53º Congresso Brasileiro de Quimica
Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4

ÁREA: Ambiental

TÍTULO: ANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DO CULTIVO DE CAMURUPIM, MEGALOPS ATLANTICUS (VALENCIENNES 1847) NO MUNICÍPIO DE RAPOSA, ESTADO DO MARANHÃO.

AUTORES: Frazão Conceição, C.A. (CEST/UFMA) ; Borralho Frazão, F. (UEMA) ; Cutrim Furtado, J.G. (CEST) ; Castelo Branco Soares, J. (UFMA) ; Viana de Carvalho, P.A. (UFMA)

RESUMO: Objetivou-se analisar a qualidade físico-química da água do cultivo de camurupim, Megalops atlanticus, no município de Raposa-MA. Os resultados das análises foram comparados com a Resolução CONAMA 357/05. O cultivo de camurupim em sistema semi-intensivo é uma atividade recente no município, mais cresce gradativamente.

PALAVRAS CHAVES: Qualidade da Água; Piscicultura; Peixe Marinho

INTRODUÇÃO: A piscicultura marinha no município de Raposa-MA é uma atividade incipiente, praticada principalmente por pequenos produtores e com baixa produtividade. Nesta atividade se destaca o camurupim, Megalops atlanticus, também chamado de tarpão pirapema ou pema. Este peixe é uma espécie carnívora costeira com ampla distribuição no Oceano Atlântico e de ocorrência comum na pesca artesanal nos estados da região norte e nordeste do Brasil, habitando águas costeiras, estuários, lagoas marginais e desembocaduras de rios costeiros (Paixão Filho 2003; Frazão et al. 2010; Froese e Pauly, 2011). No municipio de Raposa-MA, a criação em cativeiro é feita a partir de alevinos capturados no meio ambiente e mantidos em viveiros rústicos escavados e com taludes revestidos com diversos materiais. De acordo com Frazão et al. (2011), os criadores capturam alevinos ou juvenis de camurupim nas lagoas do Carimã, localizadas no próprio município, e cultivam em viveiros, onde são alimentados com peixes, especialmente tilápias nilóticas e sardinhas. A atividade teve inicío no ano de 1989 e, segundo as informações dos entrevistados, desde esta época os criadores enfretam problemas relacionados a dificuldade de registro e legislação da atividade. A Resolução n° 237, de 19 de dezembro de 1997 (Brasil 1997), em seu Art. 2°, § 1°, institui que as atividades que fazem uso dos recursos naturais estão sujeitas ao licenciamento ambiental, dentre elas, o manejo de recursos aquáticos vivos. O objetivo do presente estudo foi analisar e caracterizar a qualidade fisico- química da água da piscicultura marinha da região através do cultivo de camurupim, Megalops atlanticus, no município de Raposa-MA apartir análises realizadas in loco.

MATERIAL E MÉTODOS: O Município de Raposa, situa-se a 40 km da cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, caracterizado, principalmente, pela presença de comunidades pesqueiras marinhas. Ademais, é recortado por rios e igarapés de águas salgadas, o que caracteriza grande diversidade de ambientes e espécies aquáticas. (FRAZÃO et al. 2010). As analises físico-químicas de água dos cultivos, onde coletaram-se amostras representativas em oito pontos distintos (pisciculturas), denominados de P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7 e P8. Essas análises foram realizadas in loco com o auxilio de um Kit Mutiparâmetro (HANNA HI 9828), para determinação do pH, Oxigênio Dissolvido (OD), sólidos totais dissolvidos (TDS), saturação de oxigênio e salinidade. Após estas etapas, realizou-se levantamento bibliográfico nas principais referências que abordavam a temática supracitada, para subsidiar e fundamentar o estudo. Todos os dados obtidos nos resultados foram compilados, tabulados e seus níveis comparados com os recomendados pela resolução CONAMA Nº 357 de março de 2005, que dispõem sobre o enquadramento de corpos hídrico de acordo com sua finalidade de uso. Os dados obtidos foram plotados em planilhas do programa Microsoft Office Excel para as distribuições absolutas, percentuais e as medidas estatísticas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os parâmetros abordados durante a pesquisa foram são salinidade, oxigênio dissolvido e saturado, pH, temperatura e sólidos totais dissolvidos (Tabela 1). De acordo com Sipaúba Tavares (1994), as variáveis físico–químicas mais apropriadas à qualificação da água de viveiros são: oxigênio dissolvido; pH; dióxido de carbono livre; alcalinidade total; dureza; condutividade elétrica; temperatura; transparência e nutrientes. Quanto ao parâmetro pH, verifica-se a conformidade com a Resolução CONAMA 357/2005, pois, águas de cultivo com valores mínimos e máximos de 6,62 a 8,76, representando águas ligeiramente ácidas a básicas, estão dentro do limite estabelecido na Resolução (6,5 a 9,0). Segundo Ceccarelli et al. (2000), o pH ótimo para o cultivo de peixes tropicais deve permanecer entre 7,0 e 8,0. Quanto aos níveis de oxigênio dissolvido, 87,5% dos pontos observaram-se valores inferiores ao estabelecido pela resolução. Isto mostra a capacidade resistente que esta espécie marinha tem em sobreviver em ambiente de baixos níveis de oxigênio. As temperaturas registradas apresentaram valores entre 29,07 ºC e 31,07°C (Tabela 1). Houve diferenças significativas entre os pontos 3 e 4. Conforme Silva (2007) relata, a temperatura influência na reprodução, sobrevivência e crescimento dos peixes, bem como na produção natural das águas do sistema de cultivo. Os valores de salinidade registrados na pesquisa variaram entre 0,18% a 15,28% Os valores encontrados na Tabela 1, indicam que os camurupins eram criados em águas doces, oligohalinas, mesoalinas e polialinas. Esta classificação das águas é vista na tabela 2.









CONCLUSÕES: Diante dos resultados, mesmo com o uso da Resolução CONAMA 357/05 durante a discussão, ressalta-se que não há uma legislação específica para os parâmetros hidrológicos do cultivo de camurupim. Bem como são poucas as literaturas bibliográficas sobre esta espécie quanto à descrição de cultivo e análises hidrológicas dos ambientes de produção. Segundo os valores dos parâmetros de qualidade da água dos viveiros observou-se a resistência desta espécie a ambiente com baixa taxa de oxigênio dissolvido/saturado; além da alta capacidade de adaptação á águas dociaquícola, estuarinas e marinha.

AGRADECIMENTOS: Universidade Federal do Maranhão (UFMA); Faculdade Santa Terezinha (CEST).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Frazão, B. F.; Ferreira, L. K. S.; Everton, F. A.; Ferreira, T. De J. P.; Barroso, H. G. 2010. Diagnóstico das espécies de peixes cultivados na Ilha de São Luís, Maranhão. In: Congresso Ciência e Vida 2010- Jornada Acadêmica do Darcy Ribeiro e II Encontro de Coordenadores e Docentes do Darcy (pp.42). São Luís: Anais do PDR, 1.

Paixão Filho, J. M. 2003. Piscicultura no Maranhão em água doce: situação atual e perspectivas de crescimento futuro. Dissertação (Mestrado em Economia)-Universidade Federal de Pernambuco, Recife. 230p.

Froese, R.; Pauly, D. Eds. 2011. Fishbase. Word Wide Eletronic Publication. 1p.

Silva, J. W. B. e. 2007. Tilápias: técnicas de cultivo – o caso de uma comunidade carente. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora. 77p.

Ceccarelli, P.S.; Senhorini, J.A.; Volpato, G. Dicas em Piscicultura. Botucatu: Santana, 2000. 247 p.

Sipauba Tavares, L.H. Limnologia Aplicada a Aqüicultura. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 70 p.