Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: MOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE METIL-MERCÚRIO NO ALTO RIO MADEIRA E TRIBUTÁRIOS, RONDÔNIA
AUTORES: Salvador, F.D.S.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Barbosa, M.S. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Costa Júnior, W.A. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Recktenvald, M.C.N.N. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Carvalho, D.P. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Miranda, M.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Mussy, M.H. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Bastos, W.R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) ; Manzatto, (UNIVERSIDADE DE RONDÔNIA) ; Almeida, R. (UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS)
RESUMO: A região amazônica possui um longo histórico de lançamentos de mercúrio (Hg), devido às ações antropogênicas, a exemplo dos garimpos de ouro. Lançado no ambiente aquático, o Hg é transformado quimicamente para a forma orgânica, MeHg, extremamente tóxica, que se acumula na biota aquática. Este estudo avaliou as concentrações de MeHg na água em um trecho do Alto rio Madeira e Tributários no período de dezembro de 2011/2012 no âmbito do Programa de Monitoramento Hidrobiogeoquímico ambiental da UHE Santo Antônio. Quantificou-se as amostras por CVAFS. Obteve-se resultados de MeHg para o Rio Madeira: 0,0709±0,0319 ngL[-1] e Tributários: 0,0991±0,0238 ngL[-1]. Observou-se que não houve diferença significativa nas concentrações do Rio Madeira e seus Tributários ao longo do estudo.
PALAVRAS CHAVES: Rio Madeira; Me-Hg; Mercúrio
INTRODUÇÃO: A região amazônica possui um longo histórico de contaminação de mercúrio (Hg) devido a ações antropogênicas de exploração de ouro. Esse elemento químico é utilizado no processo de mineração do ouro, além de geologicamente apresentar concentrações variadas nos solos Amazônicos acarretando bioacumulação nas matrizes bióticas e abióticas. É um metal que possui toxicidade na sua forma inorgânica e orgânica, porém a forma orgânica se biomagnífica ao longo da cadeia alimentar (BASTOS, el al, 2006).
O MeHg, é o mais tóxico dos alquilmercuriais. Esta substância pode ser produzida por ação de micro-organismos e mesmo por mecanismos abióticos (FONSECA, et al, 2007).
A construção de uma UHE gera impacto ambiental associado principalmente à formação do reservatório. Segundo Hall (2004), a perturbação de ambientes aquáticos para a formação de reservatórios pode potencializar a formação de mercúrio inorgânico para o orgânico aumentando a taxa de metilação, principalmente se forem ricos em matéria orgânica em condições anóxicas.
No sistema hídrico, o MeHg, possui característica lipofílica que se incorpora na biota aquática. Os efeitos adversos causados no ser humano por contaminação de Hg, podem ser irreversíveis, como alterações no sistema neural, visual, sensorial entre outros. Uma das principais vias de exposição de MeHg para os humanos é através do consumo de peixe, especialmente as espécies piscívoras.
O desenvolvimento de técnicas para quantificação de MeHg em água exige muitos cuidados devido aos problemas relacionados à extração do analito, com isso, a técnica por Espectrometria de Fluorescência Atômica de Vapor Frio (CVAFS), permite a quantificação com limites muito baixo, bem menores do que as encontradas em solos e sedimentos (BISINOTI, et al 2006).
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de água foram coletadas trimestralmente durante o período de dezembro de 2011 a dezembro de 2012 de acordo com o ciclo hidrológico no âmbito do Programa de Monitoramento Hidrobiogeoquímico ambiental da UHE Santo Antônio: águas altas (março), vazante (junho), águas baixas (setembro) e enchente (dezembro). Utilizou-se o equipamento de Espectrometria de Fluorescência Atômica de Vapor Frio (CV-AFS), MERX da Brooks Rand, modelo III, usando argônio como gás de arraste para a quantificação de MeHg. Inicialmente uma alíquota das amostras de água foi retirada para Fração Total e outra foi filtrada em membrana de celulose 0,45 µm (Millipore – Fração Dissolvida) e, em seguida, destilou-se para purificação por algumas horas com fluxo de argônio 5.0 para purificação das mesmas. Posteriormente, as amostras foram transferidas para frascos âmbar e acrescentado 300µL[-1] de acetato e o derivatizante, tetraetilborato de sódio (NaBEt[4]). E finalmente levadas ao equipamento para quantificação.
Para o controle de qualidade analítica das análises, utilizou-se análises em duplicatas, “brancos controle” e controles tipo spiks ambas também em duplicatas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados apresentaram médias de MeHg para o Rio Madeira de 0,0709 ± 0,0319 ngL[-1] e Tributários de 0,0991 ± 0,0238 ngL[-1] (Fração Dissolvida), e 0,0863 ± 0,0906 ngL[-1] para o Rio Madeira e Tributários 0,152 ± 0,149 ngL[-1] (Fração Total), onde observa-se que os maiores valores são encontrados na Fração Total da água.
Quando comparados os resultados dos Tributários e do Rio Madeira a montante e a jusante da barragem, foi possível observar que os maiores valores foram encontrados nos pontos dos tributários a jusante do reservatório e os menores valores no Rio Madeira a montante do reservatório.
Não foi observada variação sazonal na concentração de MeHg na fração total nos tributários como mostra as figuras 1 e 2 ao longo do minitoramento. Entretanto, os maiores valores de MeHg no Rio Madeira foram encontrados em dezembro de 2012 (Águas Altas). Não houve diferença significativa entre as médias de MeHg na água filtrada (Fração Dissolvida), nos pontos a montante e a jusante da barragem a UHE Santo Antônio. Maiores valores encontrados de MeHg na água filtrada (Fração Dissolvida), foram nos pontos dos tributários a jusante do reservatório. Menores valores de MeHg no Rio Madeira a montante do reservatório.
Figura 1
Concentrações média trimestrais de MeHg na água não
filtrada (Fração Total) no rio Madeira e nos
Tributários de junho a dezembro de 2012.
Figura 2
Concentrações médias trimestrais de MeHg na água
filtrada (Fração Dissolvida) no rio Madeira e nos
Tributários de dezembro de 2011 a dezembro de
2012.
CONCLUSÕES: Ao longo do monitoramento, foi possível observar que, durante o período de pré-
enchimento do reservatório, a concentração de MeHg (Fração Dissolvida) no período
de águas altas foi maior que no período de águas baixas. Entretanto, não há
diferença significativa entre as concentrações de MeHg na fração dissolvida da
água se compararmos os Tributários e o Rio Madeira.
AGRADECIMENTOS: Ao professor Wanderley Rodrigues Bastos pelo apoio;
Aos amigos do Laboratório Biogeoquímica - UNIR e meus familiares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BASTOS, W.R.; GOMES, J.P.O; OLIVEIRA, R.C.; ALMEIDA, R.; NASCIMENTO, E.L.; LACERDA, L.D.; SILVEIRA, E.G. & PFEIFFER, W.C. 2006. Mercury in the environment and riverside population in the Madeira River Basin, Amazon, Brazil. Sci. Tot. Environm. v. 368, p. 344 – 351.
BISINOTI, M.C.; JARDIM, W.F.; BRITO JUNIOR, J. L.; MALM, O.; GUIMARÃES, J. R. 2006. Um novo método para quantificar mercúrio orgânico (Hgorgânico) empregando a espectrometria de fluorescência atômica do vapor frio. Química Nova, vol.29, no.6, p.1169- 1174.
FONSECA, M. F.; TORRES, J. P. M.; MALM, O. 2007. Interferentes ecológicos na avaliação cognitiva de crianças ribeirinhas expostas a metilmercúrio: o peso do subdesenvolvimento. Oecol. Bras., volume 11, nº 2, p. 277-296.
HALL, B.D.; ST. LOUIS, V.L.; BODALY, R.A. 2004. The stimulation of methylmercury production by decomposition of flooded birch leaves and jack pine needles. Biogeochemistry, volume 68, p.107-129.