Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Reciclagem do óleo de cozinha para síntese em produtos saponificados: Uma abordagem ecológica, rentável e social.
AUTORES: Torrecilhas, E.S. (IFAL) ; Neto, M.F.F. (IFAL) ; Melo, A.B.B. (IFAL) ; Silva, V.N.T. (IFAL) ; Júnior, J.C.F. (IFAL)
RESUMO: Visando a menor degradação do meio ambiente é necessário evitar a
poluição, diminuindo problemas causados pelos poluentes. Ao se realizar a
reciclagem do óleo de cozinha, um poluente muito nocivo para o ambiente, abrange-
se também um cunho social, propiciando conscientização da população e buscando
tornar rentável esta reciclagem. As melhorias no sabão são necessárias, pois sem
elas se obtém um produto de estética falha ou até mesmo de pH prejudicial à pele.
Assim sendo, fizeram-se necessários intensos testes e busca de melhorias desta
síntese, formando um sabão com superação nos resultados esperados. A partir disto
já se ministram cursos para seu ensinamento, dando prioridade inicialmente a
comunidades carentes.
PALAVRAS CHAVES: Óleo; Reciclagem; Sabão
INTRODUÇÃO: No decorrer das décadas o homem vem destruindo o meio ambiente, sendo
assim necessário obter maneiras de diminuir tais impactos, sendo que um dos
principais é o óleo comestível, que é pouco citado, mas gera poluição em todos
os ambientes da natureza, sendo assim indispensável sua reciclagem para melhoria
dos meios.
O óleo citado, tão usado na cozinha, ao sair dela se torna causador
eminente de problemas, gerando entupimento e danos nos canos através de seu
incorreto descarte (OLIVEIRA e AQUINO, 2012) e aumentando em até 45% o gasto em
tratamento de redes de esgoto (RABELO e FERREIRA, 2008). Chegando à natureza, o
óleo impermeabiliza o solo aumentando o risco de enchentes, forma películas
sobre os rios que impedem trocas gasosas, matando desta forma os seres vivos
locais, e causa o superaquecimento dos meios aquáticos, ou até retenção de
dejetos.
A poluição deste é de grande escala em meios aquáticos, pois apenas um
litro de óleo polui cerca de um milhão de litros de água, quantia essa alcançada
com o consumo semanal em uma residência (BIODIESELBR, 2008 e OPABRAZIl, 2008
apud BALDASSO, E. et al., 2010). Em contato com a água do mar, bactérias
anaeróbicas atacam o óleo, produzindo o gás metano, 25 vezes mais agressivo que
o carbono, e um dos principais causadores do efeito estufa (FEARNSIDE, 2011).
Buscando-se a utilização do óleo como base na síntese de produtos como
sabão, detergente e sabonete líquido, tomaram-se cuidados referentes à pele ao
obter um produto com pH neutro (de 7 a 8), pois ao se utilizar um produto com pH
elevado geram-se danos a mesma. Obtêm-se um produto de elevada qualidade e baixo
custo, sendo rentável ambientalmente e podendo auxiliar financeiramente diversas
famílias.
MATERIAL E MÉTODOS: Obteve-se através de testes e análises as quantidades mais apropriadas
para o preparo de produtos saponificados com consistência e pH adequados,
utilizando-se do óleo doado. Este foi sujeito à adsorção odorífica, de duração
de duas semanas e filtração para retirada de sólidos provindos de seu uso.
Às amostras de um litro de óleo adiciona-se hidróxido de sódio pesado e
dissolvido em água. Em seguida, agita-se por 20 minutos para obter se melhor
consistência e eliminar qualquer resquício de odor de óleo. No decorrer do
processo é necessário o acréscimo de ácido sulfônico para neutralização.
Ao final são necessárias 48 horas de repouso para que a mistura tome
consistência, sendo este tempo passado em ambiente sem ação direta do sol e nem
excesso de umidade. Outro cuidado é a parcial cobertura do recipiente da mistura
para repouso, pois seu total fechamento ocasionará formação de água sobre o
sabão e não proteger este acarretará acúmulo de impurezas oriundas do ar.
Para obter subprodutos, que neste caso seriam detergentes e sabonetes
líquidos, faz-se a reação de dissociação, onde se dissolve em água barras de
sabão, de antemão partidas, mantendo agitação ocasional diária em baldes
protegidos para não impregnação de impurezas. As quantidades usadas visam
produto de qualidade a baixos custos, e com estética vistosa.
Na solução formada adiciona-se lauril para melhorias em sua estética e
caracterização como detergente. Essências e corantes se tornam desta forma
opcionais ao produto. No preparo de sabonete líquido procede-se da mesma forma,
apenas aumentando a viscosidade da solução com amida.
Ao se obter produtos de boa qualidade, iniciaram-se minicursos ofertados
à população interessada, visando não só o ensinamento, mas também a
conscientização ambiental delas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O tratamento efetuado ao óleo por via da adsorção fez-se de grande
valia, por eliminar o odor desagradável que permaneceria de gordura, além de ao
filtrar possibilitou-se um produto completamente livre de impurezas. Com a
precaução efetuada ao se utilizar ácido obteve-se um pH em torno da
neutralidade, qualidade esta, muitas vezes, não alcançada pelos próprios
produtos industrializados, causadores assim de alergias em algumas pessoas. O
sabão pronto pode ser visto na figura 1.
Como a produção do detergente e do sabonete tem como base a reação de
saponificação é importante salientar que o poder de sua limpeza se dá através de
micelas, que são aglomerados esféricos de ânions carboxílicos e estão dispersos
por toda fase aquosa (SOLOMONS e FRYHLE, 2006). Elas apresentam cadeia
anfipática (polar e apolar), havendo interação da parte apolar com a sujeira e a
polar com a água.
Para a produção de detergentes e sabonetes, mostrados na figura 2,
utilizou-se da característica fundamental da dissociação que manteve quase todas
as características do produto inicial, mas sendo adicionados reagentes para
aumentar a sua viscosidade bem como as essências em proporções obtidas em
testes. Ao ser utilizado pela população recebeu grande aceitação por terem
nítido poder de limpeza, além de mostrar-se de baixo custo para produção e sendo
estes de pH neutro. Esta característica do meio foi obtida pela adição de ácido,
onde seus cátions de hidrogênio são atraídos pela solução e neutralizam as
hidroxilas presentes.
Levando se estes ensinamentos as comunidades, possibilitou se uma nova
fonte de renda para as mesmas, além da base principal do projeto, que se trata
de conscientiza-las e efetuar a reciclagem do óleo, pois apenas com a atuação
conjunta se poderá cuidar de nosso meio ambiente.
Figura 1 - Sabão a base de óleo reciclado.
Sabão sintetizado a partir do óleo de fritura
reciclado, sendo esse em características de limpeza
e produção de espuma muito semelhante ao industrial.
Figura 2 - Detergentes e sabonetes líquidos.
Detergentes e sabonetes líquidos produzidos a partir
do sabão de óleo reciclado.
CONCLUSÕES: Quando se faz a produção do sabão e de seus derivados à base de óleo de
cozinha, diminuem-se os impactos ambientais causados por seu errado descarte, já
que este é extremamente poluente na natureza. A cooperação da sociedade, atrelada
a ações como esta, possibilita não só uma natureza menos degradada como também uma
população de menor desigualdade social, além de obterem-se aprendizados químicos
em meio ao processo.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao IFAL e a Coordenação de Química. Também agradecemos aos professores
Vânia N. T. S. e Jésu C. F. J., e à PROEX por fomentar este projeto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. ALBERICI, R. M.; PONTES, F. F. F. Reciclagem De Óleo Comestível Usado Através Da Fabricação De Sabão. Em: Engenharia ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v.1, n.1, p.000-000. Jan./dez., 2004.
2. BALDASSO, E. et al. Reaproveitamento Do Óleo de Fritura Na Fabricação De Sabão. Em: Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 7, n. 1, p. 216-228. Jjan./mar. 2010.
3. FEARNSIDE, P. M. Gases De Efeito Estufa No EIA-RIMA Da Hidrelétrica De Belo Monte. 2 Estratégia De Avestruz Na Questão De “Energia Limpa”. Em: Novos Cadernos NAEA. v. 14, n. 1, p. 8-10. Jun. 2011.
4. OLIVEIRA, J. A. B.; AQUINO, K. A. S. Óleo Residual De Frituras: Impactos Ambientais, Educação e Sustentabilidade No Biodiesel e Sabão. Agost. 2012.
5. RABELO, R. A.; FERREIRA, O. M. Coleta Seletiva De Óleo Residual De Fritura Para Aproveitamento Industrial. 2008.
6. SOLOMONS, T. W. G.; FRYHLE, C. B. Química orgânica, volume 2, ed. 9, editora LTC, p. 377. 2006.