nível 1: limiar abaixo do qual
prevê-se baixa probabilidade de efeitos adversos à biota. Nível 2: limiar acima
do qual prevê-se um provável efeito adverso à biota” (MMA, 2004).
MATERIAL E MÉTODOS: Foram escolhidos dois locais para realizar a amostragem, em função da facilidade
de acesso e a proximidade de pontos de interesse.
A amostragem foi realizada com uma Draga de Petersen e armazenadas em
recipientes plásticos devidamente fechados, previamente lavados com água
destilada e descontaminados com ácido nítrico 10% e transportados para o
laboratório. Posteriormente essas amostras foram separadas em vidros de relógio
e secas em estufa à 100°C. Depois de secas, as amostras foram devidamente
trituradas e peneiradas com o auxílio de peneiras granulométricas (Agitador de
Peneiras para análises granulométricas eletromagnéticas (número de série: 12.11)
– Bertel), com agitação automática. A fração utilizada para análise foi obtida
através da peneira de 60 mesh. Para a quantificação de metais traço, pesou-se
0,300g de amostra do ponto 1 e do ponto 2 em um recipiente de alumínio em
triplicata e esta foi transferida para tubos extratores onde foram submetidas a
extração ácida, com adição de 6 mL de HClconc e 1 mL HNO3conc em bloco digestor
por 12h à 130°C. Efetuou-se ainda uma segunda extração a partir da adição de 7
mL HNO3conc e 3 mL de HClconc nas mesmas condições da primeira extração.
Finalizada a extração, as amostras foram filtradas convencionalmente e
transferidas para balão volumétrico de 25,00 mL, e então se avolumou até a
aferição com HNO3conc 10%. Por fim realizou-se a determinação das concentrações
de metais utilizando um espectrômetro de absorção atômica modelo AAnalyst 100
(Perkin Elmer), seguindo o método EPA IO 3.2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com base nos resultados demonstrados na Tabela 1 e comparando-se as
concentrações obtidas com a Resolução CONAMA 344 em relação ao nível 1,
verifica-se que para o Pb, nos pontos 1 e 2, a concentração média obtida
encontra-se cerca de 1,3 vezes acima do valor permitido em relação ao nível 1.
Para o Cd, nos pontos 1 e 2, a concentração média obtida encontra-se cerca 16 e
3 vezes acima do valor permitido, para os níveis 1 e 2, respectivamente. Metais
traço possuem a capacidade de se acumular nos sedimentos, e este fato é oriundo
de anos de contaminação sobre o Canal do Anil. Isto se deriva provavelmente
devido ao lançamento de esgoto doméstico, efluente industrial de forma
indiscriminada nas proximidades do rio, descarte inadequado de embalagens de
óleo lubrificante automotivo, além do despejo de resíduos tais como baterias de
carro, celular e pilhas. Avaliando-se os pontos de coleta, verifica-se que não
houve maiores diferenças entre os pontos 1 e 2, o que atesta uma contaminação ao
longo do Canal do Anil e não apenas pontual.
Tabela 1
Resultados obtidos pelas análises dos sedimentos
CONCLUSÕES: Percebe-se por meio dos resultados que o Canal do Anil apresenta uma concentração
de cádmio e chumbo em sedimento acima do permitido, o que compromete o uso da
água, afetando a biota e a população. Como meio de combater a contaminação
poderiam ser realizadas campanhas para promover a conscientização ambiental na
população e nas indústrias mais próximas, bem como a instalação de saneamento
básico no local.
AGRADECIMENTOS: Ao IFRJ, pela estrutura e apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LÍQUIDO ALARANJADO POLUI CANAL DO ANIL. Disponível em: <g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL701867-5606,00.html> Acessado em 30/06/13.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 344. Promulgada em 25 de março de 2004. Publicada em DOU em 07 de maio de 2004.
SHRIVASTAVA, P.; SAXENA, A. & SWARUP, A. Heavy metal pollution in a sewage-fed lake of Bhopal, (M. P.) India. Lakes & Reservoirs: Research and Management, v.8, p. 1–4. 2003.
SOBRE A HISTÓRIA DO BAIRRO ANIL. Disponível em:
<http:www.historiadorio.com.br/bairros/Anil > Acessado em 29/03/13.