Realizado no Rio de Janeiro/RJ, de 14 a 18 de Outubro de 2013.
ISBN: 978-85-85905-06-4
ÁREA: Química Analítica
TÍTULO: Otimização da coleta de resíduos de disparo de arma de fogo frente ao teor de Sb
AUTORES: Acevedo, M.S. (UFU) ; Neri, T.S. (UFU) ; Carvalho, D.C. (UFU) ; Batista, M.F. (UFU) ; Coelho, N.M.M. (UFU)
RESUMO: Técnicas modernas na ciência forense têm sido usadas para identificar suspeitos em cenas de crime. O objetivo do trabalho foi investigar qual a região da mão que tem maior teor de Sb, após um individuo realizar disparos de arma de fogo. A coleta foi realizada pelo método do esfregaço, com bastões de algodão embebidos em HNO3 5% (v/v). Para a quantificação de Sb, houve abertura em ultrasom e as leituras foram realizadas em HG-AAS. Foram avaliadas três partes da mão de cada indivíduo (palma, o dorso e a região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça-Dorsal) dos dedos polegar e indicador). Após a coleta, preparo e quantificação de Sb, observou-se notáveis diferenças entre as regiões de coleta, sendo que a região dorsal da mão apresentou maior teor de Sb.
PALAVRAS CHAVES: Resíduo de disparo arma; Geração de hidreto; Antimônio
INTRODUÇÃO: A violência derivada de crimes envolvendo armas de fogo representa uma das principais preocupações da sociedade (Sharks et al., 2007). O antimônio pode ser encontrado na produção de pequenas armas de fogo e projeteis. Quando há o disparo da arma de fogo, é liberado vário resíduo tanto sólido proveniente do projétil da detonação da mistura iniciadora e da pólvora, quanto produto gasoso: monóxido e dióxido de carbono, vapor d’água, óxidos de nitrogênio e outros. Em meio a estes resíduos sólidos encontram-se partículas constituídas pelo antimônio, bário e chumbo (Romolo et al., 2001). Esses resíduos sólidos concentram-se dentro do cano, ao redor do tambor e da câmara de percussão da própria arma, mas também são expelidos, atingindo mãos, pernas, peito e também região onde aconteceu o disparo. Assim, o trabalho tem como objetivo determinar qual a região da mão que tem maior teor de Sb, após um indivíduo realizar disparos de arma de fogo, mediante quantificação de antimônio (Sb) por Espectrômetro de Absorção Atômica com Chama acoplada ao Gerador de Hidretos (HG-AAS).
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram obtidas por meio de voluntários que se submeteram às sessões de tiros, executadas na Policia Civil Seção Técnica Regional de Criminalística da Polícia Civil de Uberlândia, utilizando-se armas de calibre 38 das marcas Taurus e Rossi (provenientes de apreensões da própria polícia), além de cartuchos íntegros de marca CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) 38SPL LRN. A coleta foi realizada nas mãos dos atiradores por meio da técnica de esfregaço, utilizando-se bastões de algodão embebidos em solução de HNO3 5% (v/v) (Sarkis et al. 2007). Aplicou-se a solução ácida em quatro regiões distintas da mão, abrangendo a palma, o dorso e a região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça-Dorsal) dos dedos polegar e indicador, ver Fig. 1 (Reis et al., 2005). A digestão das amostras foi realizada em ultrassom, adicionando ao bastão de algodão, 10,00 mL de HNO3 concentrado. Após a abertura das amostras o volume foi completado para 25,00 mL. As leituras foram realizadas em HG-AAS, previamente otimizadas, em λ = 217,6 nm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O valores otimizados para o GH-AAS foram: LD de 0,0214 µg.L-1 , LQ de 0,0715 µg.L-1, faixa linear foi de 0,08-40,0 µg.L-1 e o R=0,9903. As melhores concentrações do sistema de geração de hidreto foram: NaBH4 a 0,4% (m/v) preparado em NaOH 5% (m/v); HCl 5,0% (v/v). Para determinação do Sb total foram testados os pré-redutores: KI, L-cisteina e tioureia; sendo que o melhor foi a L-cisteina a 2% (m/v) em contato com a amostra por 1h. A metodologia de coleta proposta para a recuperação de resíduos de disparos se mostrou de fácil execução. A região palmar (Pinça-Palmar) e dorsal (Pinça-Dorsal) dos dedos polegar e indicador foram as que apresentaram maiores teores de Sb, 9,93 e 12,3 µg.L-1, respectivamente. Entretanto, as outras regiões analisadas também apresentaram média de teores de Sb, 2,98 µg.L-1 na palma e 1,09 µg.L-1no dorso. A dispersão observada nesta região específica da mão poderia possivelmente ser explicada pelo fato de ser uma região onde o depósito de resíduos seja menor, acarretando também uma menor recuperação [4]. A comparação entre os dados apontam, portanto, para todas as regiões da mão (com algumas ressalvas para a área dorsal) como locais mais adequados para se proceder à coleta e identificação dos resíduos, conforme o método proposto.
Figura 1 regiões da mão
Figura 1: Regiões da mão onde foram coletadas as amostras nos voluntários.
CONCLUSÕES: A metodologia proposta foi eficiente, simples e rápida na coleta e determinação de Sb. Os resultados mostraram que é evidente que regiões ao redor dos dedos polegar e indicador constituem-se em regiões mais prováveis para se efetuar uma coleta mais eficiente.
AGRADECIMENTOS: CNPq, a FAPEMIG e a CAPES.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Romolo, F.S., Margot, P. Forensic Science International. 119, 195-211, 2001.
Sarkis, J.E.S., Neto, O.N., Viebig, S., Durrant, S.F. Forensic Science International, 172, 66-69, 2007.
Reis, J. E. S. S., Rodrigues, C., Neto, O. N., Viebig, S. E. L. T. Revista Analytica, 15, 2005