Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: MEDIDAS DE ÓXIDO NITROSO (N2O) EMITIDO POR CULTURAS DE OLEAGINOSAS NO SEMIÁRIDO PARA PRODUÇÃO DO AGRODIESEL E POTENCIAL CONTRIBUIÇÃO PARA AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
AUTORES: Tavares, T. (UFBA) ; Arciniegas, C. (UFBA) ; Oliva, S. (UFBA) ; Guarin, R. (UFBA) ; Santos, C. (UFBA) ; Vasconcellos, D. (UFBA)
RESUMO: Óxido nitroso é um gás de estufa potente e sua principal fonte é o processo de nitração do solo aumentada pelos fertilizantes. O Brasil é grande produtor de agrodiesel, e suas vantagens para as mudanças climáticas vem sendo questionada. Medidas realizadas em campos de oleaginosas no semiárido e no cerrado baianos provam que a substituição da vegetação nativa por essas culturas diminuem as emissões anuais do óxido nitroso.
PALAVRAS CHAVES: biocumbustíveis; efeito estufa; ciclo de nitrogênio
INTRODUÇÃO: Óxido nitroso, N2O, é um gás de efeito estufa com um potencial de aquecimento global médio (GWP) 300 vezes maior do que o de uma massa igual de CO2 no horizonte de 100 anos (SMITH, 2010). Nos últimos 60 anos o nível de N2O na atmosfera passou de 270 ppbv para 320 ppbv (WMO, 2011), A principal fonte de N2O é a fixação de nitrogênio no solo por bactérias, a qual é reforçada pelo uso de nitrogênio na adubação (DOBBIE et al, 1999). Assim as emissões de CO2evitadas pelo o uso de biocombustíveis tem sido questionada internacionalmente devido a liberação do N2O (CRUTZEN et al, 2008). As incertezas são intensificadas devido às grandes variações de fluxos de N2O provenientes do solo, as quais dependem de sua natureza, condições meteorológicas, uso pregresso do solo, tipo de cobertura e práticas de gestão (DOBBIE et al, 1999). A maior parte das medidas de fluxo ao redor do globo têm sido empreendidos de forma independente em diferentes ecossistemas ou em diferentes plantações com diferentes tipos de solo e de condições meteorológicas, sem comparação com as coberturas vegetais originais.
O Brasil está entre os líderes mundiais na produção de biocombustíveis: etanol a partir de cana de açúcar, com uma vantagem inquestionável energética resultante da utilização do bagaço como combustível no processamento e biodiesel a partir da soja produzida no país. O governo brasileiro tem estimulado estender a produção de biodiesel para a zona semiárida do nordeste do país com outras plantações de oleaginosas, como mamona e girassol. A aceitação internacional do biodiesel brasileiro depende das vantagens em termos de redução das emissões de gases de efeito estufa.
MATERIAL E MÉTODOS: Os fluxos de N2O do solo para a atmosfera foram medidas em campos agrícolas de oleaginosas - mamona, girassol e soja – e em duas áreas de cobertura vegetal original para comparação - floresta úmida tropical e floresta do cerrado- , assim com em campos de cultura familiar de mandioca. A amostragem e metodologia analítica foram as mesmas para todas as medições: N2O emitido do solo foi coletado utilizando câmaras estáticas, a partir da qual foram obtidas amostras do ar em ampolas de vidro evacuado de 100 mL. N2O foi determinado por cromatografia em fase gasosa com detecção por captura de eléctrons, utilizando uma coluna Hayesp-D de 3mx3mm, recheada com 80/100 mesh. O sistema foi calibrado com os padrões obtidos a partir de uma diluição da mistura de gás de síntese padrão em ar usando uma linha de vácuo e pressão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A maior taxa de emissão média foi encontrada na floresta (10,45 μg N2O m-2 h-1), seguida pela cultura de aipim (7,6 μg N2O m-2 h-1). Nas culturas oleaginosas, a cultura de soja apresentou fluxo médio em μg N2O m-2 h-1) de 8,5, a mamona de 7,1 e o girassol de 5,53. Medidas ao longo do ciclo diurno mostraram, em todos os casos, que a emissão de N2O variava ao longo do dia, com fluxos mais altos durante as horas de maiores temperaturas. As emissões das culturas foram maiores nas entrelinhas compactadas do que nas linhas plantadas. As emissões das culturas variavam ao longo do ciclo de plantio, sendo maiores durante o plantio, imediatamente após a fertilização e semeadura.
CONCLUSÕES: Levando-se em consideração as práticas modernas agrícolas locais, bem como as diferenças no período de ciclo de plantação, as variações diurnas, as diferenças entre as linhas plantadas (onde adubação química ou semeadura da soja inoculadas) e as entrelinhas e o período de descanso sem plantação, as cargas anuais de N2O emitidas das vegetações nativas foram maiores do que as de plantações de oleaginosas em todos os casos, indicando que a substituição do diesel fóssil por agro-biodiesel tem um impacto favorável sobre o clima em relação às emissões de N2O.
AGRADECIMENTOS: FAPESB, CNPQ, CT-Petro, CAPES, FUNDAÇÃO-BA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CRUTZEN, PJ, MOSIER AR, SMITH KA, WINIWARTER W. 2008. N2O release from agro-biofuel production negates global warming reduction by replacing fossil fuels. Atmospheric Chemistry and Physics, 8: 389,395.
DOBBIE, KE; AGGART, IP; SMITH, KA. 1999. Nitrous Oxide emissions from intensive agricultural systems: Variations between crops and seasons, key driving variables, and mean emission factors. Journal of Geophysical Research 104(D21): 26.891-26.899.
SMITH, K. (Ed.). 2010. Nitrous Oxide and Climate Change. London: Earth Ltd. Dunstan House, 232 p.
WMO. 2011. The Greenhouse Gas Bulletin. Geneva: WMO on line. Disponível em http://www.wmo.int/gaw. Acesso em 12.7.2013.