Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Ambiental
TÍTULO: Análise de parâmetros físicos e químicos da água do rio Sarapuí, no município de Duque de Caxias (RJ).
AUTORES: Jennings de Almeida, B. (IFRJ) ; Costa Ribeiro, I. (IFRJ) ; Silva Oliveira, M. (IFRJ) ; Veloso Fernandes, V. (IFRJ) ; Quitério, S.L. (IFRJ) ; Vendramel, S. (IFRJ)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar as condições físicas, químicas e a
qualidade da água do rio Sarapuí, que encontra-se assoreado e bastante poluído,
pois análises in situ indicavam deficiência de oxigênio dissolvido. O local de
estudo foi o trecho do bairro de Gramacho, município de Duque de Caxias (RJ).
Dos vinte parâmetros analisados para a determinação do nível de poluição do rio,
apenas cinco apresentaram-se de acordo com a Resolução CONAMA 357/05. Concluiu-
se, então, que o rio encontra-se em sério estado de poluição visual e da água,
trazendo grandes riscos ambientais à população local, que sofre com o descaso
das autoridades que, por sua vez, deveriam intervir não só por ser um problema
ambiental, mas por ser uma situação em que há risco para a saúde pública.
PALAVRAS CHAVES: Análise ambiental; Rio Sarapuí; Qualidade das águas
INTRODUÇÃO: A qualidade das águas é representada por características, geralmente
mensuráveis, de natureza química, física e biológica. Por ser um recurso comum a
todos, foram instituídas restrições legais de uso para sua proteção. Desta
forma, as características físicas e químicas da água devem ser mantidas dentro
de certos limites, os quais são representados por padrões, valores orientadores
da qualidade de água. A saúde ambiental de um corpo de água é afetada por ações
antrópicas, incluindo: lançamento de esgotos domésticos, compostos tóxicos
oriundos de pesticidas utilizados na agricultura e no reflorestamento, e águas
contaminadas por xenobióticos, compostos orgânicos resistentes e traços de
produtos farmacêuticos (BERNHARDT, 1990). Todos esses fatores induzem à
degradação da qualidade da água, à perda de diversidade biológica e ao
desperdício de recursos hídricos (STRAŠKRABA E TUNDISI, 2008). Os aspectos mais
graves dos poluentes referem-se às substâncias potencialmente tóxicas, oriundas
de processos industriais, que contaminam os corpos hídricos em limites maiores
que sua resiliência. A poluição nos rios resulta em sérios problemas de
qualidade da água, que demandam investigações e investimentos para sua
recuperação. O Rio Sarapuí (Figura 1), foco do projeto, que nasce no bairro de
Bangu e corta a Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, sofre continuamente com a
poluição. Diariamente há despejo de lixo e efluentes industriais e domésticos,
prejudicando a saúde da população local. Estudos feitos pelo Laboratório de
Engenharia Sanitária da UERJ no Rio Sarapuí apontaram níveis que variam de 2,9
mg L-1 a 0,8 mg L-1 de oxigênio dissolvido. O presente trabalho determinou o
nível de poluição do rio em seu ponto mais crítico, onde havia emissões de
metano.
MATERIAL E MÉTODOS: A coleta da amostra foi realizada em apenas um ponto do rio Sarapuí, em Janeiro
de 2013. Foram utilizados 2 recipientes de capacidade de 10 L e 3 garrafas de
politereftalato de etileno de 2 L previamente descontaminados com ácido nítrico
10%. As amostras foram levadas para o laboratório de Meio Ambiente (IFRJ – Rio
de Janeiro). Análises de potencial hidrogeniônico e oxigênio dissolvido foram
feitas “in situ” com o auxílio de sonda multiparâmetro (Modelo multi HQ40d –
HACH). Uma das garrafas de politereftalato foi acidificada até pH próximo de 2,
para conservação das amostras e posterior análise dos seguintes parâmetros
físico-químicos: turbidez, salinidade, condutividade, sólidos totais
dissolvidos, demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio
(DQO), carbono orgânico total (COT) e metais traço (chumbo, cádmio e cobre). Os
metais foram analisados seguindo a metodologia EPA IO 3.2, e para as análises
dos parâmetros físico-químicas seguiu-se métodos propostos pela APHA (2005).
Para as correção de pH e determinação de turbidez, foram utilizados
respectivamente: pHmetro - MM340 sensION+ - HACH e o turbidímetro - 2100N
Turbidimeter – HACH e para análise de COT, um TOC - Analitikjena - Multi N/C
2100 S. O espectrofotômetro utilizado para as análises de DQO foi o
Espectrofotômetro - DR5000 da HACH e para análise de metais traço, o
espectrômetro de absorção atômica AANALYST 100 - Perkin Elmer.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a Resolução CONAMA 357/2005, pode-se observar que alguns
parâmetros estão dentro das conformidades (pH, turbidez e sólidos dissolvidos) e
outros não (OD, DBO e concentração de Pb). Dos vinte parâmetros analisados
somente oito estão presentes na resolução. O valor de DBO e DQO encontrados
indicam que há uma grande quantidade de matéria orgânica na água, o que mostra
que a taxa de OD é muito baixa, não tendo tanto oxigênio disponível na água, o
que é prejudicial ao sistema. Outro ponto negativo é a concentração de chumbo
acima do permitido. O chumbo se bioacumula e biomagnifica ao longo da cadeia
trazendo transtornos ao ambiente e, se entrar em contato com os humanos, pode
causar sérias doenças. Pode-se constatar que o nível de recalcitrância (DQO/DBO)
da amostra está alto (1,94), o que indica que pode haver lançamento de efluentes
industriais no corpo hídrico e a concentração de recalcitrantes está alta,
incrementando também o valor da DQO. O valor encontrado para o COT também indica
uma alta taxa de matéria orgânica. A condutividade é útil para medir a
quantidade de contaminantes iônicos existentes na água, porque determinam
indiretamente os sólidos totais dissolvidos. Na Tabela 1 são apresentados os
resultados obtidos bem como os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA
357/2005 para comparação.
Figura 1
Local do ponto de coleta, no trecho de Gramacho,
município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense –
RJ.
Tabela 1
Resultados obtidos na análise da água do Rio Sarapuí
e os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA
357/2005.
CONCLUSÕES: Os resultados mostraram que pH, turbidez e sólidos dissolvidos estão dentro dos
valores permitidos pela Resolução, o que não ocorre com os valores de OD e DBO,
caracterizando um alto teor de matéria orgânica. Entre os metais traço, o chumbo
(Pb) está dez vezes acima do limite permitido para águas de classe II, podendo
causar efeitos adversos à saúde humana. A fim de reduzir o lançamento de efluentes
(industriais e domésticos) no Rio Sarapuí seria ideal a implementação de programas
de educação ambiental para conscientização da população, bem como a necessidade de
saneamento básico.
AGRADECIMENTOS: Ao IFRJ e aos bolsistas do laboratório, bem como aos moradores que ajudaram na
coleta da água.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] BERNHARDT, H. 1990. Control of reservoir water quality. In: Hahn, H.H. and Klute, R. (eds) Chemical water and wastewater treatment. Springer, Berlin.
[2] BRASIL. Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação de corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 53, 18 de março de 2005.
[3] STRAŠKRABA, M. e Tundisi, J.G. (orgs). 2008. 2ed. Diretrizes para o gerenciamento de lagos: gerenciamento da qualidade da á1gua de represas. Instituto Internacional de Ecologia, São Carlos, vol. 9, 300 p.