53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: DETERMINAÇÃO ESPECTROFLUORIMÉTRICA DE DICLOFENACO EM AMOSTRAS DE ÁGUAS NATURAIS

AUTORES: Barros, H.L.B.V. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - UFGD) ; Neiva, A.M. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - UFGD) ; Viera, H.J. (UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS - UFGD)

RESUMO: O presente trabalho propõe o desenvolvimento de um procedimento espectrofluorimétrico para determinação de diclofenaco. A influência do pH foi avaliada, sendo o pH 6,0 o mais adequado no meio estudado. Depois de otimizado, o procedimento apresentou uma relação linear entre a intensidade de emissão e a concentração do Diclofenaco no intervalo de 5,0x10-6 a 1,0x10-4 mol L-1. A aplicação do procedimento proposto foi avaliada na detecção de diclofenaco em amostras de águas e produtos farmacêuticos, foram obtidas recuperações no intervalo de 67 a 122%.

PALAVRAS CHAVES: Diclofenaco; espectrofluorimetria; águas de superfície

INTRODUÇÃO: O Diclofenaco de nome químico 2-[2-[2,6-dichlorophenyl)amino]phenyl]acetic é antiinflamatório não esteriodal (ANIE), tem propriedades analgésica, antipirética antiinflamatório sua ação está relacionada a inibição de atividades enzimáticas do ciclooxigenase, COX-1 e COX-2 (KUMMER et al,2002) sua dissolução depende do sal que esteja ligado e o pH do ambiente, caso esteja ligado ao sódio terá sua dissociação em meio básico, se estiver ligado ao potássio em meio ácido (FERNADES,2003). São descritos na literatura trabalhos realizados em diversos países que quantificaram produtos de atividades biológicas em efluentes domésticos utilizando algumas técnicas como cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG/EM)(COELHO,2008),cromatografia liquida acoplada e espectrometria massa (STÜLTEN,2008).Dessa forma, o desenvolvimento de um procedimento simples e de baixo custo para a determinação de Diclofenaco é de grande interesse. O objetivo deste trabalho foi utilizar a espectroscopia de fluorescência para detecção de Diclofenaco em amostras de água com diferentes níveis de contaminação.

MATERIAL E MÉTODOS: A solução de Diclofenaco 1,0x10-3 mol L-1, foi preparada pesando a massa adequada do padrão, solubilizado em água destilada. O pH ótimo foi avaliado empregando-se solução tampão KH2PO4 1,0 mol L-1, Vetec, 99% pureza. As medidas de intensidade de emissão de fluorescência foram realizadas no espectrofluorímetro (Cary Eclipse, Varian) equipado com uma lâmpada de xenônio, utilizando-se cubeta de quartzo, com quatro faces polidas, de caminho ótico de 10 mm e volume de 3,5 mL. Para a obtenção dos valores dos comprimentos de onda de emissão e excitação, efetuou-se uma varredura espectral fixando-se o comprimento de onde de excitação em 245 nm e emissão entre 248 a 500 nm. Avaliou-se a recuperação do diclofenaco em duas amostras de água provenientes de dois córregos, Rego D'água e Água Boa, localizados dentro do perímetro urbano da cidade de Dourados-MS. Estudos de recuperação foram realizados nas duas amostras, adicionando-se quantidades conhecidas dos padrões de Diclofenaco, em três níveis de concentração 5,0x10-6, 3,5x10-5 e 1,0x10-4 mol L-1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O espectro de matriz excitação-emissão 3D de uma solução padrão de diclofenaco 2x10-4 mol/l foi obtida e é apresentada na Figura 1. Verificamos três bandas de excitação (240, 290 e 320 nm) e uma banda de emissão cerca de 360 nm. Inicialmente obteve-se o espectro 3D de uma solução de Diclofenaco para verificar os comprimentos de onda de excitação e emissão. Verificou-se que os comprimentos são λex= 245 nm e λem= 366 nm. A influência do pH sobre a intensidade de emissão foi avaliada entre os pHs de 4,0 a 10,0. Verificou-se um aumento do sinal analítico com pH do meio ácido e supressão da intensidade pH básicos, dessa forma o pH 6,0 foi fixado para os demais procedimentos. Sob as condições otimizadas, o procedimento apresentou uma curva analítica com resposta linear no intervalo de 5,0x10-6 a 1,0x10-4 molL-1. O Diclofenaco obteve uma equação de regressão polinomial de linearizada , I = 318,3xlog(C) + 1716, r= 0,99, onde I é a intensidade de emissão (UA) e C é a concentração em 10-6mol/L. O limite de detecção obtido foi de 4 x10-6 mol/L ou 1,18 mg/L (3xσbranco/inclinação da curva analítica). Realizou-se estudo de recuperação do diclofenaco adicionado às amostras de águas em diferentes níveis de concentração, como mostra a Tabelas 1, apresentando valores de recuperação na faixa de 67 a 122% para as amostras de água. O método mostrou-se adequado nos referidos estudos de recuperação, podendo ser utilizado para determinação de diclofenaco em amostra de água.De acordo com os dados verificamos um coeficiente variação médio menor que 6,3%, indicando que a precisão está adequada para as amostras analisadas(APVMA,2004).

Tabela 1

Estudo da recuperação de Diclofenaco em amostras de água de rio

Figura 1

Espectro de matriz excitação-emissão 3D de uma solução de diclofenaco 2x10-4 mol/L em solução tampão pH 4,0.

CONCLUSÕES: O procedimento espectrofluorimétrico desenvolvido mostrou-se seletivo e com sensibilidade adequada à determinação de diclofenaco, na amostra analisadas. É um procedimento fácil que evita o uso de solvente orgânicos e a necessidade de preparo das amostras.Este procedimento apresenta-se como um procedimento alternativo à cromatografia líquida de alta eficiência para determinação desse princípio ativo nas amostras avaliadas.

AGRADECIMENTOS: Ao Grupo de Óptica Aplicada da UFGD e a UFGD

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGUIAR, F.A., 2009. Caracterização das propriedades do estado sólido do diclofenaco de sódio e avaliação desta propriedades no perfil in vitro de dissolução e no efeito farmacológico. Dissertação de mestrado Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto -SP.

AUSTRALIAN PESTICIDES AND VETERINARY MEDICINES AUTHORITY , 2004. Guidelines for the validation of analytical methods for active constituent, agricultural and veterinary chemical products. Acessado em dezembro de 2012. Disponível em: http://www.apvma.gov.au/publications/guidelines/docs/gl_69_analytical_methods.pdf

COELHO, A.D., 2008. Degradação dos antiinflamatorio Diclofenaco, Ibuprofeno e Naproxeno por ozonização. Dissertação de Doutorado Universidade de Rio de Janeiro(UFRJ) ,Rio de janeiro-RJ.

FERNANDES, T.R.P., 2003. Desenvolvimento farmacotécnico e validação de metodologia analítica para comprimidos revestidos à base de Diclofenaco de Potássio. Dissertação de Mestrado Universidade Federal de Pernambuco(UFPE), Recife-PE.

KUMMER, C.L.; COELHO, T.C.R.B., 2002. Antiinflamatórios não esteróides inibidores da ciclooxigenase-2 (COX-2): Aspectos atuais. Rev. Bras. Anestesiol., Rio De Janeiro, 52: 498-512.

STÜLTEN,D.; ZÜHLKE,S,; LAMSHÖFT,M.; SPITELLER,M., 2008. Occurrence of diclofenac and selected metabolites in sewage effluents , Science of the total environment, 405:310-316